ESCÂNDALO NA CÂMARA

De olho em Zé Carlos, CPI da Propina retoma trabalhos nesta quarta

Vereadores tentam desvendar história nebulosa sobre aluguel de switcher

Thiago Rovêdo/ [email protected]
30/11/2022 às 08:17.
Atualizado em 30/11/2022 às 08:17
Vereadores membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Propina voltam a se reunir (Gustavo Tilio)

Vereadores membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Propina voltam a se reunir (Gustavo Tilio)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Propina da Câmara de Campinas volta a se reunir nesta quarta-feira (30) para mais uma rodada de depoimentos. Desta vez, serão ouvidos, a partir das 13h, o ex-diretor de Tecnologia de Informação e Telecomunicação da Câmara, Roni Alvarenga, um dos responsáveis pelo Estudo Técnico Preliminar (ETP) e análise de um novo modelo de licitação para o canal oficial de televisão da casa, além do servidor Paulo Rabelo. Abertas ao público, as oitivas acontecem no Teatro Bento Quirino, no Centro, e voltam a versar sobre as denúncias contra o ex-presidente da Casa, Zé Carlos (PSB).

A CPI foi formada para apurar suposta cobrança de propina - cometida pelo então presidente da Câmara, Zé Carlos, e o ex-subsecretário de Relações Institucionais da Casa, Rafael Creato - para que empresas terceirizadas conseguissem manter ou prorrogar seus contratos com o Legislativo. Uma dessas empresas terceirizadas é o Grupo Mais, de propriedade de Celso Palma, que mantém contrato com a Câmara para operar a TV do Legislativo.

Palma afirmou, durante o depoimento, que o switcher (instrumento profissional para gerenciamento de televisão) alugado era de qualidade inferior ao equipamento que ele já dispunha. O aluguel superaria R$ 400 mil em um contrato de quatro anos, sendo que Palma afirma ter pago cerca de R$ 30 mil para comprar um aparelho superior, e que hoje está encostado. O contrato foi firmado justamente com a empresa Costa Norte, que, anteriormente, tinha o contrato da TV Câmara.

Rabelo irá falar sobre o aluguel do switcher usado pela TV Câmara. Trata-se de um dispositivo que conecta todos os elementos da rede e atua como ponte ou unidade de controle para que computadores, impressoras, servidores e todos os outros dispositivos possam se comunicar.

De acordo com Gaspar, a convocação foi feita para entender tecnicamente todo o processo de licitação do equipamento e também da TV Câmara, pois os dois estariam relacionados. "Os próximos depoimentos vão ser sobre questões específicas, mas essencialmente técnicas, que estão em documentos que foram produzidos. A CPI tem que andar por um caminho que leve à questão central, que são as denúncias de pedido de propina. É o que vai nos dar condição de dar uma resposta para a sociedade e para a própria Casa", afirmou o vereador Paulo Gaspar (Novo), presidente da CPI da Propina.

Sobre 2014

A CPI da Propina volta a falar sobre Zé Carlos após uma imersão em denúncias sobre o contrato de 2014, na qual os membros ficaram focados em comprovar uma acusação de pedido de propina em 2014, sem sucesso. Citado como o autor do suposto pedido, o presidente da Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa), Valter Greve, negou as acusações.

Ao menos, por enquanto, não estão mais programados depoimentos relacionados às acusações sobre irregularidades na licitação de 2014 da TV Câmara. Considerando o tempo gasto sem conseguir comprovar o pedido de propina naquele ano, e a dificuldade para avançar na apuração dentro de sua competência, a decisão foi por retomar o que era o objetivo inicial da CPI: as acusações contra o ex-presidente Zé Carlos.

A acusação partiu de Danilo Palma, ex-sócio do Grupo Mais, atual administradora da TV Câmara. Ele disse que a empresa foi desclassificada do processo licitatório de 2014 após o pedido de uma "contribuição" de R$ 50 mil, que seria utilizada para financiar a campanha a deputado estadual do então presidente da Casa, Campos Filho.

Valter Greve foi taxativo ao afirmar não conhecer o ex-sócio do Grupo Mais. Greve disse que nunca teve contato ou sequer viu o empresário, e que se o encontrasse na rua não saberia quem é. Consequentemente, ele negou ter havido uma reunião entre ele, Campos Filho e Danilo Palma.

O presidente da Ceasa ainda revelou que, ao lado de Campos Filho, entrou com um processo por calúnia contra os irmãos Danilo e Celso Palma. Os denunciantes não tinham provas sobre o suposto pedido de R$ 50 mil.

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