EPIDEMIA

Dengue avança 250% no início de 2024 em relação a igual período de 2023

Campinas registrou 466 casos nos primeiros 19 dias deste ano; número era de 133 no começo de janeiro do ano passado

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
23/01/2024 às 09:34.
Atualizado em 23/01/2024 às 09:34
Agente de combate à dengue visita casa no Jardim Paulicéia; estimativa é que 80% dos criadouros estão em residências, por isso é importante a população participar e aceitar a vistoria (Rodrigo Zanotto)

Agente de combate à dengue visita casa no Jardim Paulicéia; estimativa é que 80% dos criadouros estão em residências, por isso é importante a população participar e aceitar a vistoria (Rodrigo Zanotto)

Nas três primeiras semanas deste ano, Campinas registrou um aumento de 250,37% nos casos confirmados de dengue em comparação a igual período de 2023. A cidade, que enfrenta epidemia da doença desde abril passado, teve 466 casos confirmados desde 1º de janeiro até a última sexta-feira (19), contra 133 em 2023, de acordo com o Painel Interativo de Arboviroses da Secretaria de Saúde.

Em apenas 11 dias, o número de registros confirmados aumentou 5 vezes, passando dos 134 em 11 de janeiro, quando foi realizado o primeiro mutirão no Jardim Eulina, para os atuais 677, índice atualizado na tarde de segunda-feira (22). A região atendida pelo CS do Jardim Eulina é disparada a com mais casos, com 124. Em todo o ano de 2023, o município teve 11.272 casos de dengue e três óbitos.

Cresceu também o número de áreas identificadas como de alto risco para a proliferação da dengue, com 12 novos bairros. Em uma semana, Campinas registrou um aumento de 70,55%, saindo de 17 para 29 áreas em atenção, de acordo com comunicado divulgado na segunda-feira (22) pela Secretaria Municipal de Saúde.

Os novos bairros incluídos são: Nova Campinas e Jardim Nilópolis (região Leste); Bonfim, Jardim Chapadão e Conjunto Habitacional Padre Anchieta (Norte); Jardim Pauliceia e Jardim Lisa (Noroeste); Parque Industrial, Parque Jambeiro (Suleste); Jardim Santa Lúcia, DIC IV e Parque Vista Alegre (Sudoeste).

De acordo com a Secretaria de Saúde, o cenário da dengue pode piorar se houver reintrodução dos vírus tipos 3 e 4, não registrados localmente há 14 anos e nove anos, respectivamente, mas que já causaram infecções em outros municípios. Segundo a Pasta, os grupos mais vulneráveis são crianças, adolescentes e adultos que não tiveram contato com a doença antes.

“É importante que a população abra cada vez mais suas portas para os agentes da saúde e colaborem fazendo sua parte na eliminação semanal de focos de água parada e potenciais criadouros para o mosquito transmissor da dengue”, explicou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto. No último sábado (20), a Secretaria de Saúde realizou o terceiro mutirão do ano para prevenção e combate à doença. As ações foram realizadas nas regiões do Jardim Eulina, Jardim Quarto Centenário, Bonfim e Castelo.

VACINAÇÃO

A Secretaria de Saúde de Campinas divulgou que aguarda orientações oficiais do Ministério da Saúde e do governo do Estado sobre a priorização de grupos e distribuição de doses para definir estratégias de vacinação contra a dengue e verificar quantos moradores devem ser beneficiados.

No sábado (20), desembarcou no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, o primeiro lote com 750 mil doses do imunizante contra a doença doadas. As doses foram doadas pelo laboratório japonês Takeda Pharma. Segundo o Ministério da Saúde, elas deverão ser destinadas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades com mais de 100 mil habitantes.

“Essa faixa etária se encontra dentro do que recomendou a Organização Mundial de Saúde (OMS). Também é aquela em que ocorre o maior número de hospitalizações”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

As vacinas, que estão armazenadas em uma câmara fria de Viracopos, passarão por um controle de qualidade e depois serão enviadas para o Ministério da Saúde, que fará a distribuição das doses para o Brasil. O país pode se tornar o primeiro país do mundo a fazer uma campanha de vacinação pública. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso em território nacional da vacina Qdenga (TAK-003), da Takeda, para o público de 4 a 60 anos de idade. O imunizante aprovado anteriormente, o Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi-Pasteur, só pode ser utilizado por quem já teve dengue.

A Qdenga está disponível desde junho passado em laboratórios particulares de Campinas, mas a dose custa, em média, R$ 450. Segundo o Ministério da Saúde, as vacinas que são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) serão destinadas para municípios com mais de 100 mil habitantes e com alta transmissão da dengue nos últimos dez anos, levantado também em conta a alta nos últimos meses.

REGIÃO METROPOLITANA

O acordo do governo federal com o laboratório japonês prevê a entrega de 5,2 milhões de doses este ano, que é a possibilidade estipulada pela empresa. A estimativa do Ministério da Saúde, que incluiu a vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI), é que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024, uma vez que cada uma precisa tomar duas doses com intervalo de mínimo três meses entre elas.

Os critérios para distribuição da Qdenga foram definidos pela pasta federal em conjunto com os estados e municípios. Porém, a lista das cidades que serão contempladas somente será divulgada após nova reunião tripartite. O encontro está programado para o próximo dia 1º, em Brasília.

Das nove cidades com mais de 100 mil habitantes na Região Metropolitana de Campinas (RMC), apenas Campinas passa por uma epidemia de dengue. As outras cidades realizam campanhas preventivas para evitar a proliferação, mas sem altas consideráveis no número de casos.

Hortolândia iniciou na semana passada a Análise de Densidade Larvária (ADL), que é a contagem nos imóveis das larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A ação é importante para o município definir estratégias mais efetivas de combate à doença e reforçar ações que já são realizadas. “Em razão de a ação ser por amostragem, são visitados dez imóveis por quarteirão”, explicou a sanitarista Isamara Araújo Campos, da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). No total, a meta é visitar em torno de 3 mil imóveis até o final da próxima semana. O município contabilizou, no ano passado, 3.823 notificações de dengue, dos quais 1.131 positivos e nenhum óbito. Em Itatiba, a Secretaria de Saúde realiza mutirão de limpeza em bairros, distribui panfletos de orientação de como evitar a doença e utiliza drone para identificar imóveis com possíveis criadouros do Aedes aegypti.

Entre os dias 1º e 16 deste mês, a cidade confirmou seis casos de dengue, sendo três autóctones (contraídos no próprio município) e três importados (o paciente se contaminou em outra localidade). Em 2023, foram 65 casos, sendo 49 autóctones.

As outras cidades com mais de 100 mil habitantes na RMC são Sumaré, Indaiatuba, Americana, Santa Bárbara d'Oeste, Valinhos e Paulínia. Há risco de dengue grave quando uma pessoa é infectada por um tipo diferente ao anterior. Para acabar com a proliferação do mosquito é preciso evitar qualquer acúmulo de água, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes, calhas e outros objetos. É importante, também, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.

BAIRROS DE CAMPINAS COM ALTO RISCO DE TRANSMISSÃO DA DENGUE

✔ LESTE Botafogo, Centro, Vila Itapura, Nova Campinas e Jardim Nilópolis

✔ NORTE Jardim Santa Mônica, Jardim Eulina, Bonfim, Jardim Chapadão e Conjunto Habitacional Padre Anchieta - NOROESTE Parque Floresta, Jardim Novo Maracanã, Parque da Fazenda, Jardim Paulicéia e Jardim Lisa

✔ SULESTE San Diego, Parque Oziel, Monte Cristo, Parque Industrial e Parque Jambeiro

✔ SUDOESTE Parque Universitário de Viracopos, Jardim Ouro Verde, Vila União, Vila Vitória, Parque Aeroporto, Recanto do Sol I, Jardim Santa Lúcia, DIC IV e Parque Vista Alegre

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde

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