Nesta sexta-feira (29), os servidores públicos que trabalham na unidade protestaram, afixando por todos os corredores e repartições cartazes exigindo reforma
Placa improvisada com papelão informa que o banheiro está quebrado; parte do prédio foi interditado ( César Rodrigues/ AAN)
O prédio onde funciona o Centro de Saúde do Taquaral ameaça ruir. Rachaduras profundas tomam todo o imóvel. A Defesa Civil chegou a interditar um trecho do imóvel em novembro por causa de um deslocamento de terra que desnivelou o piso. A manutenção predial é precária. Há portas apodrecidas, paredes manchadas, pisos encardidos, telhas arrebentadas. Sem assistência adequada, já chegaram a ser desativados equipamentos essenciais, como o dopler, a autoclave e os compressores. Nesta sexta (29), os servidores públicos que trabalham na unidade protestaram, afixando por todos os corredores e repartições cartazes exigindo reforma. Médicos, enfermeiros e atendentes trabalharam com blusas pretas sob os jalecos. Mas, temendo represálias, ninguém quis dar entrevista. O Conselho Distrital de Saúde já denunciou o quadro precário ao Ministério Público (MP). De acordo com o conselheiro Cláudio Trombetta, a situação ameaça a segurança dos funcionários e dos usuários, além de prejudicar a prestação dos serviços públicos. Um consultório odontológico no trecho mais comprometido do prédio, por exemplo, permanece de portas fechadas. A recente vacinação contra a gripe precisou ser transferida para o salão paroquial da igreja do bairro. Até o acondicionamento de remédios sofre riscos. Segundo servidores que acompanharam a reportagem pelos cômodos, os problemas surgiram em setembro. As primeiras trincas decorreram, acreditam, das obras pesadas na quadra ao lado, onde eram erguidas duas torres de apartamentos. Mas também existem problemas no próprio terreno do centro de saúde. Raízes de antigas árvores danificaram a fundação do prédio. Um laudo pericial, alertando sobre a necessidade de intervenções estruturais, chegou ao conhecimento da Secretaria Municipal de Saúde antes da virada do ano e o início das reformas teria sido agendado para janeiro. Mas, até agora, nada foi feito. Com base nos depoimentos ouvidos dentro do próprio CS, os conselheiros fazem outra denúncia. O postinho foi erguido de maneira improvisada há cerca de 20 anos em uma área da gleba onde já funcionava a escolinha infantil do bairro. “Não encontramos sequer a planta. Não sabemos se a construção seguiu critérios técnicos ou se o prédio é seguro”, diz Trombetta. O protesto organizado ontem no Taquaral é, segundo o próprio conselho, apenas a primeira etapa de uma campanha que vai crescer ainda mais. A manutenção precária também preocupa servidores de pelo menos outros cinco postos do Distrito de Saúde Leste: Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro, Vila 31 de Março, Jardim Conceição, Vila Costa e Silva, bairro Carlos Gomes. “Pode virar uma calamidade. O governo municipal precisa tomar medidas urgentes, garantir investimentos para um setor que é essencial”, afirma Trombetta. A Secretaria Municipal de Saúde informou na sexta que fará a manutenção da unidade e que os moradores que dependem dos serviços do CS Taquaral passarão a ser atendidos, provisoriamente, em outros três postos da região a partir de data ainda a ser definida (veja texto nesta página). A reforma efetiva do posto do Taquaral será executada logo após a desocupação do prédio para as obras, que serão feitas com verbas oriundas de termos de ajustamento de conduta ou compensação ambiental, assinados com empreendedores com negócios na região. Ainda não há orçamento estimado.