Dérbi começa com morte de jovem

O que deveria ser um confronto esportivo se transformou em guerra de torcidas, que resultou em uma morte e em um ferido mesmo antes do início do dérbi campineiro. Pela primeira vez na história, o clássico foi realizado com torcida única, por determinação do Ministério Público. Mesmo assim, as cenas de violência se espalharam pela cidade, até em bairros distantes ao Brinco de Ouro. Sábado, por volta do meio-dia, torcedores de Guarani e Ponte Preta se envolveram em uma briga com paus e pedras nas imediações da Emef Geny Rodrigues, no bairro São Bernardo. Havia até manchas de sangue na Rua Minas Gerais. Minutos depois, um grupo da Torcida Jovem, da Ponte Preta, tentou invadir a casa de um dos líderes da Fúria Independente, organizada do Guarani, conhecido como Letinho, na Rua Alagoas, no mesmo bairro. Segundo áudio divulgado por um vizinho, ele teria reagido a tiros e acertado Leonardo Bernardes, de 18 anos, da Torcida Jovem, da Ponte Preta. O rapaz foi socorrido pelos amigos e levado ao PS Ouro Verde, mas morreu logo depois. Em sua página do Facebook, Léo postou no dia anterior que "dia de Dérbi vai ser assim, se eu 'tromba' galinha (apelido pejorativo dado pelos pontepretanos aos bugrinos) vai ser o seu fim".“Legítima defesa” De acordo com testemunhas, Letinho "atirou em legítima defesa", já que o grupo queria "pegá-lo". "Isso não é mais briga de torcida, atingiu outro nível, vai virar uma guerra", afirmou um vizinho. Segundo testemunhas, logo depois do tiro, Letinho apareceu "com revólver na mão correndo atrás dos caras". De acordo com o tenente-coronel da Polícia Militar, Marci Elber, o suspeito foi detido e encaminhado para a Polícia Civil para averiguação. Ainda, segundo testemunhas, depois da morte de Leo, cerca de 30 carros de pontepretanos chegaram ao local e tentaram novamente invadir a casa. Com a chegada da PM, fugiram e a polícia saiu em perseguição e teria alcançado um veículo com torcedores armados.Espancamento Já na Vila Industrial, em frente ao Teatro Castro Mendes, a vítima foi um torcedor do Guarani, que quase foi linchado. Ele teve ferimentos na cabeça, foi atendido no Hospital Mário Gatti, ficou internado, mas não corre risco de morte. “Futebol deveria ser uma arte, nos países de Primeiro Mundo as pessoas vão para torcer na arquibancada, mas no Brasil ainda existe esse pensamento pequeno de guerra entre torcidas”, lamentou o comandante da Guarda Municipal, Márcio Frizarin.