SEGURANÇA PÚBLICA

Déficit de delegados é alto na região

Campinas tem contingente cerca de 35% abaixo do que foi previsto há 25 anos, aponta Adpesp

Alenita Ramirez
14/07/2018 às 18:42.
Atualizado em 28/04/2022 às 11:31
O presidente da Adpesp, Gustavo Galvão Bueno: falta material humano (Matheus Pereira/AAN)

O presidente da Adpesp, Gustavo Galvão Bueno: falta material humano (Matheus Pereira/AAN)

Com 1.182.329 de habitantes, Campinas tem apenas 458 polícias civis de diversas carreiras e 52 delegados. Esse contingente está cerca de 35% abaixo do que foi previsto há 25 anos, quando o município tinha cerca de 800 mil moradores. Esse déficit se torna mais expressivo quando contabiliza o quadro existente nos 38 municípios que integram o Departamento de Polícia Judiciária São Paulo Interior 2 (Deinter-2). De acordo com dados da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), faltam 43 delegados e 725 policiais civis, 23,76% e 39,21% respectivamente. Em nota da SSP, a Secretaria afirma que esses dados estão desatualizado. Veja texto nesta página. Das 181 vagas de delegados destinadas à região, 23,76% não foram preenchidas, o que afeta profundamente os serviços prestados pela Polícia Civil à população, segundo o presidente da Adpesp, Gustavo Mesquita Galvão Bueno. Entre as cinco seccionais que integram a região, a mais afetada pela falta de delegados, segundo a associação, é Jundiaí, com um déficit de 53,74%. Ou seja, conta com menos da metade das vagas preenchidas destinadas à região - apenas 31 de um quadro previsto de 67 delegados. Já a carência de policiais civis na região de Campinas, somadas todas as 14 carreiras, é bem maior que a de delegados. Chega a 39,21% do total de homens previstos para o Deinter-2. Faltam 725 policiais, num quadro com 1.849 vagas.As seccionais mais prejudicadas pela falta de policiais civis são a 2ª de Campinas e novamente Jundiaí. Na 2ª Delegacia Seccional faltam 154 policiais. O quadro previsto para ela era de 281 policiais e 24 delegados, mas atualmente possui 154 e 17 respectivamente, um escassez de 54,8% e 26%. “Assim como em todo o Estado de São Paulo, há falta de material humano. Na 2ª Seccional temos duas delegacias sem titulares, que também carecem de escrivães e investigadores. É importante que o quadro esteja completo para andamento dos trabalhos, mas procuramos otimizar o serviço com o pessoal existente”, disse o delegado seccional, José Henrique Ventura. Em Jundiaí, o déficit é um pouco menor, de 47,37%, com 244 cargos vagos num total previsto 515 policiais civis. Em Mogi Guaçu, a falta é de 38,52% dos policiais civis. Há 99 cargos vagos. Em Bragança Paulista, a escassez é de 136 policiais, 36,46% do total previsto de 373. Na 1ª seccional de Campinas, as vagas em aberto totalizam 92 policiais civis, 21,74% do previsto de 423 vagas. No entanto, o número de delegados está acima do estimado de 30, está com 35. “Essa situação se agrava muito por contas dos baixos salários pagos e a redução na atratividade da carreira, que muitos policiais deixam para tentar outras ou para a mesma, mas em outros estados, que pagam melhor”, disse Bueno. Na última quinta-feira, o representante da Adpesp se reuniram com delegados da região na sede do Deinter-2, no complexo da 1ª Seccional, no bairro Botafogo, em Campinas, para debater e ouvir opiniões de delegados sobre a segurança pública nos municípios. “São Paulo está longe de ser modelo em segurança pública. Apesar de apresentar índices positivos em homicídios, por exemplo, o Estado apresenta números elevados em crimes patrimoniais. São Paulo é nascedouro e crescimento da maior organização criminosa do País. O fato ocorreu por conta da aplicação de políticas públicas equivocadas de sucateamento da Polícia Civil, que é investigativa e de inteligência e, portanto, a única capaz de sufocar a criminalidade organizada”, defende Bueno. De acordo com o presidente da Adpesp, tanto a associação como o sindicato estão visitando os pré-candidatos ao Governo do Estado para apresentar propostas e soluções que visam melhorar o sistema na segurança pública. “Não são pleitos corporativos, mas propostas para melhoria”, frisou. As entidades também acompanham o Grupo de Trabalho (GT) que elabora estudo sobre a Polícia Civil, com base na possibilidade de transferir a corporação para a Secretaria de Justiça, anunciada pelo governador Márcio França (PSB). 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por