greve

Desbloqueio 'devolve' combustíveis

Ato na Replan, maior refinaria do País, é desmobilizado por decisão de caminhoneiros autônomos

Alenita Ramirez
31/05/2018 às 09:29.
Atualizado em 28/04/2022 às 10:40
Caminhoneiro faz sinal de positivo ao deixar a refinaria de Paulínia em direção a um posto de combustível: aos poucos, vida voltando ao normal  (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Caminhoneiro faz sinal de positivo ao deixar a refinaria de Paulínia em direção a um posto de combustível: aos poucos, vida voltando ao normal (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)

Os cerca de 300 caminhoneiros que bloqueavam o acesso à Replan, maior refinaria do País, decidiram se retirar ontem, após assembleia. A decisão permitiu que dezenas de caminhões-tanque pudessem abastecer postos de combustíveis na região de Campinas, melhorando o cenário de caos dos últimos dias e garantindo mais opções aos desesperados motoristas, que vagavam a cidade inteira em busca de gasolina, etanol, diesel ou gás de cozinha. Alexandre Patrício, conhecido como “Mão Branca”, uma das lideranças do grupo que sitiava a Replan, afirmou que anunciava o fim da mobilização “decepcionado”. Ele salientou que o desbloqueio na refinaria era decorrência da determinação do representante nacional do movimento, Wallace Landim, o “Chorão”. Na manhã de ontem, “Chorão” divulgou um vídeo nas redes sociais, afirmando que o governo havia se negado a dialogar. Em razão disso, salientou o líder dos caminhoneiros autônomos, pediu para que os “companheiros” seguissem adiante e descarregassem seus caminhões. “Aqui estão apenas os guerreiros. Vamos fazer uma despedida antes de deixar esse local. A gente conseguiu o que queria, mas nossa luta era geral, para a população também”, comentou “Mão Branca”, um dos representantes dos caminhoneiros em greve perto da Replan. O grupo se concentrou ao longo do movimento no Pátio Paulo Centro, no lado oposto da refinaria, às margens da Rodovia Zeferino Vaz, que liga Campinas a Paulínia. Apesar do anúncio de desmobilização ter sido feito por volta do meio-dia, o grupo disse que só deixaria o pátio por volta das 20h de ontem. Esse horário foi estabelecido para que houvesse um ato simbólico. A reportagem do Correio voltou ao local na parte da tarde e constatou que o movimento estava praticamente desmobilizado. “Respiro” Desde anteontem, após o acordo feito entre os caminhoneiros e o Batalhão de Ações Especiais (Baep) para a liberação de carretas de combustível da Replan, a quantidade de caminhões parados no local vinha diminuindo. A liberação das carretas tinha o objetivo de abastecer postos de combustível para venda direta ao consumidor na região de Campinas, situação que ofereceu um pequeno “respiro” aos motoristas.. A Polícia Militar (PM) e o Exército deram apoio às carretas destinadas ao abastecimento de serviços essenciais e também para as empresas que haviam conseguido liminar na Justiça. De acordo com a polícia, ontem de manhã, um comboio com dez caminhões abastecidos com gás de cozinha deixou a refinaria em direção a Campinas onde as distribuidoras sofrem com o desabastecimento. Elas deixaram o local sem escolta policial. Ao longo da manhã também diversos comboios de caminhões-tanques deixaram o local, escoltados por viaturas da PM. Análise Apesar de ser contra o fim do protesto, “Mão Branca” considerou que o movimento não foi um fracasso, mas mostrou sua força. “Infelizmente a população não colaborou e vai continuar pagando caro por isso. De hoje em diante não vamos apoiar mais ninguém”, falou. Antes da divulgação do vídeo de “Chorão”, diversos caminhoneiros que se apresentam como autônomos garantiram que seguiriam no protesto. “Eu cheguei aqui há oito dias e seguiria pelo tempo que fosse necessário. Deixei família, tudo para trás para fortalecer o movimento. Infelizmente as pessoas não aderiram”, disse uma caminhoneira que preferiu não ser identificada.

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