REGIÃO METROPOLITANA

Dengue mata mais dois e RMC atinge 51 óbitos

Americana confirmou a quarta morte em 2024, enquanto Monte Mor registrou a primeira em decorrência da doença

Eliane Santos/[email protected]
18/05/2024 às 09:58.
Atualizado em 18/05/2024 às 09:58
População e poder público devem adotar medidas para evitar acúmulo de água em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calha; hoje, Prefeitura de Campinas realiza mutirão na região do Jardim Florence (foto) em busca de eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti (Alessandro Torres)

População e poder público devem adotar medidas para evitar acúmulo de água em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calha; hoje, Prefeitura de Campinas realiza mutirão na região do Jardim Florence (foto) em busca de eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) superou a marca dos 50 mortos por dengue este ano. O Painel de Monitoramento do Estado de São Paulo revelou mais um caso em Americana, o quarto fatal no ano, e a primeira vítima fatal em Monte Mor. Com isso, as 20 cidades que compõem a RMC contabilizam 51 óbitos. Campinas responde por 45% deles, com 23 mortes. A região também se aproxima da casa das 130 mil notificações positivas. Até ontem, 129.379 moradores haviam contraído dengue.

Em Monte Mor, a vítima é um homem que tinha 77 anos e possuía comorbidade. Ele teve os primeiros sintomas no dia 25 de abril e morreu no último dia 5. No município, que tem 64.662 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2022, 2,55% dos moradores contraíram dengue este ano (1.652). Até ontem, não havia informação de mortes em investigação na cidade, assim como casos de dengue grave. A cidade contava apenas com 13 casos com sinal de alarme. A presença de sinais de alarme indica a possibilidade de gravidade do quadro clínico e de evolução para dengue grave e/ou síndrome do choque da dengue.

A vítima fatal de Americana tinha 68 anos e residia no Bairro Jaguari. Ela estava internada em um hospital público de Campinas. Ela tinha comorbidades e começou a apresentar os sintomas no dia 13 de abril, falecendo sete dias depois. O exame realizado pelo Instituto Adolfo Lutz identificou o sorotipo 1 da doença. O município tem 1.670 confirmações da doença, três óbitos em investigação e três casos graves.

As demais cidades com óbitos na RMC são Artur Nogueira (2), Hortolândia (2) , Itatiba (5), Jaguariúna (2), Nova Odessa (1), Pedreira (1), Santa Bárbara d´Oeste (1), Santo Antônio de Posse (5), Sumaré (2) e Vinhedo (2). A RMC ainda investiga outras 97 mortes.

 Doença já vitimou 23 pessoas apenas em Campinas

NOVO MUTIRÃO EM CAMPINAS

Campinas, que tem 23 óbitos, registrou uma média diária de mil confirmações da doença nesta semana e atingiu ontem 86.814 casos. Para continuar combatendo a doença, a Secretaria Municipal de Campinas realiza hoje (18) o 16º mutirão do ano.

A ação tem início às 8h em seis bairros: Jardim Florence 1, Jardim Florence 2, Parque da Amizade, Núcleo Residencial Três Estrelas, Residencial Cosmos e Jardim Nova Esperança. A cidade está em epidemia, declarou situação de emergência em 7 de março e o alerta sobre risco de transmissão da doença vale para todas as regiões da cidade.

O mutirão deve reunir aproximadamente 150 voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Os integrantes dela usam camiseta laranja com logo da empresa e calça cinza, enquanto os líderes das equipes usam camiseta verde com as mesmas características. Todos estão identificados com crachá, mas, em caso de dúvidas sobre a ação, os moradores podem pedir informações pelo telefone 199, da Defesa Civil. O balanço desta nova ação deve ser divulgado na segunda-feira, 20 de maio.

A melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d'água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.

Estatísticas das secretarias municipal e estadual de Saúde mostram que 80% dos criadouros do Aedes aegypti estão nas residências. Portanto, o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.

REDUÇÃO DE CASOS 

A Secretaria de Saúde projeta redução dos casos de dengue a partir deste mês, após ter registrado pico de transmissão da doença na Semana Epidemiológica 15, entre 7 e 13 de abril, com o registro de 8.906 notificações.

Dois fatores contribuíram para aumento de casos em Campinas apesar da série de esforços da Administração para combater a doença e aprimorar a assistência em saúde: a circulação simultânea de três sorotipos do vírus pela primeira vez na história e as condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito, principalmente por conta das sucessivas ondas de calor registradas desde outubro.

A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.

Em 2023, um estudo da Secretaria de Saúde mostrou que a cidade viveria uma nova epidemia de dengue. Por isso, foram desencadeadas diversas medidas para o enfrentamento da doença. Muitas delas consideradas adicionais ao planejamento regular de prevenção e combate à dengue. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações.

Em dezembro do ano passado foram reforçados os estoques dos principais insumos usados no tratamento da dengue para garantir o atendimento dos pacientes da rede municipal de saúde. Entre 1º de janeiro e 11 de maio de 2024 foram realizados 15 mutirões intersetorais, incluindo um regional. Foram visitados 63,6 mil imóveis em 103 bairros para orientar a população e retirar criadouros do mosquito.

A Administração tem usado drones para localizar grandes criadouros do Aedes aegypti, como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados e esta medida está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.

Outra novidade é o uso de inteligência artificial para ampliar o monitoramento e assistência em saúde aos pacientes com dengue. Toda pessoa diagnosticada ou com suspeita da doença, após atendimento no SUS Municipal, recebe, via WhatsApp, mensagem disparada pelo chatbot que auxilia a Pasta a acompanhar as condições do paciente. Caso necessário, é feita nova orientação sobre busca por atendimento. Até 10 de maio, 27.875 pacientes foram acompanhados. Do total, 10.070 foram reencaminhados aos serviços de saúde.

A Prefeitura criou ainda o Grupo de Resposta Unificada (GRU), que envolve todas as áreas com objetivo de agilizar respostas e fiscalizações para denúncias que tratam de criadouros. A Secretaria de Serviços Públicos intensificou o trabalho de coleta de lixo e entulhos e, com isso, passou a recolher 4 mil toneladas a mais de resíduos urbanos por mês.

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