Três casos de violência policial e abuso de autoridade foram praticadas por PMs, em Campinas
Uma denúncia de três casos de violência policial e abuso de autoridade praticadas por PMs, em Campinas, nas últimas semanas, será dirigida ao Ministério Público do Estado de São Paulo. A expectativa é de que, uma vez recebida a denúncia e designado um promotor para apurá-la, o MP adote medidas de proteção às vitimas. A previsão é de que a representação seja recebida na segunda-feira (4). Está assinada pelo vereador Carlão do PT, membro da Comissão Permanente de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal, e pelo presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas, Paulo Mariante.Nela estão inseridos os depoimentos das vítimas e de testemunharam, ouvidos nesta quinta (31), na Câmara Municipal, a pedido de Carlão.Entre os depoentes está o porteiro Aníbal Fabiano Gimenez, que foi abordado por dois policiais militares, em 10 de outubro, dentro do condomínio onde mora, o Residencial Arlete Cardoso Lins, no DIC, e o pai dele, Aníbal Gimenez. Outras vítimas e/ou testemunhas que foram ouvidas, nesta quinta, são relacionadas aos outros dois casos, no Jardim Itatinga (entre 19 e 21/10) e na ocupação de moradia Joana D'arc em 22 de outubro.A maioria das vítimas preferiu não se identificar por temer por sua segurança, já que após os acontecimentos narrados, afirmam que passaram a ser vigiadas, intimidadas ou até mesmo ameaçadas por policiais militares.Os casosOs depoimentos de Fabiano e do pai dele confirmam o que mostram os vídeos postados no You Tube e divulgados pela imprensa, em que ele é derrubado no chão e imobilizado pelos policiais, sendo que um deles chuta seu corpo e pisa em sua cabeça. Imagens também mostram os policiais apontando arma de fogo e jogando bombas de gás contra moradores do condomínio, entre os quais algumas crianças.“Eu estava em frente de casa quando fui abordado pelos policiais, que já chegaram me xingando. A munição que eles disseram que pegaram comigo foi forjada. Eles ameaçaram meu pai de morte. Voltaram uma semana depois, ficaram parados em frente de casa com olhar de intimidação. Fizeram comando em frente ao condomínio, revistando todos que entravam. Agora, meu pai não quer mais que eu saiu de casa”, relatou Fabiano. O pai, Aníbal, ficou emocionado e teve dificuldade em falar, mas disse que quando saíram do Distrito Policial um dos policiais teria jogado o carro para cima dele, dizendo que ele iria morrer.No caso do Jardim Itatinga, a ação da PM ocorreu logo após o assassinato de um policial militar no Jardim Telesp, bairro vizinho. Segundo os relatos, policiais militares fecharam o acesso ao bairro, impedindo a entrada e saída de pessoas, algumas casas de prostituição foram invadidas, tiros disparados e pessoas intimidadas e agredidas verbalmente e fisicamente.O caso mais grave foi de uma prostituta, que teve os dois braços quebrados, mas alguns travestis que atuam nas ruas do Itatinga também teriam sido agredidos fisicamente por policiais militares.“Estava dentro da casa. Ele (policial militar) queria que eu abrisse a porta, mas eu não tinha chave. Ele acabou entrando e me bateu mais de trinta vezes com o cassetete, enquanto outros ficaram olhando. Depois, fui ameaçada. Estou com muito medo mesmo”, disse a prostituta.Na Comunidade Joana D’arc, ocupação de moradia no bairro Cidade Jardim, conforme relatado, a abordagem inadequada de policiais militares ocorreu quando acompanhavam oficiais de justiça que faziam a notificação para despejo no prazo de 30 dias, dia 22/10. “Eles (policiais militares) entraram de forma brutal, bem armados e em grande número. Depois de ser notificado, um companheiro passou mal e morrei. Um PM tentou tirar o tablet de um companheiro que estava filmando. Foram com tudo pra cima da gente, sem respeitar idoso, doente e nem criança”, contou uma moradora.Links dos vídeos do caso do condomínio no DIC: