CAMPINAS

Delegacias viram depósitos de carros velhos

Pátio superlotado obriga distritos a improvisarem espaços na rua para abrigar veículos recolhidos

Luciana Félix
07/03/2013 às 06:30.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:49
Carro amassado aguarda destino em frente ao 1º DP de Campinas (Elcio Alves/AAN)

Carro amassado aguarda destino em frente ao 1º DP de Campinas (Elcio Alves/AAN)

A superlotação do pátio da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que abriga quatro vezes mais veículos do que sua capacidade, tem transformado as portas dos distritos policiais da cidade em verdadeiros depósitos de carros. São veículos batidos em ocorrências policiais (como acidentes e perseguição), muitos verdadeiras sucatas, e também veículos roubados ou furtados e com problemas na documentação. A situação é pior nas delegacias que fazem atendimento 24 horas (1º DP, 4º DP, 5º DP e 9º DP).

Só na frente do 1º DP, no bairro Botafogo, 12 carros ocupam um lado do quarteirão da Rua Sebastião de Souza. Alguns estão com o teto afundado, vidros quebrados, não possuem rodas nem capô. Já outros, que não possuem nenhum problema aparente, tiveram os pneus murchos para evitar que sejam furtados.

O tempo médio de permanência no local é de ao menos dez dias. Na semana passada, foram transferidos oito veículos que estavam estacionados na frente do 1º DP. Porém, nos últimos dias a quantidade de veículos apreendidos foi suficiente para lotar novamente a frente da delegacia. Sem espaço na guia, um deles teve que ser estacionado em cima da calçada, atrapalhando a passagem de pedestres.

No 4º DP, no Taquaral, o problema se repete — são ao menos cinco veículos apreendidos. Como no distrito há um pequeno estacionamento, os carros e motos são colocados lá.

Remoção

Os carros só são removidos do local quando “abre vaga” no pátio municipal. Em média, entram 22 veículos por dia e saem 18, gerando um acúmulo médio de quatro veículos por dia. O problema de superlotação é antigo, mas tem se agravado desde o final do ano passado. Existe um acordo entre a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) e Município para o uso do espaço.

Porém, a capacidade do pátio, que fica no Jardim São João e tem uma área de 26 mil m², é de duas mil vagas, mas hoje está com oito mil veículos. Do total depositado neste pátio, cinco mil são resultados de apreensões da Polícia Civil por furto, roubo, sequestro, envolvimento em acidentes ou questões judiciais que mantêm os veículos empilhados à espera de decisões de juízes. Outros dois mil veículos já se transformaram em sucata.

As ocorrências que são feitas por agentes de trânsito da Emdec são retiradas com mais rapidez e representam menos de 10%.

“Está ruim para todo mundo. Diariamente tentamos arrumar vaga no pátio. Os veículos acabam ficando na rua. Mas procuramos deixá-los em um espaço onde podem ser vigiados por câmeras da delegacia. De dentro os policiais podem ver o que está acontecendo”, afirmou o delegado José Carlos Fernades da Silva, titular do 1º DP.

O delegado Seccional de Campinas, José Carneiro Campos Rolim Neto, afirmou que um processo de licitação para abrir um novo pátio está em andamento. Na semana passada, o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que a intenção é criar pátios regionais em diversos pontos do Estado. “Mas uma solução seria a compactação desses veículos e a venda da sucata compactada em leilão. Como ocorreu no pátio de Santo Amaro (Capital).”

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