Dedicação à arte rende frutos e muita satisfação

A arte sempre esteve impregnada no sangue de Marly Stracieri, 74 anos. Tanto, que decidiu estudar Artes Plásticas. Para isso, foi à Europa e desembarcou em Moscou, onde estudou a técnica russa de retrato. Essa carreira de sucesso internacional agora ganha mais um capítulo: em 2019, ela completa 34 anos de curadoria das exposições de artes da Academia Campinense de Letras. Desde 1985, a artista é a curadora da Galeria Lélio Coluccini, que fica logo na entrada do imponente prédio da Academia Campinense de Letras, no Centro de Campinas. "Antes, os eventos eram separados. As reuniões dos acadêmicos no salão nobre eram separadas das exposições e outros eventos. Eu consegui juntar tudo", relembra. O trabalho de curadoria é de muita responsabilidade. Esse profissional é quem responde pela galeria, escolhe os artistas e, muitas vezes, até as obras que serão expostas. "O meu trabalho é de formiguinha, faço de presente a curadoria para a Academia Campinense de Letras. É um trabalho que gosto muito, faço com todo amor e carinho", diz Marly. Recentemente, a dedicação rendeu frutos. A curadora conseguiu uma parceria com a ArtCom Expo Internacional da Noruega. A ArtCom é uma Associação Internacional de Artistas, que busca promover a cultura com intercâmbio da arte e da literatura entre os países, em particular entre a Europa e a América Latina. "Fiquei muito emocionada. Com essa parceria, a galeria Lélio Coluccini passou a ser internacional. Esse foco trouxe uma valorização muito grande para a galeria", explica. Todo artista que expõe na galeria recebe um certificado. Esse documento passou a ser internacional desde a parceria, o que traz ainda mais reconhecimento para o espaço. O certificado é avaliado, inclusive, em seletivas de concursos públicos, de acordo com a curadora. "Tive artistas que expuseram aqui e depois foram fazer concurso na USP. Uma de Campinas passou na frente de 13 candidatos por causa do certificado", afirma. "Ela se tornou uma galeria importante para Campinas, graças a minha batalha de formiguinha, bem devagarinho, mas que consegui que tivesse uma repercussão muito grande porque nós não temos quase galeria em Campinas", comenta. Marly não se intimida em mostrar o seu reconhecimento no meio. "Recebi o título de membro executiva da ArtCom Expo Internacional da Noruega, e recebi agora o título de comendadora da Casa Real dos Arameus e Auranitas, que é um título nobre, que me honra muito. É um título muito importante. É mais uma valorização para eu trazer os artistas internacionais aqui para as galerias que eu sou a curadora", diz, orgulhosa. "Sou artista plástica, professora de artes, escritora, poeta e pedagoga. Sou a única no Brasil que faço a técnica russa de retrato, eu fui fazer o curso com o professor de Belas Artes de Moscou. Sou a única que continuo fazendo esse trabalho de retrato com técnica russa", conta. Segundo ela, 17 artistas brasileiros foram estudar naquele país. Mas três se destacaram. "Fomos três que conseguimos essa repercussão grande. Teve um professor Campinas que já faleceu, recebeu o certificado de ouro, eu recebi o de prata, e o professor de São Paulo recebeu o de bronze, mas ele está hoje na Rússia. Então, no Brasil eu sou a única que faz a técnica russa em retrato", afirma. "Eu acho que Campinas merece uma valorização das galerias, da arte. Campinas é a cidade das artes e da música. Acho de extrema importância essa valorização. Consegui que os presidentes das Academias de Campinas recebessem a medalha e o título de membro da Casa Real Dos Arameus e Auranitas dos Filhos de Davi. A princesa que entregou. Isso é coisa rara. Tem a dinastia desde a época de Jerusalém", finaliza. Espaço Marly reclama da falta de espaço e visibilidade para a arte nos espaços da cidade. "Antigamente, fiz muito evento no Círculo Militar, no Concórdia, no Cultura Artística, no Tênis. Naquela época os clubes abriam esse espaço para os artistas. Hoje não tem mais esse espaço. Temos que contar com essa galeria, a galeria da Academia Campineira de Letras e Artes, e a galeria do Centro de Ciências, Letras e Artes, que eu também estou fazendo a curadoria lá, que estava abandonada e eu revitalizei aquela galeria, agora está muito bonita", avalia. EM CARTAZ O escritor Monteiro Lobato, criador da obra Sítio do Pica Pau Amarelo, é o tema da exposição de quadros que está atualmente na galeria da Academia Campinense de Letras. Na última segunda-feira, na sessão solene do mês, houve uma palestra com o tema Três Olhares Sobre Monteiro Lobato, ministrada pelas acadêmicas Regina Márcia Tavares, Eliane Morelli Abrahão e Cecília Prada. Na sequência, foi realizado um vernissage de abertura da exposição Contos e Encantos Infantis de Monteiro Lobato, na Galeria Lélio Coluccini. Na galeria estão expostas 32 obras de 21 artistas, todas relativas aos livros do escritor. SAIBA MAIS Quem quiser conferir a exposição, a Academia Campinense de Letras fica na Rua Marechal Deodoro, 525, Centro. De segunda a sexta no horário comercial.