FORÇA-TAREFA

Dérbi terá segurança reforçada para evitar confronto de torcidas

Polícia, GM e Emdec ampliaram seus efetivos para hoje

17/09/2021 às 09:43.
Atualizado em 24/03/2022 às 23:19
O policiamento nas imediações dos estádios Moisés Lucarelli, palco da partida, e do Brinco de Ouro, localizado a poucos metros, foi reforçado desde ontem: objetivo das forças de segurança é adotar medidas que evitem o encontro e o eventual conflito entre as torcidas de Ponte Preta e Guarani (Diogo Zacarias)

O policiamento nas imediações dos estádios Moisés Lucarelli, palco da partida, e do Brinco de Ouro, localizado a poucos metros, foi reforçado desde ontem: objetivo das forças de segurança é adotar medidas que evitem o encontro e o eventual conflito entre as torcidas de Ponte Preta e Guarani (Diogo Zacarias)

O Dérbi campineiro de hoje será realizado mais uma vez com portões fechados, em virtude da pandemia da covid-19, mas contará com um forte esquema de segurança para evitar um possível confronto entre pontepretanos e bugrinos, como o que ocorreu na noite da última quarta-feira, dois dias antes da partida desta sexta-feira. Marcado para começar às 21h30, pela 24ª rodada da Série B, no estádio Moisés Lucarelli, a partida de futebol, mesmo sem a presença de público nas arquibancadas, pode ser o estopim para mais uma noite de embates entre os integrantes das torcidas rivais. Palco de constantes cenas de confusão, a Avenida Ayrton Senna, que liga os dois estádios, recebeu reforço da ronda policial desde o início da semana.

Diante da histórica rivalidade entre as equipes campineiras, o 1ª Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) realizou uma reunião preparatória, na última terça-feira, com todos os órgãos envolvidos no evento, como Ponte Preta, Guarani, Federação Paulista de Futebol, Guarda Municipal e Emdec. O batalhão informou, em nota, que o monitoramento das torcidas está em andamento há algum tempo, já que, segundo a instituição, "é de conhecimento público que confrontos entre torcedores estão acontecendo dias antes da partida". Para prevenir o problema, hoje, a Polícia Militar vai reforçar o patrulhamento, a partir das 18h nas proximidades dos estádios e em locais estratégicos.

Esse será o primeiro clássico sem restrições para o comércio. Assim, para evitar possíveis prejuízos, alguns estabelecimentos comerciais da região optaram também por recorrer à segurança privada. "É preciso ter mais atenção em um dia como esse, principalmente por estarmos literalmente no meio do caminho entre os dois estádios", contou o proprietário de uma pastelaria, instalado na Ayrton Senna, que preferiu não se identificar.

Por se tratar de uma área movimentada, a Secretaria de Transportes (Setransp) e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) vão bloquear, a partir das 18h, oito pontos para o tráfego de veículos, visando à segurança dos condutores, torcedores e trabalhadores envolvidos no jogo. Segundo a Emdec, as interdições ocorrerão nos acessos à Rua Cásper Líbero, pelas vias Afonso Pena, Frei José de Monte Carmelo, Salvador Caruso e Fernando Costa. O trânsito será impedido também no cruzamento da Rua Capitão Pedro de Alcântara com a Rua Luzitana, além do entroncamento das ruas Fernando Costa com a Thomaz Ortale. A liberação das vias deve acontecer por volta da meia-noite e a operação vai contar com equipes da Mobilidade Urbana.

Com o objetivo de cooperar com o trabalho da Polícia Militar, a Guarda Municipal de Campinas preparou um plano estratégico para o clássico. A partir das 17h30, haverá um reforço no efetivo de homens e viaturas no entorno dos estádios e próximo aos terminais e corredores de ônibus. Por motivos de segurança e estratégia, segundo a corporação, o total de guardas e veículos envolvidos na operação não será divulgado. Além da presença pelas ruas e avenidas de Campinas, o órgão municipal de segurança está acompanhando há algumas semanas, redes sociais e a movimentação de torcidas organizadas dos dois times para evitar eventuais brigas, previamente marcadas, e possíveis aglomerações.

Aguardado por ambas as torcidas, o dérbi entre Ponte Preta e Guarani carrega uma extensa rivalidade que, por vezes, acaba gerando episódios lamentáveis. Em março de 2012, por exemplo, um confronto entre os torcedores na Avenida Ayrton Senna - após a realização do jogo das categorias de base, no Brinco de Ouro, em plena segunda-feira -, resultou na morte do bugrino Anderson Ferreira, na época com 28 anos, que sofreu traumatismo craniano. Seis anos depois, em 2018, horas antes de um clássico na "casa" do Guarani, o pontepretano Leonardo Bernardes, de 18 anos, foi morto, após ser baleado durante uma briga entre as duas facções no bairro São Bernardo, em Campinas.

A movimentação em torno dos dois estádios foi intensa durante todo o dia de ontem. Em frente ao Moisés Lucarelli, alguns torcedores alvinegros promoveram churrascos coletivos e rodas de samba. Houve ainda uma conversa de alguns representantes de torcidas organizadas com o elenco pontepretano. Do outro lado da avenida, bugrinos se reuniram em frente ao Brinco de Ouro da Princesa para dar o último apoio ao time na saída da delegação alviverde rumo ao hotel, onde ficarão concentrados até poucas horas antes da partida.

Com a intenção de marcar presença e avisar a torcida rival, os torcedores deflagram esporadicamente fogos de artifício e rojões. Ou seja, quando um lado solta um foguete, o outro responde da mesma maneira. A situação perdurou durante todo o dia de ontem.

Para o pontepretano Pedro Lino, que se revelou ansioso com o dérbi, muitos torcedores tiveram que buscar alternativas diferentes para demonstrar apoio ou assistir ao jogo. "Vamos reunir algumas pessoas e prestar o último apoio na saída do time do hotel, é uma maneira de fazer parte do clássico", destacou. Antes da pandemia do novo coronavírus, segundo historiadores do clássico, nenhum outro dérbi havia acontecido sem a presença do público no estádio. Entretanto, este será o sexto clássico com portões fechados.

Larissa Brunharo Grego compareceu ao Estádio Brinco de Ouro da Princesa com toda a família para acompanhar a saída da delegação para o hotel. "Estou muito ansiosa com o Dérbi e confiante com a vitória do Guarani, por isso, quis dar o último apoio com a família, já que não vou poder ir ao estádio", destacou. A situação para as torcidas não é incomum, já que desde 2018, apenas a torcida mandante podia assistir ao jogo nas arquibancadas, por conta de uma determinação do Ministério Público relacionada a situações de violência em dérbis e contra os times da capital.

Hoje, torcedores dos dois times planejam realizar uma festa em frente aos hotéis onde as delegações estão hospedadas. A Ponte Preta, que não perde para o rival em casa há 12 anos, busca a vitória no dérbi para se distanciar da zona do rebaixamento. Já o Guarani, que vem embalado na competição, quer conquistar os três pontos e se aproximar ainda mais do G4.

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