Na opinião de especialista, entre os serviços disponíveis o WhatsApp reinará na questão das discussões políticas, mas isso não significará um resultado satisfatório nas urnas
WhatsApp tem potencial tanto para transferir mensagens a uma rede de contatos quanto para discutir temas (Cedoc/ RAC)
Que as mídias sociais são imprescindíveis na atualidade, isso ninguém duvida. Mas qual será o impacto delas nas eleições de outubro, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores? Os futuros candidatos já têm alguma experiências em promoção pessoal utilizando essas ferramentas, mas isso não basta. Muitos foram buscar cursos e aprimoramento no meio digital para conseguir ampliar o eleitorado. Na opinião de especialista ouvido pelo Correio, entre os serviços disponíveis, o WhatsApp reinará na questão das discussões políticas, mas isso não significará necessariamente um resultado satisfatório nas urnas. “A ferramenta é a aposta, tanto por candidatos, no sentido de transmitir as informações de campanha à sua rede de contatos e à militância, quanto pelos próprios eleitores, para discutir de forma séria ou até mais ironizada as propagandas”, diz o publicitário, doutor em ciências da Comunicação pela USP, Victor Kraide Corte Real, diretor de planejamento da Sociedade Brasileira de Comunicação Política (Politicom) e professor de marketing da PUC-Campinas. “Certamente o WhatsApp e aplicativos similares de comunicação instantânea serão intensamente utilizados pelos eleitores para trocar informação sobre os candidatos, servindo muito mais como fonte de desconstrução, ironia e humor do que, infelizmente, como espaço para discussões mais aprofundadas sobre política”, afirmou o especialista. Para o publicitário, por parte dos candidatos, o caminho para conquistar votos deverá também ser muito orientado nas postagens via Facebook, pelo fato de ainda ser a mídia social com maior número de adeptos e maior tempo de dedicação pelos brasileiros, mas outras redes como YouTube, Instagram, Snapchat também serão exploradas como abordagens alternativas de aproximação. Em relação ao Facebook, especificamente, o professor ressalta que a rede social continua muito forte entre os jovens mas que, aos poucos, tem sido substituída por outras, apesar de ainda ser a preferida da maior parte dos usuários da internet. Quanto ao Twitter, o especialista explica que de fato a rede deixou de ser utilizada pelo público em geral, e se tornou bastante segmentada e seletiva, com usuários com perfil crítico e de formação de opinião. O publicitário considera que provavelmente ainda será usado por alguns candidatos que tiverem intenção de dialogar com um eleitor mais sofisticado e com maior repertório. Em Campinas, o Correio apurou que muitos partidos bancaram cursos para os futuros candidatos ao cargo de vereador. A ideia era capacitá-los para usar as redes sociais de forma adequada. Existe entre os políticos uma preocupação do uso equivocado e, em vez de aproximar o eleitor, afastá-lo, ou até mesmo, cometer ilegalidades. Agilidade A estudante Luna Semeghini de 16 anos, aposta no Twitter, entre as redes sociais, para debater temas como política, por ser uma das redes mais ágeis, dispondo de no máximo 140 caracteres. A adolescente votará pela primeira vez este ano, e afirma que, “apesar de já estar massante toda essa discussão sobre política, seria impossível pensar em termos políticos sem a internet”. Luna faz parte da chamada geração Z, e considera que “qualquer coisa importante que aconteça está na rede”. “Se você não se informar, não consegue nem bater papo na escola”, afirmou. Em nova era, legislação 'corre atrás' O professor Kraide Corte Real avalia que as novas tecnologias de comunicação proporcionaram mudanças radicais na sociedade e, em relação aos períodos eleitorais, acredita que a legislação não consegue acompanhar com tanta agilidade essas mudanças. “Por isso, a cada pleito, novas regras são definidas no sentido de orientar e definir as limitações da internet no processo de decisão do voto.” Conforme o especialista, é possível destacar dentre os impactos resultantes dessas mudanças o fato do intercâmbio de informações ter se tornado muito mais “dinâmico, intenso e interativo”. A lei proíbe durante a campanha, por exemplo, o uso de links patrocinados. Não é permitida pela Justiça Eleitoral qualquer propaganda paga na Internet. Quem não respeitar a regra fica sujeito a multa que pode chegar a R$ 30 mil. A lei permite a criação de sites, envio de mensagem eletrônica para cadastros do candidato, partido ou coligação, desde que seja gratuito, em blogs, redes sociais, cujo conteúdo tenha sido editado pelo candidato, partido ou por iniciativa de qualquer pessoa. As mensagens enviadas devem conter um mecanismo para que o eleitor possa se descadastrar.