CALORÃO CONTINUA

Defesa Civil alerta para risco de incêndios com outono seco

A previsão é de temperaturas acima da média e menor volume de chuvas

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
25/04/2024 às 08:56.
Atualizado em 25/04/2024 às 08:56
Operação Estiagem deve durar até setembro e durante este período, a Defesa Civil acompanhará os índices de umidade do ar, a previsão meteorológica e a vazão dos mananciais, prevenindo incêndios em áreas verdes (Alessandro Torres)

Operação Estiagem deve durar até setembro e durante este período, a Defesa Civil acompanhará os índices de umidade do ar, a previsão meteorológica e a vazão dos mananciais, prevenindo incêndios em áreas verdes (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) enfrenta um outono atípico, com temperaturas elevadas e tempo seco, segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri). A previsão é de temperaturas acima da média, menor volume de chuvas e clima mais seco nos próximos meses, antes do início do inverno. Diante do contexto do El Niño e dos eventos climáticos cada vez mais extremos devido às mudanças climáticas, a Defesa Civil se prepara para iniciar a Operação Estiagem em maio.

Sidnei Furtado, chefe do órgão, expressa preocupação com os extremos climáticos, a escassez de chuvas e os incêndios em áreas de vegetação. O Cepagri ainda não tem previsões precisas para os próximos meses, já que as estimativas são mais acuradas em períodos mais curtos.

A Operação Estiagem deve durar até setembro. Durante este período, a Defesa Civil acompanha os índices de umidade do ar, a previsão meteorológica e a vazão dos mananciais, prevenindo incêndios em áreas verdes. A Secretaria Municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas) intensifica a fiscalização e as ações preventivas em áreas verdes propensas a queimadas.

Conforme o calendário da Administração, a Operação Estiagem deve durar até setembro. "Durante este período, a Defesa Civil, acompanha os índices de baixa umidade Relativa do ar e a previsão meteorológica, verifica a vazão dos mananciais e atua no sentido de prevenir focos de incêndios em área de cobertura vegetal. Além disso, a Secretaria Municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas) intensifica a fiscalização e as ações preventivas nas áreas verdes, onde ocorrem queimadas com mais frequência. As principais áreas de monitoramento são as unidades de conservação, como a Área de Proteção Ambiental (APA) de Campinas e a APA do Campo Grande", informou a Prefeitura em nota. A Defesa Civil deve divulgar, na próxima semana, os primeiros dados referentes a incêndios desde o início do outono. 

MUDANÇA DE ESTAÇÃO

O verão terminou em 20 de março como o segundo mais seco dos últimos 35 anos na região, com apenas 400 milímetros de chuva, 41% abaixo da média esperada de 683 milímetros, informou o Cepagri. O único verão mais seco foi em 2013, com 215 milímetros, quando ocorreu uma das maiores crises hídricas da história do Estado.

O balanço da Operação Verão da Defesa Civil municipal indica uma queda significativa nas ocorrências relacionadas a chuvas devido aos baixos índices registrados. Entre dezembro de 2023 e abril de 2024, foram registradas 158 quedas de árvores e galhos e 62 alagamentos, totalizando 220 ocorrências. No verão anterior, houve 508 quedas de árvores e galhos e 716 alagamentos.

Bruno Bainy, pesquisador do Cepagri, afirma que a região ainda é influenciada pelo El Niño, que provoca aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, afetando o clima. Esse fenômeno levou a dias com temperaturas superiores a 41°C no final do ano passado.

Embora o El Niño esteja se dissipando, Bainy alerta que as temperaturas do Oceano Pacífico devem se normalizar até meados do ano, mas ainda haverá influência no clima do Sudeste brasileiro, com temperaturas elevadas ao longo dos meses.

Nas ruas, a população sente que o período mais frio ainda está longe. Na Praça Ruy Barbosa, uma loja de sorvetes registrou um movimento elevado, similar ao do verão, com as vendas de açaí e milkshake em alta devido ao calor persistente.

Beatriz Souza, vendedora de 19 anos, relata que as vendas de sorvetes e açaí estão acima do normal para esta época do ano. "Com esse calorão, as pessoas buscam sorvete e açaí para se refrescar", disse.

Lúcia Bizi, de 72 anos, buscou um suco natural para se refrescar do calor fora de época. A pensionista, que fazia compras na Rua 13 de Maio, teme que as altas temperaturas durante o outono se tornem comuns. "Não me lembro de um outono tão quente assim. Acredito que os problemas ambientais, como o desmatamento, contribuem para a falta de chuvas. O jeito é se refrescar como dá, até que o frio apareça", afirmou.

As previsões para o restante do outono apontam para temperaturas acima da média e chuvas abaixo do esperado, segundo Bainy. "A tendência é que mantenhamos chuvas abaixo da média e temperaturas acima. No geral, o calorão deve continuar", ressaltou.

O Cepagri informou que a média de chuva para abril é de 67 milímetros, mas até quarta-feira (24) foram registrados apenas 15 milímetros na estação, volume que dificilmente aumentará muito, conforme as estimativas. "Pode até ter um ou outro episódio de chuva, mas é pouco provável que seja em volume expressivo", explicou Bainy. 

Na série histórica, os menores registros de chuva em abril foram em 2020 (0 mm), 2000 (4,6 mm), 2021 (11,9 mm), 2016 (13,2 mm) e 2015 (24,1 mm). As projeções indicam que abril de 2024 pode ser um dos meses mais secos dos últimos 35 anos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por