ALAGAMENTO INÉDITO

Descaso da A.Yoshii e Tegra causa inundação do Laurão em Campinas

Prefeitura notifica empresas por falha que provocou situação nunca vista antes

Rodrigo Piomonte
19/01/2023 às 08:45.
Atualizado em 19/01/2023 às 08:45
Por causa de ações irregulares cometidas por duas construtoras, o Viaduto Laurão ficou alagado na tarde de terça-feira (Arquivo Pessoal)

Por causa de ações irregulares cometidas por duas construtoras, o Viaduto Laurão ficou alagado na tarde de terça-feira (Arquivo Pessoal)

O descaso das construtoras A.Yoshii e Tegra - responsáveis pela construção de edifícios residenciais nas imediações da Avenida Dr. Moraes Sales no Centro de Campinas - por pouco não provocou uma tragédia durante o temporal que atingiu a cidade na tarde de terça-feira. O manejo irregular de entulhos e terra agravou os efeitos da inundação e culminou com o alagamento inédito do Viaduto São Paulo, popularmente conhecido como "Laurão". Em decorrência do acúmulo de água que transformou o viaduto numa "piscina", o trânsito foi interrompido por pelo menos duas horas e, por sorte, não houve vítimas. A Prefeitura notificou as duas companhias por terem transgredido o Código Municipal de Obras no que se refere ao recolhimento de sedimentos sólidos movimentados durante os trabalhos de construção dos prédios.

Sem uma barreira de tapume adequada nas obras, os detritos foram levados pela enxurrada, provocando o entupimento do sistema que serve para escoar a água nas vias públicas, causando o alagamento do 'Laurão'. O ineditismo da situação gerou estranheza e espanto das pessoas que costumam passar pelo local. Elas ficaram impressionadas com a cena e com o perigo que a situação representou para as pessoas, já que por baixo do viaduto existe também um forte tráfego de veículos.

O cenário de uma "piscina" de água barrenta encobrindo toda a extensão do elevado contrastou com o que normalmente é visto no local nos horários de pico: pontos de lentidão e congestionamento. Com a chuva forte e o sistema de escoamento entupido por conta do descaso das construtoras, a água chegou a atingir o limite da mureta, quase transbordando. A cena, gravada por câmeras de celulares de moradores vizinhos e motoristas surpresos com a situação, 'viralizou' nas redes sociais e deu a dimensão da quantidade de chuva que caiu de forma localizada na cidade. 

O fato alarmou as autoridades municipais que, imediatamente, buscaram identificar o que teria provocado a cena inédita. Uma equipe da Secretaria de Serviços Públicos vistoriou terça-feira (17) o local e confirmou que o alagamento teria sido provocado pelo deslocamento de terra e entulhos dos empreendimentos que estão sendo realizados pelas duas construtoras na Avenida Moraes Sales. O secretário Ernesto Dimas Paulella esteve no local e constatou que o alagamento ocorreu pelo acúmulo de detritos que entupiram os tubos de escoamento de água. Felizmente durante a chuva não houve situações de veículos presos na enchente em cima do viaduto.

O fato foi reportado em reunião emergencial realizada na terça-feira (17) ao prefeito Dário Saadi (Republicanos) que cobrou providências imediatas. A companhia A.Yoshii Engenharia, que mantém empreendimento na região do bairro Nova Campinas, e a Tegra Incorporadora, na região da avenida Dr. Moraes Sales, foram notificadas na quarta-feira (18) pela Prefeitura e intimadas a fazer a limpeza de toda a rua, além de fechar os canteiros de obras com tapumes, para que a terra não escorra mais para as vias públicas

A Secretaria de Planejamento e Urbanismo também fiscalizou o local e informou que o monitoramento continuará sendo feito. Conforme previsto no Código de Obras, a multa e embargo somente são aplicados em caso de descumprimento da notificação, explica a Prefeitura. Fiscais da Secretaria de Planejamento e Urbanismo constataram na quarta-feira que a limpeza da rua já estava sendo feita e as obras já tinham sido fechadas com tapumes.

Mais tempestade de quarta

O fim da tarde de quarta-feira reservou mais uma tempestade para os campineiros, em um horário de bastante fluxo. Foram registradas 23 ocorrências pela Defesa Civil até às 17h40. De acordo com o balanço divulgado pela Administração, a maioria foi queda de árvores e a região mais atingida foi a Noroeste, com a precipitação pluviométrica atingindo 35mm em menos de uma hora. 

A Prefeitura também atualizou o número de ocorrências causadas pela tempestade de terça-feira. Mais 61 ocorrências foram contabilizadas ampliando para 196 as consequências de na terça-feira (17). 

A Defesa Civil do Estado aponta para o risco de tempestade se repetirem em Campinas até amanhã. Segundo o meteorologista Bruno Kabke Bainy, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os modelos de clima apontam para a possibilidade dos temporais atingirem a cidades pelos próximos 15 dias. 

As chuvas intensas estão sendo provocadas pela grande entrada de umidade vinda do Oceano Atlântico, o que possibilita a formação de nuvens. Esse sistema continuará atuando até o final de semana. Depois, a umidade passará a vir da região amazônica, mantendo o clima instável.

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