Vítimas tinham entre 39 e 91 anos; com a atualização, município acumula oito óbitos pela doença em 2024
Até o momento, a região de abrangência do CS Jardim Lisa é a com maior incidência da doença na cidade, com 7.923 casos a cada 100 mil habitantes (total de 663 notificações (Rodrigo Zanotto)
A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou na tarde de terça-feira (2) mais quatro mortes por dengue ocorridas em 2024 no município, elevando o total de vítimas fatais para oito. Os novos casos são referentes a três mulheres e um homem, com idades entre 39 e 91 anos. Dois foram atendidos na rede pública e dois na rede privada de saúde. A vítima mais jovem até o momento era moradora da área de abrangência do Centro de Saúde (CS) União de Bairros. Ela apresentou sintomas em 24 de fevereiro e o óbito ocorreu em 2 de março. Foi confirmada infecção pelo sorotipo 2. O homem de 63 anos apresentou sintomas no dia 8 de março e faleceu no dia 13. Ele era morador da região do CS Vista Alegre e foi confirmada a infecção pelo sorotipo 1. O mesmo sorotipo também foi confirmado em uma mulher de 89 anos, que residia na área do CS Sousas. Ela teve sintomas no dia 10 de março e a morte aconteceu quatro dias depois. Por último, sem sorotipo identificado no exame, uma mulher de 91 anos, moradora da área de abrangência do CS Santo Antônio, faleceu ainda em janeiro, mas a confirmação por parte da Prefeitura só ocorreu agora. Os primeiros sintomas foram no dia 24 e o óbito no dia 30. Ela foi atendida na rede privada de outro município, não informado pela Secretaria de Saúde de Campinas.
Em nota, a Pasta lamentou as mortes e se solidarizou com as famílias. Além disso, reforçou o alerta para que moradores de todas as regiões continuem realizando e colaborando com ações da Prefeitura para prevenção e combate à doença. A Secretaria de Saúde reforçou as orientações sobre assistência, principalmente a importância da hidratação
ASSISTÊNCIA E ALERTA PARA IDOSOS
A pessoa que tiver febre deve procurar um dos centros de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. A Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
A médica do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) Elda Motta reforçou a importância da hidratação e da avaliação médica, principalmente para idosos, gestantes, crianças e pessoas que tenham comorbidades. “A dengue é uma doença que faz a pessoa desidratar mesmo quando não tem perdas aparentes, como vômito e diarreia, por isso a pessoa precisa se hidratar, beber soro de reidratação oral e água para evitar complicações e procurar por atendimento médico para orientações. É importante que o paciente passe por avaliação clínica, tenha a pressão arterial medida e siga as recomendações recebidas. Lembrar que o volume de líquido que deve beber é grande, por volta de 60 ml por quilo de peso, e que alguns sinais de desidratação não são valorizados como apatia, irritabilidade, perda de apetite e perda de vontade de ingerir líquidos”, explicou.
CASOS ENTRE OS MAIS JOVENS
Enquanto aguarda a chegada das 18.063 doses da vacina contra a dengue, previstas para este mês, Campinas registra quase dois mil casos da doença entre os jovens de 10 a 14 anos, público-alvo da primeira fase da vacinação. Campinas atingiu na terça-feira 36.808 casos, a terceira pior epidemia da doença desde 1998, ano em que foi iniciada a série histórica. Além disso, o município, que decretou estado de emergência no início de março, registrou quatro óbitos e dois casos de chikungunya importados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que taxas acima de 300 casos por 100 mil habitantes indicam situação epidêmica.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, o município tem hoje 91.2 mil habitantes entre 10 a 14 anos, sendo que 1.976 já contraíram a doença até terça-feira. Pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses, apenas nas faixas etárias mais jovens são 3.126 casos entre 0 e 9 anos, 4.083 em pessoas de 10 a 19 anos e 6.956 notificações no público com 20 a 29 anos.
A coordenadora do Programa de Imunização de campinas, Chaúla Vizelli, lembrou que a vacina da dengue não poderá ser aplicada no público-alvo junto com outras vacinas. Ela explicou que a "nota técnica do Ministério da Saúde não recomenda a administração concomitantemente com outras vacinas". Por se tratar de uma vacina nova, a nota também recomenda que a pessoa fique em observação por pelo menos 15 minutos.
BAIRROS
No momento, a maior incidência da doença na cidade é no Jardim Lisa, com o índice de 7.923 casos a cada 100 mil habitantes e 663 notificações. O índice é feito levando-se em conta o número de casos confirmados de dengue clássica ou grave para cada grupo de 100 mil pessoas em um determinado espaço geográfico. Em Campinas, a incidência está em 3.017.
Entre os 10 centros de saúde com maior incidência da dengue, além do registrado no Jardim Lisa, o CS do Jardim Eulina, que vem liderando o total absoluto de notificações, está em quinto lugar, com a marca de 5.900,2 por 100 mil habitantes. No entanto, com 1.245 casos, o CS Eulina lidera o ranking de locais com mais infecções registradas.
Pelo mesmo método de análise, em segundo lugar está a região do CS Santos Dumont, com incidência de 7.107,4 e 301 casos, o CS 31 de Março, com 6.098,2 e 482 notificações, CS Itajaí, 5.936,3 e 434, DIC VI, 5.893,3 e 826, Santo Antônio, 5;839.3 e 853 casos, região do Aeroporto, com 5;421,5 casos a cada 100 mil habitantes e 917 confirmações da doença, Vila União, com 5.201,9 e 662, e, fechando o top 10, o CS do Satélite Íris I, com 5.197,3 e 270.
No último sábado, o mutirão contra a dengue visitou 2,1 mil imóveis e retirou 373 toneladas de resíduos justamente na região da Vila 31 de Março. Segundo divulgado pela assessoria de imprensa da Saúde, o último mutirão atingiu, no total, dez bairros: Vila 31 de Março, Parque Brasília, Vila Lafayette Álvaro, Jardim Boa Esperança, Vila Tofanello, Jardim Madalena, Jardim Conceição, Jardim Líria, Parque Imperador e Jardim Flamboyant.
Dos 2.128 imóveis visitados, metade foi trabalhada com remoção de criadouros do mosquito transmissor e orientação dos moradores. Já a outra parte estava inacessível por estar fechada, desocupada ou em virtude do impedimento dos moradores.
O QUE JÁ FOI FEITO
Desde dezembro de 2023 a Secretaria de Saúde já colocou em prática uma série de medidas consideradas adicionais, sobre o planejamento regular de prevenção e combate à dengue, que inclusive começaram a ser copiadas por outros municípios diante do contexto do aumento de casos da doença. O plano inclui Sala de Situação para análise sistemática, reorganização da rede municipal de saúde e novo site para divulgar informações.
A Prefeitura realizou neste ano nove mutirões, incluindo um regional, onde visitou pelo menos 37,5 mil imóveis para orientar a população e retirar criadouros do mosquito. Contudo, em cada ação, quase metade dos espaços é achada inacessível pelos agentes por estarem fechados, desocupados ou em virtude de impedimento dos moradores.
A Administração passou a usar a estratégia de utilização de drones para localizar grandes criadouros do Aedes aegypti, como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados. A medida está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.
RMC
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) totalizou na terça-feira 51.038 casos da doença, 48 considerados graves, segundo o Painel de Dengue do Estado de São Paulo. Na terça-feira, o número de óbitos ainda era sete no Painel, sem a atualização das quatro mortes confirmadas pela cidade de Campinas. Portanto, são 11 óbitos até o momento na RMC.
Valinhos, que tem 2.184 casos, sendo um grave, prossegue até esta sexta-feira com a nebulização com inseticida para reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti no bairro Jardim Jurema. A ação denominada de fumacê é realizada de maneira conjunta com o Grupo de Vigilância Epidemiológica Estadual, obedecendo protocolo do Ministério da Saúde. A programação da nebulização e o próximo bairro a receber o serviço ainda não foi definido pela Vigilância Epidemiológica.
Já em Hortolândia, que tem 416 confirmações da doença, sendo duas graves, a Prefeitura está orientando a população a fazer uso de repelente. O veterinário da UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses), órgão da Secretaria de Saúde, Evandro Alves Cardoso, explica que os repelentes comercializados no mercado são eficientes contra o Aedes aegypti. “A maioria dos produtos disponíveis atualmente no mercado funcionam bem. Em especial os que são produzidos a base das substâncias icaridina ou DEET (dietil-meta-toluamida)”, disse Cardoso.
A duração desses produtos varia de 6h a 12h, de acordo com cada fabricante e a substância utilizada. O veterinário ressalta que o repelente deve ser utilizado durante o dia, que é quando o Aedes aegypti está mais ativo. “A aplicação deve ser repetida conforme a orientação que consta no rótulo do produto”, salienta o veterinário. Os repelentes vendidos para o público são seguros e podem ser utilizados por pessoas a partir dos seis meses de idade.
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