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Denúncias aumentam após casos de grande impacto

Especialistas analisam reação da sociedade diante de episódios como o do menino encontrado em um tambor

Da Redação
11/02/2021 às 17:30.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:06

Nesta semana, mais dois casos de maus-tratos à crianças vieram à tona. Como no caso do garoto que foi encontrado acorrentado a um tambor, no último dia 30, às situações enfrentadas só chegaram ao conhecimento das autoridades depois que foram denunciadas.

E de acordo com a promotora de Justiça da Infância e Juventude de Campinas, Andrea Santos Souza, depois de ocorrências como a do menino, que em razão da gravidade costumam ganhar grande repercussão, aumenta o número de pessoas que tomam coragem de relatar casos onde há a suspeita de abusos e violências contra menores. "As denúncias de maus-tratos costumam aumentar depois de episódios como este, inclusive porque nesse caso houve a prisão dos agressores.

Mas, esses casos são muito mais comuns do que se pensa, não com esse nível de gravidade, mas sempre com violência contra crianças", diz Andrea.

O médico psiquiatra e psicanalista , Antonio Carvalho de Ávila Jacintho, da Faculdade de Medicina (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) afirma que comportamentos como o do jardineiro que fez a denúncia, acaba por influenciar as pessoas. "Por identificação, comportamentos individuais, podem influenciar, condutas coletivas. Assim, a vida pessoal, de um indivíduo, pode exercer influência na vida pública de um determinado grupo social", explica o especialista.

"Ao denunciar a tortura, sofrida pelo garoto, estamos anunciando ao grupo social, que o processo de educação, passa sim, por regras, e disciplina, mas se pauta muito mais, nos cuidados, na empatia, nos bons exemplos, na educação, no respeito às diferenças, e no amor, dos pais, para com seus filhos", complementa Antonio.

Para ele, é preciso que haja uma mudança na forma de como as pessoas entendem o processo de educação. "Só podemos educar uma criança, e evitarmos uma infância roubada, se respeitarmos a infância, com todas as suas necessidades e peculiaridades, lembrando sempre, que o desenvolvimento de uma criança, depende absolutamente de como os adultos amparam, e cuidam das crianças."

Da mesma forma, a promotora lembra que é preciso acabar com a ideia da punição por meio dos castigos físicos. "Os adultos precisam entender que a violência não conduz à educação do comportamento, mas a reações violentas também", diz Andrea.

"Com o fechamento das escolas, perdemos um aliado poderoso, que percebia qualquer alteração nas crianças, um machucado, uma tristeza, sinais de que alguma coisa estava acontecendo. Agora estamos sem nenhum observador, temos de confiar que os vizinhos, familiares e conhecidos das crianças apresentem para a rede essas situações de violência", complementa.

Como denunciar

De acordo com a promotora da Infância e Juventude, as denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou diretamente ao Conselho Tutelar (0800 770 0656) - a identificação dos denunciantes é mantida em sigilo se pedirem. 

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