Advogado dos réus sustentou a teoria de que Diego teria participação mínima no crime
Durante sessão, familiares e amigos realizaram uma manifestação diante do fórum para pedir justiça e protestar contra o Código Penal vigente ( Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)
A Justiça de Campinas realizou na tarde desta terça-feira (3) a segunda audiência sobre o caso do estudante Mário dos Santos Sampaio, morto a facadas aos 22 anos, na véspera do Ano Novo, durante uma briga com os proprietários e um funcionário de um restaurante no Guarujá após divergência de R$ 7,00 na conta. A audiência precatória foi marcada por momentos de tensão entre defesa e acusação e teve como objetivo ouvir as testemunhas arroladas no processo que moram em Campinas, entre elas amigos e a namorada do estudante, Patrícia Bonani, que presenciaram o crime.Durante as três horas de depoimentos, o advogado dos réus José Adão Pereira Passos e do filho dele, Diego Souza Passos, tentaram sustentar a teoria de que Diego teria participação mínima no crime. Ele também tentou convencer o juiz Sergio Araújo Gomes, da 2ª Vara Criminal, que o motivo do assassinato não foi os R$ 7,00 de diferença na conta. Segundo o defensor, existe uma outra versão para o crime, que envolveu apenas José Adão e que só será revelada no tribunal do juri. "A razão não foi a diferença de R$ 7,00, uma vez que Adão autorizou o pagamento do R$ 12,90 e o problema do valor foi resolvido ali. Depois houve um segundo fato. Uma testemunha disse que Diego ficou insatisfeito com a atitude do pai, que o teria desautorizado, e isso teria gerado um outro episódio. Mas o motivo real só será revelado no plenário do júri e tem relação à defesa de José Adão. Já quanto ao Diego, a pretensão é sustentar a tese de que sua punição deverá ser outra. Contra ele pesam apenas ameaça e lesão corporal, não de homicídio" , disse o Gilberto Rodrigues, que defende os Passos.Na audiência desta terça-feira, dos três acusados de homicídio qualificado, apenas o garçom Robson Jesus de Lima esteve no Fórum Central da cidade, mas não acompanhou as oitivas. Ele responde ao processo em liberdade. O proprietário da churrascaria, José Adão e o filho dele, Diego, que estão detidos desde janeiro no Guarujá e também respondem pelo crime, não vieram à Campinas.A expectativa era de que seis testemunhas fossem ouvidas, mas apenas três prestaram depoimentos, uma foi dispensada e duas não compareceram e também devem ser dispensadas, segundo os advogados. Durante a sessão, os advogados dos réus questionavam as testemunhas em relação à discussão ocorrida do lado de fora do restaurante, após a efetivação do pagamento. "A senhora lembra de ter ouvido o Mário gritar para José Adão alguma coisa parecida com 'vai tomar no...' ou 'corno'" , indagava Gilberto Rodrigues, advogado dos Passos. Por várias vezes, a promotoria teve de interromper os questionamentos alegando que os advogados estavam tentando fazer as testemunhas caírem em contradição. As supostas ameaças feitas por Diego e pelo garçom foram evidenciadas nos depoimentos de todas as testemunhas, que em nenhum momento caíram em contradição, apesar das diversas tentativas da defesa. As três testemunhas se emocionaram várias vezes ao recordar os fatos.Para o advogado da família do estudante Antonio Gonzalez dos Santos Filho, a mudança na estratégia da defesa é mais uma tentativa de achar brechas para tirar a responsabilidade dos réus. "Eles esquecem que a confusão toda começou por causa da diferença, independentemente de o crime ter ocorrido após o pagamento de R$ 12,99, tudo aconteceu por causa da divergência. Não existe fato isolado. O que eles podem fazer é tentar desqualificar o Mário, mas não existe um outro motivo", disse.Já a defesa do garçom seguiu a linha do advogado de José Adão e Diego sobre um segundo fato no dia do crime e ainda negou qualquer participação de seu cliente na confusão. Durante a sessão, familiares, amigos e pessoas que se solidarizaram com o caso realizaram uma manifestação diante do fórum para pedir justiça e protestar contra o Código Penal vigente.