CCLA anuncia que vai digitalizar as obras do compositor campineiro e disponibilizá-las na internet
Orquestra do Conservatório Carlos Gomes apresentou-se ontem, durante homenagem prestada ao maestro em frente ao monumento-túmulo (Elcio Alves/AAN )
O Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (CCLA) vai digitalizar e disponibilizar na internet as obras do maestro campineiro Carlos Gomes. A previsão é que o trabalho seja iniciado ainda este mês. A instituição obteve verba de R$ 18,7 mil do Fundo de Incentivo à Cultura do governo municipal para a aquisição de equipamentos, mas ainda busca recursos para a construção de uma nova sede para abrigar o acervo do compositor e outras relíquias, como documentos do ex-presidente Campos Sales. Recentemente, o centro foi invadido por bandidos e importantes documentos foram levados. Nenhuma peça foi localizada até o momento. Um sistema eletrônico de segurança está sendo instalado, mas a direção do órgão acredita que o problema só será resolvido com o novo espaço. O CCLA tem o terreno e pretende conseguir R$ 10 milhões em doações da iniciativa privada, por meio da Lei Rouanet. O projeto passa por renovação de alvará de autorização de construção na Prefeitura de Campinas.Ontem, foi realizada uma homenagem a Carlos Gomes em frente ao monumento-túmulo, na Praça Bento Quirino, região central de Campinas. Houve apresentações da fanfarra da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Leão Vallerie, da orquestra do Conservatório Carlos Gomes e de cantores líricos. Também foram colocados arranjos de flores (corbeilles) no monumento.O presidente do CCLA, Marino Ziggiatti, afirmou que há um acervo com mais de três mil peças originais de Carlos Gomes no museu. “As obras serão digitalizadas e disponibilizadas na internet. Músicos, pesquisadores e apreciadores de música erudita do mundo inteiro terão acesso ao material”, contou. O objetivo é preservar as peças do maestro e garantir que mais pessoas conheçam as suas obras.Ziggiatti disse que o projeto da nova sede ainda não tem prazo para sair do papel. “Recebemos uma doação do terreno durante o segundo governo do prefeito Magalhães Teixeira (1993-1996) e estamos buscando recursos para realizar a obra. Durante muitos anos, tivemos dificuldades para conseguir a aprovação do projeto no Ministério da Cultura para captar recursos por meio da Lei Rouanet. Como venceu o alvará da Prefeitura, estamos renovando o documento para podermos acessar os benefícios da lei federal. Já temos empresas interessadas em ajudar”, informou.Para o presidente da Associação Brasileira Carlos Gomes de Artistas Líricos (Abal), Alcides Acosta, a digitalização das peças do maestro campineiro será fundamental para ampliar sua execução. “Outros compositores importantes do mesmo período têm suas obras exibidas com mais frequência em todo mundo. O acesso às partituras do maestro é difícil e acaba sendo um complicador para a difusão de seu trabalho”, analisou. ApoioO secretário municipal de Cultura, Ney Carrasco, afirmou que o poder público incentiva as empresas a ajudarem o CCLA. “Estou dialogando com empresários sobre a necessidade de auxiliar na construção da nova sede. O governo municipal não pode fazer doações, mas damos apoio ao centro. Também não podemos colocar segurança pública no local, que é privado”, disse. Ele acrescentou que os esforços públicos são feitos para garantir a preservação dos acervos e da biblioteca do instituto.O presidente do centro adiantou que pretende estreitar o diálogo com a Prefeitura, para que a Administração dê mais apoio à instituição. “Vamos dialogar para chegarmos a um entendimento que permita a preservação da história de Campinas”, disse.