Prefeitura planeja recuperação; especialista pede ação urgente
Superfície de contenção lateral rompida, barras de ferros estruturais expostas, erosão do solo e bueiros suspensos despejando água na encosta. A combinação ameaça a ponte da Avenida Prestes Maia sobre o córrego Piçarrão, por onde passam quase 80 mil carros todos os dias, e a Secretaria de Infraestrutura de Campinas pretende abrir licitação para corrigir os problemas. A obra deve ocorrer nos meses de estiagem, segundo a Prefeitura, e a Defesa Civil descarta riscos iminentes para motoristas e pedestres. Um especialista consultado pelo Correio, entretanto, recomenda avaliação e intervenções imediatas, inclusive com interdição da ponte.
Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em engenharia de transportes Creso de Franco Peixoto, o problema mais visível são as placas com mais de três metros de comprimento que se soltaram das encostas laterais. Uma rocha na cabeça da ponte também está exposta a um processo erosivo em período de chuva mais intensa — agravado pelos bueiros suspensos, que jogam água na encosta. “Se não houver uma intervenção, a erosão chegará no leito carroçável e pode haver afundamento do pavimento e da calçada, colocando em risco os motoristas e pedestres, o que considero inaceitável.”
As barras de ferro expostas sob o viaduto, e que aparentemente não oferecem risco à estrutura, segundo Peixoto, podem provocar falência estrutural e também exigem intervenção rápida. Essas barras longitudinais estão aparentes por dois motivos possíveis: falha executiva ou impacto de veículos altos”, disse. Segundo Peixoto, uma corrente de voltagem microscópica, gerada pela circulação de água dentro do concreto, gera a oxidação do ferro, que aumenta de tamanho e rompe o concreto. “Aparentemente, está exigindo recuperação em curto prazo”, ressalta.
Um talude sob a Prestes Maia, encostado na avenida que passa embaixo, a Celso da Silveira Rezende, também está exposto. “Ele deveria ser estabilizado com placa de concreto, em último caso com placa de grama, porque em local sombrio a grama costuma morrer. O problema de deixar assim é sofrer escorregamento e afundamento na cabeça da ponte em cima.”
A água de esgoto que passa pelo córrego é outro problema que põe em risco a estrutura da ponte. “Aparentemente, pela cor da água, cinza, é um esgoto velho. E quanto mais velho pior. Ele gera vapores sulfurosos, agressivos a estruturas de concreto e podem acelerar o processo de apodrecimento. O ferro vai enferrujar mais rápido.”
A Defesa Civil informou que o desabamento das placas de contenção no córrego não oferecem risco imediato para os motoristas. O secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella, disse que, como o problema envolve a cabeceira das pontes e requer uma intervenção de grande porte, ele foi passado para a Secretaria de Infraestrutura. Esta, por sua vez, informou que a obra vai para licitação e o processo deve durar 30 dias. As obras começam em seguida e devem ser feitas nos meses de estiagem. A estimativa é que sejam feitas em 60 dias, antes do período de chuvas.
A obra deve atingir aproximadamente 50 metros de extensão do canal do Piçarrão. O cimento que caiu será retirado, o terreno será compactado, os taludes reformulados. Pode haver necessidade de interdição de faixas.
Paralelamente, a Secretaria de Serviços Públicos vai substituir as placas de concreto do córrego Piçarrão que se soltaram, no trecho que vai da Vila Marieta até a Vila Industrial. Segundo Paulella, assim que uma escavadeira hidráulica, atualmente usada em obras na região do Ouro Verde, for liberada, as obras no Piçarrão serão iniciadas, o que deve acontecer a partir do dia 10 de junho.