BANCADA CAMPINEIRA

Deputados rejeitam impeachment

Representantes de Campinas em Brasília sustentam que não há clima para afastar Bolsonaro

Lilian de Souza/ Correio Popular
01/02/2021 às 15:00.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:54
Alexis Fonteyne: prioridade para as reformas/ Carlos Sampaio: sem clima para afastamento (Importação)

Alexis Fonteyne: prioridade para as reformas/ Carlos Sampaio: sem clima para afastamento (Importação)

Com opiniões diferentes em relação à presidência da Câmara, os deputados federais de Campinas quase formam um consenso em relação aos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao menos neste momento, se depender dos votos deles, os processos continuam na gaveta.

A cidade conta com quatro parlamentares em Brasília: Alexis Fonteyne (Novo), o veterano Carlos Sampaio (PSDB) e os pastores evangélicos Paulo Freire (PL) e Roberto Alves (Republicanos). Sendo os dois últimos de partidos que integram o chamado Centrão, ala política composta por diferentes siglas e que é mais conhecida pelas negociações em que trocam o apoio ao Executivo por cargos.

Sobre sua escolha para o comando do parlamento, sem demonstrar muito interesse em justificar seus posicionamentos políticos, Freire, que está em seu terceiro mandato, respondeu apenas "nada a declarar", por meio de sua assessoria.

Já Roberto Alves, que também está no terceiro mandato, votará no candidato apoiado pelo Centrão e por Bolsonaro: "Por um trabalho de excelência integrado com todos os deputados, meu candidato para a presidência da Câmara é o Arthur Lira."

Com um nome de seu próprio partido na concorrência, o campineiro Alexis Fonteyne, não só tem declarado seu voto em Marcel Van Hattem (NOVO), como tem feito campanha para o colega de sigla em suas redes sociais. "Requisitos mínimos para ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados: reputação ilibada, competência, defensor da democracia, defensor das liberdades. Só tem um! Marcel van Hattem", publicou em sua conta no Twitter. Também pela plataforma, comentou sobre as trocas de favores que permeiam a busca pelos votos. "A disputa da presidência da Câmara dos Deputados é um verdadeiro loteamento do Brasil. Um escárnio, vergonha!"

Carlos Sampaio, que já foi vereador em Campinas, candidato a prefeito na cidade, e na última eleição municipal apoiou Rafa Zimbaldi (PL) - cujo partido também integra o Centrão - tem trabalhado na articulação para a eleição de Baleia Rossi (MDB).

"Entendemos que precisava ser uma candidatura que nascesse da vontade da Câmara, não do Executivo. A autonomia precisa nortear a conduta, e a independência precisa ser a alma do presidente da casa", afirmou Sampaio.

"Sabemos que essa liberação de emendas e negociação de cargos para a eleição de Arthur Lira tornam a luta mais difícil, e deixam claro que haverá submissão se ele for eleito", declarou o peessedebista.

A eleição para a presidência da Câmara está marcada para hoje (1º). A votação é secreta e pelo sistema eletrônico, exigindo-se maioria absoluta de votos (metade mais um) no primeiro turno e maioria simples no segundo turno. Entre as funções daquele que estará à frente do congresso, está a substituição do presidente da República no caso de ausência dele e do vice-presidente.

E o impeachment?

Quanto aos posicionamentos dos parlamentares de Campinas diante dos mais de 50 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, apenas Roberto Alves diz ainda não ter posição definida.

Para Sampaio, mesmo que hajam crimes de responsabilidade, não tem como destituir o presidente sem absoluta indignação social. "Ainda não há desaprovação suficiente, até porque a epidemia atrapalha a movimentação, as pessoas não podem ir para a rua protestar. O impeachment é jurídico-político e por enquanto não há força", disse. "Mas, de qualquer forma é obrigação da Câmara analisar todos as solicitações. Para poder, inclusive, opinar pessoalmente se houve ou não crime de responsabilidade", afirmou o deputado.

Para Fonteyne, o afastamento presidencial poderia paralisar reformas e pautas importantes para o país nos próximos três anos. "Esse movimento pode ser absolutamente irresponsável com aqueles que precisam de emprego, que têm negócios e com aqueles que não aguentam mais anos de recessão e de uma grave crise resultante da pandemia."

Por fim, para Paulo Freire, não há nenhuma justificativa para o impeachment. "De jeito nenhum, nenhuma base que possa justificar isso", declarou também por meio de sua assessoria.

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