Dário prevê 100 mil casos de dengue em Campinas até maio

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), alertou para um possível marco alarmante na história da cidade: até maio, o município pode atingir 100 mil casos de dengue. Em 2015, Campinas enfrentou sua pior epidemia, com 65.754 casos registrados ao longo de doze meses. Atualmente, o Estado de São Paulo já contabiliza 127.978 casos, sendo 11.919 em Campinas, representando mais de 9% do total do estado.

Dário fez o aviso durante uma reunião entre membros da Secretaria de Saúde de Campinas e representantes dos hospitais públicos e privados da cidade, enfatizando a necessidade de diretrizes reforçadas para atender à população diante da epidemia de dengue. Ainda segundo o prefeito, o pico dos casos deve ocorrer do final de março até abril. 

“Temos os dados da Vigilância em Saúde que indicam um aumento significativo nos casos da doença em Campinas nas próximas três a oito semanas. Espera-se um pico de incidência muito alto, superando o registrado em 2015. Portanto, é crucial agir em duas frentes. Continuaremos a solicitar à população que, pelo menos uma vez por semana, faça uma inspeção em suas residências e quintais, eliminando qualquer acúmulo de água que possa servir como criadouro do mosquito da dengue. Isso é fundamental para prevenir a propagação da doença. E acrescentamos mais mil pessoas todos os finais de semana nos mutirões. Infelizmente, nós temos cerca de 40% a 50% das casas que ou não têm ninguém ou não permitem a entrada dos agentes da dengue," enfatizou.

Segundo informações da Prefeitura, a Administração conta com quase 1 mil pessoas nas ruas em ações diárias para prevenção e combate à dengue em diversas frentes. Esse número deve receber o reforço anunciado por Dário. Estatísticas do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) indicam que 80% dos criadouros estão nas residências. 

CONSCIENTIZAÇÃO NAS ESCOLAS 

Além das ações coordenadas pela Prefeitura no combate à dengue, a conscientização nas escolas emerge como uma estratégia fundamental. Um exemplo concreto desse engajamento é observado na Escola Estadual Professor Ary Monteiro Galvão, situada no Jardim Eulina.

Em alusão ao Dia D de Mobilização Estadual contra a dengue, na sexta-feira, a escola realizou uma ação com os moradores próximos, promovendo panfletagem no entorno da escola. Os panfletos foram desenvolvidos pelos alunos do quinto ano, que criaram os desenhos e incluíram informações importantes sobre a prevenção da dengue, e serão distribuídos para a comunidade.

Segundo Jani Nelly Coutinho, diretora da escola, a instituição atende crianças do primeiro ao quinto ano. "Por ser o Dia D de combate à dengue, planejamos a entrega de panfletos ao redor da escola para conscientizar a população local. Devido ao aumento dos casos, já prevíamos que a dengue seria um assunto importante e incluímos no planejamento. Cada turma realizou uma atividade para aprender mais sobre o mosquito. Além do que aprendem em sala de aula, queremos plantar a sementinha e fazer com que levem esse conhecimento para fora da escola."

Rosana Aparecida Lanza Vendito, professora do quinto ano, compartilhou o entusiasmo da turma ao elaborar os panfletos. "O tema da dengue já foi abordado no currículo Paulista no ano passado. Tivemos aulas sobre várias doenças, incluindo a dengue. Agora, com vários casos da doença em nosso bairro, retomamos o assunto, coincidindo com o currículo de língua portuguesa que trata de notícias (jornalísticas). Decidimos integrar esses temas e desenvolvê-los ao longo dos dias, e eles amaram a ideia de produzir os panfletos e entregá-los para a comunidade."

Para Jaime Bortoleto, morador que recebeu um dos panfletos, a iniciativa foi bem-vinda. ”Acho incrível! É muito importante que as crianças tenham essa conscientização desde cedo e que sejam capacitadas para receber e compartilhar informações sobre saúde, como no caso da dengue. Com a quantidade de informações disponíveis hoje em dia, é essencial que elas saibam filtrar e transmitir conhecimento de forma eficaz. É realmente admirável ver como esse tipo de educação está se tornando parte integrante do currículo escolar.”

Outros projetos foram elaborados pelas crianças, conforme destacou Ana Cláudia, professora do segundo período B, no turno da tarde. "Começamos com a história 'Um Reino sem a Dengue', que apresenta todo um reino baseado em uma narrativa lúdica para que as crianças compreendam a importância da conscientização, prevenção e sintomas da dengue.

Em seguida, realizamos um ciclo dos mosquitos da dengue, demonstrando como eles evoluem. As crianças criaram maquetes representando desde os ovos até a fase adulta do mosquito da dengue."

Os estudantes Esther, Júlia, Lara e Joshua, que estão no primeiro ano, contaram o que aprenderam durante o projeto. “Pintamos um monte de quebra-cabeças do mosquito e também conversamos bastante sobre como evitar os mosquitos chatos. Descobrimos que não dá pra deixar água parada de jeito nenhum e que é importante virar as tampinhas. Ah! E também não podemos deixar nada que acumule água, tipo sacolinha de plástico. Aprendemos que quando estamos com dengue, ficamos com dor de cabeça, moleza no corpo e aparecem umas manchinhas. Se a gente tiver esses sintomas, tem que contar para a mamãe e para o papai! E também é muito importante passar repelente, tanto em casa quanto na escola.” 

Na sexta-feira (1), cerca de 100 agentes da Secretaria de Saúde realizaram visitas a imóveis para orientar a população e eliminar possíveis criadouros do mosquito, especialmente nas regiões do Santo Antônio e Santa Rosa. Outras atividades incluíram a telagem de caixas d’água na área da Vila Costa e Silva, nebulização costal em regiões próximas aos centros de saúde Nova América, Santa Bárbara e São Vicente, além de nebulização veicular no Vila Vitória. O trabalho contou com o apoio da Defesa Civil, que realizou vistorias em imóveis abandonados ou desocupados utilizando drones.

ORIENTAÇÕES PARA POPULAÇÃO

A pessoa que tiver febre deve procurar imediatamente um centro de saúde para obter um diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. A Saúde faz um apelo para que a população não subestime os sintomas e evite a automedicação, pois isso pode prejudicar a avaliação médica, o tratamento e a recuperação.

Para aqueles que suspeitam de dengue ou têm a doença confirmada e apresentam sintomas como tontura, dor abdominal intensa, vômitos repetidos, sudorese fria ou sangramentos, é recomendado buscar ajuda o mais rápido possível em um pronto-socorro ou em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

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