ATAQUES ÀS ESCOLAS

Dário reúne PF, PM e a Civil para criar comitê pela paz

Órgãos de segurança externos vão trabalhar em conjunto com GM e secretarias

Luis Eduardo de Sousa Reis/ luis.reis@rac.com.br
15/04/2023 às 09:26.
Atualizado em 15/04/2023 às 09:26

Dário Saadi se reuniu ontem com representantes das polícias Federal, Militar e Civil, além da Guarda Municipal e secretaria de Educação, para discutir a situação das escolas (Alessandro Torrres)

Campinas teve média de 31 registros de supostas ameaças contra escolas por dia na última semana letiva, de acordo com balanço da Guarda Municipal (GM). O dado foi divulgado em reunião na Prefeitura onde novas medidas para conter a violência nas unidades educacionais do município foram discutidas e um 'Comitê de Gestão Integrada para a Cultura de Paz', que tem como membros Polícia Militar (PM), Polícia Civil, Polícia Federal (PF), Guarda Municipal (GM) e as secretarias municipais de Educação e Comunicação, foi firmado.

Nos últimos cinco dias letivos foram recebidas 158 denúncias de ataques, todas elas com informações falsas, estimuladas e reproduzidas em redes sociais. Mesmo com a boataria, a Guarda informou que foram realizados 1.020 patrulhamentos em portas de colégios da rede municipal e particular durante o mesmo período. Em um momento em que se discute medidas de segurança e convivência nas unidades de ensino, Campinas e outras cidades da região seguem anunciando novas medidas.

Na reunião de sexta-feira (14), que contou com a presença de diversos membros da Administração e das forças de segurança, o Comitê foi anunciado pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos). Ele vai funcionar como uma ferramenta de integração entre os órgãos e instituições envolvidos.

De acordo com o prefeito, o objetivo é o compartilhamento em tempo real de informações para dar celeridade aos atendimentos emergenciais em unidades de ensino, se necessário, e para ampliar a segurança preventiva. "Vamos atuar de forma conjunta com compartilhamento em tempo real das denúncias de supostas ameaças em que cada força policial vai atuar na sua função".

Campinas anunciou as primeiras medidas de mesmo cunho no último dia 7. Na ocasião, o prefeito anunciou o aumento do monitoramento nas escolas, através da instalação de câmeras nas 208 unidades da rede municipal e da facilitação da entrada das escolas particulares no Programa Monitora Campinas - que usa câmeras de prédios particulares para compor o banco de imagens de Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp). Dário também anunciou, na semana passada, a criação de um canal direto de comunicação entre a Guarda Municipal e as escolas do município.

A novidade agora é a participação da Polícia Federal que deve atuar no campo da inteligência. Isso porque a Administração campineira quer monitorar redes sociais para identificar potenciais ataques. "A princípio não há atribuição da Polícia Federal para atuar nesses crimes, quer porque a maioria dos casos é cometida por menores, e aí é realmente uma questão exclusiva da Polícia Civil, quer porque não há a caracterização de determinados requisitos para que haja atribuição da Polícia Federal. Portanto, a PF entra com serviço de inteligência, de troca de informações, inclusive para fazer a ponte com as medidas que têm sido tomadas pelo governo federal. Nosso papel é articular essas informações, ver se algum perfil já foi investigado, se é fake. Um papel de auxiliar", disse o delegado da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza.

Na prática, com as informações correndo mais rápido entre os participantes do comitê, a intenção é desburocratizar e dar celeridade às investigações e ações de polícia judiciária. A Administração pediu ainda a colaboração de pais e alunos para que evitem o compartilhamento de informações falsas, que têm contribuído para amedrontar a população e "atolar" ainda mais as forças de segurança, que acabam por se deslocar para averiguar ocorrências que não existem. "Pedimos que as pessoas tenham responsabilidade antes de compartilhar uma informação. Verificar na mídia, na imprensa, se aquela informação é verdadeira antes de espalhar no WhatsApp ou rede social. Se não for noticiado por um órgão de imprensa, é fake. Não passem informações antes de verificar veracidade", frisou Dário.

A Prefeitura informou ainda que desde o anúncio do dia 7, 130 estabelecimentos de ensino da rede particular se interessaram pela entrada no Programa Monitora Campinas. Destes, 34 já aderiram e 96 estão em processo de andamento.

Região

Cidades de Região Metropolitana de Campinas (RMC) continuam anunciando medidas para solidificar seus respectivos sistemas de segurança. Até agora, pelo menos 15 confirmaram alguma ação de prevenção aos atentados. Na quinta-feira, Jaguariúna informou que vai adotar detectores de metal nas entradas dos 35 colégios da rede municipal. A Administração informou que vai comprar 126 detectores, no total. O município já havia anunciado a criação de um "botão do pânico" nas escolas por meio do aplicativo "CCC Jaguariúna", a contratação de mais 25 guardas municipais, a implantação da "atividade delegada" para ampliar o apoio da Polícia Militar no município e a adoção de treinamento de defesa pessoal para professores e demais funcionários das escolas.

Valinhos também reforçou as medidas de segurança, anunciadas inicialmente na semana passada. Em coletiva realizada na sexta-feira, a prefeita Capitã Lucimara Godoy (PSD) disse que a Guarda Civil Municipal vai manter o patrulhamento nas escolas pelos próximos dias, tanto das redes municipal quanto estadual e particular. Além desta ação, que é temporária, anunciou a implantação de novos equipamentos como travas especiais que impedem a abertura das portas pelo lado de fora, câmeras de segurança integradas monitoradas pela GCM e botão de segurança, essas nas unidades da rede municipal.

Por fim, Morungaba, que suspendeu as aulas após suposto ataque na última quarta-feira, anunciou que vai aderir ao monitoramento por câmeras nas escolas. Na quinta-feira, a Prefeitura realizou um treinamento de defesa pessoal com os 300 servidores da Educação, lecionado pela Polícia Militar. A prefeitura prevê ainda a contratação de 20 guardas patrimoniais que atuarão nas escolas. Sobre isso, um Projeto de Lei foi enviado à Câmara de Morungaba. 

Estado Na quinta-feira, o Estado também anunciou um pacote de políticas públicas, um investimento imediato de R$ 240 milhões. Entre as medidas estão a contratação de psicólogos e segurança particular, botão de acionamento prioritário (Botão do Pânico) e reforço no policiamento e na Ronda Escolar.

Na sexta-feira, a PM deu início ao botão de acionamento de Segurança Escolar, que foi incluído no aplicativo de acionamento da corporação, o 190-SP. Com a função, o acionamento desloca imediatamente a viatura mais próxima à ocorrência, sem a necessidade de passar pela etapa de atendimento telefônico através do 190. O botão poderá ser usado em qualquer localização do Estado e o aplicativo pode ser baixado gratuitamente na loja de aplicativos do smarthphone.

Ao todo, serão contratados 550 psicólogos e 1.000 seguranças privados para atuar nas escolas estaduais. Além da ampliação do número de professores com horas exclusivas para lidar com questões de convivência e atualização da Plataforma Conviva - Placon, local para registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino.

Sobre isso, o Sindicato dos Professores do ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) vê como equivocadas as medidas anunciadas que, na visão da entidade, vão promover mais gastos e manter velhos problemas. "Não precisamos de policiais nas escolas, precisamos que se promovam políticas públicas, esportes, lazer. Demandas que há anos não são ouvidas e que só agora, com a explosão da violência, o Estado toma medidas que ainda assim não vão saná-las", comentou Suely Fátima de Oliveira, diretora estadual da entidade.

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