SAÚDE PÚBLICA

Déficit de pessoal afeta atendimento no Mário Gatti

Hospital municipal de Campinas precisa de mais 476 funcionários, segundo o sindicato

Sarah Brito/AAN
11/03/2014 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 15:19

A crise vivida no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti ganha mais um capítulo: além das longas filas de espera enfrentadas pela população diariamente, a equipe teria um déficit de quase 500 profissionais. De acordo com o Sindicato do Servidores Públicos de Campinas (STMC) seriam necessários mais 476 profissionais da área da enfermagem — 103 enfermeiros e 373 técnicos — para sanar o problema. As vagas são de pessoas que saíram — por aposentadoria, por exemplo — e não foram substituídas.O hospital, por meio da assessoria de imprensa, informou que “reconhece a necessidade de funcionários como uma realidade dos últimos cinco anos”. Atualmente, o hospital possui 1.524 profissionais em sua equipe.Segundo o sindicato, que realizou o levantamento no final do ano passado, as condições de trabalho estariam péssimas, deixando os funcionários sobrecarregados e estressados. Hoje, os trabalhadores realizam assembleia em frente ao hospital para discutir a falta de funcionários e a extensão do prêmio produtividade a todo os trabalhadores da rede municipal de saúde.O prêmio foi concedido na última semana apenas aos médicos do hospital. São 411 profissionais que receberão, a partir deste mês, a produtividade com valores que variam entre R$ 1.067,00 e R$ 3.200,00 nesta primeira fase.Nos próximos seis meses, todos os médicos serão submetidos a um critério de avaliação e terão de cumprir metas para que continuem recebendo o benefício. O pagamento era uma reivindicação antiga da categoria, uma vez que apenas metade deles recebia o valor.A concessão gerou revolta entre a equipe, uma vez que o decreto não limita o prêmio produtividade apenas a categoria de médicos. Segundo o coordenador do STMC, Tadeu Paranatinga, os trabalhadores chegam a emendar até dois plantões devido ao déficit de funcionários.“Tem que ser mais justo. Não sou contrário ao médicos, mas defendo todos os trabalhadores. A categoria está indignada”, afirmou. Paranatinga disse que, em dezembro, a Prefeitura chegou a chamar profissionais de concurso público, mas que o número não foi suficiente. Segundo ele, foram 75 técnicos em enfermagem, mas apenas 30 foram alocados no Hospital, e 12 enfermeiros. A Prefeitura informa que foram chamados 82 técnicos e 14 enfermeiros. DesculpaA situação do Hospital Mário Gatti é sentida pelos pacientes, que chegam a esperar quatro horas para serem atendidos devido a falta de profissionais. Há relatos de descaso e até de uma placa próxima a sala de medicação que pede “desculpa” e informa que há falta de profissionais de enfermagem.“É uma vergonha, um caos. Tem médico pedindo a conta. Sei porque procurei um cardiologista, e os quatro que trabalhavam aí saíram”, relatou o pedreiro José Osmar Correia, de 45 anos. Ele estava desde as 7h30 no hospital com a esposa, que foi atendida às 11h.A dona de casa Fátima Pereira, de 47 anos, afirmou que é muito difícil ter de recorrer ao hospital, pois é muito demorado. “Quando venho, costumo tirar o dia, porque realmente demora”. Fátima também estava desde às 7h no hospital. Por volta de 12h30 esperava o resultado de exames da filha. “Já vi funcionários muito estressados, porque têm que assumir diversas funções. E isso piora o atendimento”, disse.O conselheiro de saúde do distrito Norte Valdir Oliveira afirmou que o déficit de funcionários sobrecarrega os funcionários. Segundo ele, a questão das horas extras é um dos principais problemas, pois uma equipe pode chegar a “dobrar” por não haver funcionários. “Muita gente da manhã acaba ficando à tarde, e, às vezes, até a noite. E a demanda de paciente por profissional aumenta”, disse.

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