Um dos motivos para a melhora foi a ampliação da fiscalização via satélite
Na imagem, grande queimada ocorrida na segunda-feira em área de mata pertencente ao Exército; os últimos três meses acumularam metade dos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado (Rodrigo Zanotto)
A poucos dias do fim do mês de julho, a cidade de Campinas apresentou uma evolução considerável em relação às queimadas no município. Segundo a Defesa Civil, foram registradas 23 ocorrências até terça-feira (25), já considerando uma que aconteceu na segunda-feira (24) em uma área do Exército. No ano passado, considerando o mesmo mês de julho, foram 73 focos de queimadas.
A queda no número de incêndios também foi constatada nos meses anteriores a julho. Em maio deste ano, 28 casos foram registrados contra 43 no ano passado. Já no mês de junho de 2022 a Defesa Civil registrou 22 casos contra 18 em 2023. A quantidade de queimadas caiu pela metade somando os três meses (maior a julho) de cada ano, 138 em 2022 e 69 em 2023.
Conforme explicou o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, há três motivos possíveis para a redução ocorrida. O primeiro deles é a operação estadual “São Paulo Sem Fogo”, que busca prevenir e combater os incêndios florestais e queimadas em grandes áreas verdes próximas a regiões rurais e urbanas. A operação foi lançada no mês passado e é uma parceria entre as Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística e de Segurança Pública com a Defesa Civil do Estado.
O governo de São Paulo investiu mais de R$ 97 milhões na aquisição de equipamentos anti-incêndio, veículos, limpeza de áreas marginais de rodovias, ampliação do uso de tecnologia de boletins meteorológicos e monitoramento via satélite. Este programa realizou diversas ações de controle e fiscalização, incluindo as que foram feitas em parceria pelas cidades do interior do Estado com a Operação Estiagem.
Sidnei citou os períodos de frentes frias, registrados nos meses anteriores e principalmente em julho, como bastante significativos para a redução do número de queimadas.
“Este é um detalhe importante para o número alcançado de denúncias e detecção de queimadas por toda a cidade. Quando se aproximam as quedas nas temperaturas, como neste mês, os números caem automaticamente.”
Por último, o responsável pela Defesa Civil em Campinas destaca a maior fiscalização do município via satélite.
“As pessoas estão atentas e a fiscalização está mais rigorosa. Ao identificar uma propriedade rural em chamas, a comunicação entre a própria Defesa Civil e a Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas é imediata, gerando notificação ao proprietário. Em caso de reincidências são aplicadas multas aos responsáveis pela área”, finaliza.
O Corpo de Bombeiros também registrou queda no número de queimadas na vegetação de Campinas no 1º semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2022. Nos primeiros seis meses de 2023 foram registradas 373 ocorrências contra 559 no ano passado.
A corporação alerta que a umidade do ar fica mais baixa e o ar mais seco no período de inverno, o que são condições facilitadoras para que as matas peguem fogo. Por isso, a conscientização da população, no sentido de que não se deve atear fogo em resíduos nas áreas rurais, tem extrema importância.
Na tarde da última segunda-feira (24), uma queimada, a 23ª em Campinas neste mês, atingiu a área de mata que pertence ao Exército. O Corpo de Bombeiros foi acionado para auxiliar os homens do Exército que já estavam no local com caminhões. Não houve registro de feridos no local.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou a se alastrar por volta das 14h. Os agentes trabalharam para apagar as chamas até o final da tarde.
A Defesa Civil alerta que o mês de agosto é, tradicionalmente, um dos meses mais secos do ano e recomenda à população que evite exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h. O consumo de água e a manutenção da umidificação do ambiente são essenciais. A Operação Estiagem da Defesa Civil segue até 30 de setembro.
Conforme o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, o tempo seguirá quente e seco na Região Metropolitana de Campinas (RMC) pelos próximos dias, alternando entre períodos de céu claro e parcialmente nublado, mas sem expectativas de chuva.
SP SEM FOGO
A operação lançada pelo governo estadual também conta com ações e investimentos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Fundação Florestal (FF) e Secretaria de Agricultura e Abastecimento. No lançamento, no dia 7 de junho, o governador Tarcísio de Freitas falou da importância de iniciar o que ele definiu como "estado de prontidão permanente".
"Hoje damos o pontapé inicial de um estado de prontidão permanente, porque chegamos nesse período mais crítico, onde as atenções vão estar voltadas para os incêndios florestais. Então, todo esse aparato de equipamentos e tecnologia à disposição dos municípios é para que a gente possa prontamente prever ou dar as respostas necessárias. Para que a gente tenha um bom resultado, evitando as queimadas, a perda de reserva florestal, a perda da fauna e do patrimônio."
“Nós temos que evitar os incêndios, temos que evitar o cigarro em rodovias, a queimada irregular, o fogo no lixo, evitar os balões, porque são fontes causadoras de incêndio e o período de estiagem demanda de nós esse cuidado permanente”, completou o governador em discurso realizado na ocasião.
A participação direta da população também é fundamental para impedir e mitigar a propagação descontrolada de incêndios em áreas verdes durante a estiagem. O Governo de São Paulo afirmou que está intensificando alertas em áreas com grande circulação de pessoas, como terminais de transporte público, rodovias, unidades do Poupatempo, relógios de rua e pontos de ônibus, além de campanhas em veículos de comunicação e internet.
É importante que a população não queime lixo nem jogue bitucas de cigarro em vias públicas ou terrenos. Quem solta balões comete crime ambiental, com pena de um a três anos de detenção e pagamento de multas. As denúncias podem ser feitas diretamente à Polícia Militar Ambiental ou Corpo de Bombeiros pelos telefones 190 e 193.