coronavírus

Delivery é arma para driblar a crise

A pandemia do novo coronavírus que atingiu o Brasil obrigou os empresários a se reinventarem em todo o País e o desafio não é diferente na RMC

Eduardo Martins
05/04/2020 às 12:14.
Atualizado em 29/03/2022 às 16:22

A pandemia do novo coronavírus que atingiu o Brasil obrigou os empresários a se reinventarem em todo o País e o desafio não é diferente na Região Metropolitana de Campinas (RMC). A determinação do governador João Doria (PSDB) de fechar as portas de bares, cafés e restaurantes, comércio em geral e até shoppings centers, deixou como opção a venda pela internet e a entrega domiciliar - o conhecido delivery - sistema ao qual nem todos haviam aderido mas precisaram se adaptar rapidamente para minimizar os prejuízos e, assim, driblar a crise. A decisão não atingiu em cheio somente o ramo da alimentação fora de casa, mas também outros como o de festas e eventos. Dona de dois bufês, Carol Oliveira viu seus trabalhos serem cancelados de última hora. Preocupada, a chef de cozinha encontrou dentro da própria casa e nas redes sociais, através de amigos, uma forma de garantir a renda da família em meio à crise. “Há três semanas tive a ideia de fazer sopa para ajudar a aumentar a imunidade das pessoas. Depois comecei a fazer tortas, feijoada e pretendo lançar nessa semana um cardápio com produtos para a Páscoa. Mesmo em casa, as pessoas não param de comer e esse trabalho vem ajudando muito nesse momento de crise”, destaca. A quituteira acredita que o momento requer cuidados, principalmente em relação ao desperdício de alimentos, e pretende lançar vídeos para conscientizar os cidadãos. “Tenho um trabalho para reaproveitar alimentos e sempre tento usar ao máximo os produtos. Acredito que esse seja um momento para todos refletirem”, ressalta Carol. As mídias digitais também foram uma alternativa para a Flamy Doces e Salgados. Após saber que seria obrigada a fechar as portas em meio à pandemia, a loja iniciou uma campanha nas redes sociais pedindo para as famílias ficarem em casa, que os produtos levariam conforto até elas. “Tivemos queda nas vendas de 20% a 30%, mas em vista do que seria com a loja fechada, estamos conseguindo nos sair bem. Estamos com kits especiais de bolos e salgados, para três ou quatro pessoas. Uma loja de Vinhedo está até vendendo mais agora. Estamos com a expectativa de um crescimento também na Páscoa”, projeta Maria da Graça Almeida, gerente de marketing da loja. Proprietária do restaurante Frango Atropelado, Bruna Scalabrini já trabalhava com delivery e afirma que o faturamento aumentou 50%, porém no restaurante ela foi obrigada a cortar gastos. “Mesmo com o aumento do delivery, estamos tentando cortar custo, fechamos o restaurante e desligamos algumas geladeiras para não sacrificar o emprego de ninguém. Além disso, tenho duas funcionárias do grupo de risco e elas estão em casa de licença remunerada”, lembra a comerciante. Tradicional entre os brasileiros quando o assunto é delivery, as pizzarias também estão buscando formas para se livrar das dificuldades. Dona da Mega Pizza, Gisele Lagos destaca que o atual cenário exigiu readaptação, mas comemora que os clientes estão se adequando às entregas e outras pessoas optaram por retirar encomendas no próprio restaurante. “Temos a pizzaria há 15 anos e há três temos salão. Sempre tivemos delivery e é até meio nostálgico voltar a essa realidade. O baque foi perder o almoço em uma de nossas lojas, mas transformamos pratos executivos em marmita e também fazemos entrega de pizza. No jantar, estamos com o desafio de só ter o delivery, porém temos a retirada das pizzas e sinto que vem sendo uma oportunidade da pessoa se distrair e escapar um pouco de casa. No geral as vendas aumentaram”, ressalta a comerciante. Apesar do sucesso de alguns estabelecimentos, outros vêm encontrando dificuldades durante a pandemia do coronavírus. Dono do Assim, Assim e Assado, Daniel Padovani lamenta que houve uma queda nos lucros do restaurante e as opções de delivery não estão substituindo o faturamento tradicional. “Veio uma onda de otimismo que o delivery iria substituir o faturamento do restaurante. Para mim isso não foi uma verdade pelo fato de muitas pessoas que pedem comida no dia a dia estarem no trabalho, porém, agora elas estão em casa. A outra queda se deu pelo fato de as famílias estarem em casa, acabarem cozinhando e isso se tornou até uma forma de entretenimento”, comenta. A mudança de rotina durante a crise não faz parte somente dos restaurantes e também tem afetado as padarias, embora elas não tenham sido proibidas de funcionar, mas os clientes diminuíram as visitas. Com três unidades em Campinas, a Romana deixou de trabalhar 24 horas por dia e encontrou no WhatsApp uma forma de aumentar as vendas e diminuir os prejuízos. “Tivemos uma diminuição de 80% no faturamento das nossas lojas físicas, antecipamos férias de alguns funcionários e estamos trabalhando com um turno somente nas lojas. O intuito nosso é não demitir e estamos tentando segurar ao máximo. Colocamos em funcionamento os pedidos pelo WhatsApp, além dos aplicativos de entrega que já trabalhávamos. Até o momento, o que melhor tem funcionado é o sistema que o cliente encomenda e vem retirar na loja”, afirma Ana Cláudia Rozano, gerente de marketing do estabelecimento. Loja fatura com venda de videogames Buscando o isolamento social e a permanência em casa como forma de conter o avanço do novo coronavírus, famílias optaram pela diversão com videogame no período de quarentena e as vendas de consoles registraram aumento superior a 50% em uma loja de Campinas. “O comércio havia começado devagar no mês de março e a partir do dia 19 a loja começou a bombar. O pessoal começou a comprar muito para passar mais rápido o tempo em casa e também divertir as crianças. Estamos vendendo pelo WhatsApp, telefone e fazemos entrega, mas não estamos nem cobrando. Todo dia tem muita ligação”, comemora Valdinei Gonçalves, proprietário da E-Shop Games. Home Office O home office apareceu como tendência que se tornou realidade em empresas de variados setores neste momento de isolamento social. Dona da Printness Soluções, Bernadeti Ribeiro trabalha com locação de impressoras e vem se dedicando ao trabalho na sua própria residência. Na loja, ela decidiu pelo isolamento dos funcionários, mas o momento, na opinião dela, não apresenta tranquilidade. “O trabalho nosso está complicado. Muitas empresas fecharam e a carteira de cliente não está produzindo. Momento de crise tem que se reinventar e estamos levando o equipamento até as casas das pessoas. Essa é a forma que encontramos. Temos que criar soluções para as pessoas e correr atrás para fazer com que as coisas aconteçam”, afirma a empresária.

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