Massa asfáltica deveria durar até janeiro, mas acabou em setembro; só 4 equipes fazem serviço
Falta de manutenção na Cidade Universitária provoca críticas; redução no número de reparos chega a 75% (Rodrigo Zanotto/Especial para a AAN)
O motorista Américo de Oliveira Pereira, de 54 anos, é uma das centenas de vítimas da má gestão pública em Campinas. Há poucos dias, Pereira teve de trocar a roda do carro do filho depois de cair em um buraco num dia de chuva. O passeio com o netinho de 10 anos ficou caro. “Estava chovendo muito e o buraco encheu de água. Eu não vi e acabei caindo nele. Sorte que eu estava bem devagar, senão poderia ter acontecido alguma coisa pior”, disse. Hoje, Campinas tem apenas quatro equipes disponibilizadas em caráter emergencial pela Prefeitura de Campinas realizando a Operação Tapa-Buraco. Desde setembro, quando terminou o contrato firmado com as duas empresas que mantinham 11 equipes de operação nas ruas da cidade e forneciam a massa asfáltica para os reparos, as ações andam a passos de tartaruga. Segundo a licitação realizada em 2012, as duas empresas forneceram 11,5 mil toneladas de massa asfáltica, quantidade que deveria ser suficiente para os serviços realizados entre fevereiro deste ano e fevereiro de 2014, mas o material acabou em setembro. Com isso, dos cerca de 20 mil buracos que eram tapados mensalmente, apenas 5 mil têm sido reparados no mesmo período, o que representa uma redução de 75% no número de buracos fechados na cidade. Para tentar amenizar o problema, as quatro equipes da Prefeitura e uma empresa para o fornecimento do material foram acionadas em caráter emergencial. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Serviços Públicos, 160 mil buracos foram fechados na cidade desde o início do ano. As prioridades são os corredores de tráfego e os itinerários de ônibus. Segundo a pasta, agora, é preciso esperar o pregão eletrônico, que está marcado para a próxima quarta-feira, 16, para que os serviços voltem ao normal. O novo contrato prevê 20 equipes simultaneamente na rua e 40 mil toneladas de massa asfáltica. A previsão é de que essas equipes comecem a trabalhar até o fim deste mês. Além disso, o órgão informou que já foi feito um mapeamento em toda a cidade para checar os locais mais críticos. Os trabalhos começarão pelos corredores de tráfego e itinerários de ônibus, e depois se estenderão por toda a cidade. Enquanto isso, a cidade sofre com buracos e a perspectiva de chegada do período das chuvas obrigam os motoristas a ficarem cada vez mais alertas nas ruas para não se tornarem vítimas da má gestão pública.“É um absurdo. Em algumas ruas, é tanto buraco que não tem para onde fugir. O problema é que numa dessas você desvia do buraco e pode acabar batendo no carro do lado”, disse o marceneiro Valdeci Rodrigues. Um dos locais mais críticos, além dos bairros periféricos, é a região da Cidade Universitária, que inclusive registrou reclamações de moradores indignados com a situação das ruas. Em algumas delas, o conserto ficou pela metade. “Não temos mais opção, não adianta nem mudar o caminho porque todas as ruas estão com o asfalto destruído. Não tem uma rua em boas condições de circulação no bairro. Somente as avenidas estão em melhores condições. Espero que essa licitação saia logo para melhorar essa situação”, disse o advogado José Luiz Arruda Toledo, que mora na rua Doutor Shigeo Mori, umas das mais prejudicadas.