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Dengue tem 4ª morte confirmada

Trata-se de um homem de 55 anos, que morreu em abril e foi atendido pela rede pública. A vítima era um morador do Campo Grande

Henrique Hein
04/06/2019 às 10:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 00:46

A Prefeitura de Campinas confirmou na tarde de ontem a quarta morte provocada por dengue na cidade no ano de 2019. Trata-se de um homem de 55 anos, que morreu em abril e foi atendido pela rede pública. A vítima era um morador do Campo Grande. Além dele, neste ano, o município também computou a morte de um idoso de 92 anos e de um bebê de cinco meses, do sexo feminino (ambos moradores da Região Sul), além de uma estudante universitária de 19 anos, residente na Região Norte. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado na tarde de ontem, Campinas registrou 18.515 casos de dengue nos primeiros cinco meses do ano — um aumento de 12% no número de casos da doença em relação a última semana de maio. Essa é terceira maior epidemia já registrada na cidade desde 1998, quando a Pasta começou a recolher os dados. Os números de 2019, por enquanto, só foram superados pelos anos de 2014, com 42,6 mil casos; e de 2015, com 65,2 mil registros da doença. Apesar do aumento, o ritmo das notificações vem diminuindo ao longo das últimas semanas. No final da primeira quinzena de maio, o aumento de casos em relação a semana anterior chegou a bater em 38,5%. Na semana do dia 20, o ritmo da evolução baixou para 23%. Na semana passada, o aumento foi de 18% e agora de 12%. A região com maior número de casos confirmados de dengue — assim como em balanços anteriores — segue sendo a Noroeste, com 5.568 registros. A localidade abrange o distrito do Campo Grande e bairros como o Parque Valença e o Jardim Florence. De acordo com a Prefeitura, a região é hoje a única da cidade que ainda registra uma curva de ascensão da doença — motivo que preocupa as autoridades. “Vamos intensificar as ações com a Secretaria de Serviços Públicos para retirar criadouros fora das residências. Nossas equipes também continuam trabalhando nas casas. Vamos trabalhar até enxergamos uma diminuição de casos”, afirmou a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Tessa Roesler. Ao todo, mais de mil pessoas serão mobilizadas para as ações de combate ao criadouros do mosquito na Região Noroeste. Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Carmino de Souza, a ação não possui prazo para encerramento. “Pedimos a colaboração dos moradores para que deixem os agentes de saúde entrarem nas suas casas e realizarem o serviço. Em muitos casos, as visitas às residências ocorrerão mais de uma vez ao longo deste intervalo de tempo”, ressaltou. Colaboração No início do mês de maio, o Ministério da Saúde parou de fornecer o inseticida usado no processo de nebulização do mosquito da dengue. O produto é usado para eliminar o mosquito em sua fase adulta. Segundo o Governo Federal, há um desabastecimento momentâneo do produto em todo o território nacional, o que justifica a suspensão de sua distribuição. Sem o procedimento, a Secretaria de Saúde de Campinas ressaltou a necessidade da colaboração da população para eliminar qualquer recipiente capaz de acumular água e servir de criadouro para o Aedes Aegypti, como garrafas, latas, entulhos e pneus. A Administração Municipal também alertou para que as pessoas não se esquecem de fazer a limpeza de calhas e caixas d' água em suas residências. “Nós vamos continuar indo nas casas e eliminando os potenciais criadouros de dengue, mas é muito importante também termos a responsabilidade compartilhada nesse momento”, frisou Carmino. AVANÇO SEMANAL Semana           Nº de Casos           Aumento Percentual 01 de abril             799                                   - 08 de abril            2.048                            156,32% 15 de abril            3.578                             74,70% 22 de abril            5.493                             53,52% 29 de abril            7.971                             45,11% 06 de maio           8.157                               2,33% 13 de maio          11.305                             38,59% 20 de maio          13.912                             23,06% 27 de maio          16.400                             18,2% 3 de maio            18.500                              12% TOTAL DE CASOS POR REGIÃO Noroeste (área do distrito do Campo Grande): 5.568 Sudoeste (área do distrito do Ouro Verde): 4.768 Sul (região do Campo Belo): 4.374 Norte (área do distrito de Barão Geraldo): 2.079 Leste (região do Taquaral): 1.662 No País, são 767 mil casos registrados Mesmo dois meses após o fim do Verão, a dengue no País ainda preocupa: do início do ano até o último dia 11, o total de registros foi 432% maior, ante o mesmo período de 2018. O salto foi de 144 mil casos prováveis de infecção para 767 mil suspeitas reportadas. As mortes pelo vírus também saíram de 88 a 222 - a maior parte (80) em São Paulo. O número de infectados explodiu em 20 Estados e no Distrito Federal. Há quatro sorotipos do vírus. A epidemia e a incidência maior nesses Estados são explicadas pela disseminação do tipo 2, diz o coordenador-geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes do Ministério da Saúde, Rodrigo Said. O clima, segundo Said, também tem papel importante. Chuvas intensas nas últimas semanas fizeram larvas do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, eclodirem. Além disso, temperaturas mais altas criam condições favoráveis ao inseto. "Enquanto não esfriar para valer, os casos vão continuar", diz Regiane de Paula, do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de São Paulo. Até o último dia 15, apenas quatro das 645 cidades paulistas não notificaram casos. Mais grave é o quadro de Bauru, com 19,7 mil infectados e 21 óbitos. Segundo o ministério da Saúde, mais de 80% dos mosquitos vêm de áreas residenciais. Outras cidades mantiveram no Outono o uso do inseticida (fumacê). A estratégia, para matar o Aedes adulto, é considerada menos eficaz que eliminar a água parada, que evita o nascimento do transmissor. O ministério diz ter 300 mil litros de inseticida vencidos e que, segundo informações preliminares recebidas esta semana, não estão adequados para uso. Segundo Said, as amostras desse produto foram encaminhadas a um laboratório credenciado, mas as respostas recebidas esta semana não foram favoráveis ao uso do produto. (Estadão Conteúdo)

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