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Diretor do Ciesp defende abertura dos comércios

O Ciesp de Campinas avalia que, como a paralisação total das atividades imposta pela quarentena, não evitou a disseminação da Covid-19

Daniel de Camargo
24/06/2020 às 08:14.
Atualizado em 28/03/2022 às 22:46
Pesquisa do Ciesp-Campinas apontou que 37% dos associados tiveram ao menos 50% de queda nas vendas (Divulgação)

Pesquisa do Ciesp-Campinas apontou que 37% dos associados tiveram ao menos 50% de queda nas vendas (Divulgação)

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas avalia que, como a paralisação total das atividades imposta pela quarentena — medida que permitiu apenas o funcionamento de estabelecimentos essenciais nos últimos meses — não evitou a disseminação da Covid-19, não há motivo para a manutenção do comércio fechado.  Diretor da entidade, José Nunes Filho pede a permanência da reclusão social apenas para idosos e grupos de risco — o isolamento vertical, defendido desde o início da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em sua opinião, a economia não deve ser ainda mais prejudicada. Enfatiza que a abertura não deve ocorrer de forma desregrada, mas com protocolos rígidos que assegurem a obediência às orientações da Saúde. Nesse contexto, critica a restrição de horário de funcionamento adotada na semana passada em muitas cidades, inclusive Campinas. “Abrindo só quatro horas vai gerar aglomeração porque todos vão no mesmo horário. São medidas mal pensadas”, criticou. Nunes afirma que, hoje, há plena consciência de que o cenário vai perdurar por muito tempo e só será modificado mediante a descoberta de uma vacina. “Esse abre e fecha não resolve. Porém, mantém a crise financeira e não impede que, periodicamente, ocorra picos no número de casos confirmados ou mortes pela doença”, detalhou. Evitar que a pessoa vá trabalhar, comenta, não garante que ela permaneça em casa. Em sua opinião, a pandemia evidenciou, no Brasil, um total despreparo por parte dos governantes. Lembrou que, no início do ano, quando já se temia a chegada do vírus no País, o Carnaval aconteceu normalmente. Indústria O diretor do Ciesp-Campinas explicou que, apesar da indústria estar liberada para funcionar, está sendo muito afetada pelos desdobramentos da pandemia. De acordo com dados divulgados ontem, quase 80% dos associados informaram que já tiveram queda na demanda, 49,12% registraram redução na produção e 16% precisaram realizar demissões. Nunes projeta que uma grande onda de desemprego pode ocorrer quando se findarem os auxílios do governo federal, que têm ajudado as empresas a pagarem parte dos salários. “A demissão é rápida, mas a recuperação de um posto de trabalho é lenta”, destacou. Para ele, o número de desempregados no Brasil, atualmente em quase 13 milhões, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), vai saltar para 17 milhões depois da pandemia. A última pesquisa do Ciesp-Campinas apontou ainda que cerca de 37% dos associados assinalaram queda de, pelo menos, 50% nas vendas de maio. Em alguns casos, a redução chegou a 70%. Outros 9% responderam que não efetuaram vendas no mês passado. O Ciesp-Campinas conta com 494 empresas associadas.

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