D. João Inácio Müller vai a Roma ver o papa e as basílicas

O arcebispo metropolitano de Campinas, Dom João Inácio Müller, viajou na sexta-feira (23) para Roma, onde visitará o papa Francisco e as basílicas papais de São Pedro, São Paulo, São João do Latrão e Santa Maria Maior. A visita ad Limina Apostolorum deve ser realizada pelos bispos de todo o mundo a cada cinco anos, como prevê o Código de Direito Canônico, quando prestam contas de suas administrações ao papa e a Santa Sé. Dom João está acompanhado pelos arcebispos de Botucatu, Dom Maurício Grotto de Camargo, e do de Ribeirão Preto, Dom Moacir Silva. Os três fazem parte da Regional Sul 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

"Levarei cada um de vocês, intenções e preces. Colocarei ainda diante do papa e também, de modo muito particular, nas igrejas, nas basílicas que nós vamos visitar", disse o arcebispo de Campinas em uma mensagem de vídeo dirigida aos fiéis católicos. A ida a Roma é também uma viagem de trabalho, de reuniões e de contatos, que os bispos realizam junto à Santa Sé e a seus diversos organismos, dicastérios e comissões pontifícias.

Com uma antecedência mínima de três meses e máxima de seis da visita, os bispos devem enviar à Santa Sé um relatório completo e minucioso da situação geral de suas dioceses, respeitando uma normatização secular, instituída pelo papa São Pio X, em 1909. 

A Arquidiocese de Campinas é formada por mais oito municípios: Elias Fausto, Hortolândia, Indaiatuba, Monte Mor, Paulínia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Ao todo, são 102 paróquias, 19 capelas, 140 padres diocesanos e 26 diáconos. 

A visita a Roma é, ainda, uma oportunidade para que os religiosos renovem a sua fé diante de Pedro, um dos 12 discípulos de Jesus Cristo, apontado como "príncipe dos apóstolos" e primeiro bispo de Roma, sendo, por isso, considerado o primeiro papa. "Os bispos do mundo inteiro, de tempos em tempos, fazem essa visita ao papa para mostrar obediência a Pedro", disse Dom João.

Locais emblemáticos

"Nós queremos também, de novo, apoiar-nos na fé de Pedro e sermos confirmados pelo papa Francisco", completou. As visitas às basílicas papais terão início na segunda-feira. A visita ad Limina Apostolorum, significa no limiar, na soleira, na entrada, nos limites (das basílicas) dos apóstolos. 

Essas igrejas, também chamadas de basílicas maiores, estão localizadas em Roma, no Vaticano, e respondem diretamente à autoridade do papa. Elas recebem essa denominação por possuir trono, altar papal e uma porta santa, que é aberta apenas nos Anos Santos. 

No dia 26, os arcebispos visitarão a Basílica de Maria Maior (di Santa Maria Maggiore), dedicada a Nossa Senhora. Na terça, será a Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde está o túmulo do apóstolo. O arcebispo de Campinas presidirá a missa, que será realizada nesta igreja. No dia seguinte, será a vez a Basílica de São João de Latrão.

O encontro dos bispos com o papa Francisco está agendado para a quinta-feira de manhã. No período da tarde, eles visitarão a Basílica de São Paulo. "Mantenhamo-nos unidos em prece nesta peregrinação que o pastor de vocês fará a Roma", pediu Dom João Inácio. Pela tradição católica, o Ano Santo é chamado de Jubileu e ocorre a cada 25 anos. A data começou a contar em 1300, quando ocorreu a primeira comemoração. 

No Jubileu, ocorre a abertura das portas dessas basílicas, determinada somente pelo papa ou seu encarregado. O retorno dos arcebispos de Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto ao Brasil está previsto para o dia 3 de outubro. 

Dom João Inácio tomou posse como arcebispo metropolitano de Campinas em junho de 2019, posto que estava vago desde julho do ano anterior, quando Dom Airton José dos Santos foi transferido para a cidade de Mariana, em Minas Gerais. Ele é o oitavo bispo e o sexto arcebispo da Arquidiocese de Campinas.

Gaúcho de Santa Clara do Sul, entrou para a carreira religiosa na ordem dos frades menores em abril de 1985 e foi ordenado sacerdote em dezembro de 1988. Obteve licenciatura em Teologia Espiritual no Antonianum, em Roma. Em setembro de 2013, foi nomeado pelo papa Francisco como bispo da Diocese de Lorena (SP). 

AS BASÍLICAS PAPAIS 

✔ São Pedro

Ela foi construída entre 1506 e 1626 sobre o túmulo de São Pedro, onde atualmente é a cidade-estado do Vaticano. Para manter a tradição, os papas são enterrados dentro da basílica. É o principal centro religioso católico do mundo, onde ocorrem os conclaves (votações secretas para eleger um novo papa) e também é a residência oficial do Sumo Pontífice.

Na entrada na basílica está exposta uma das obras mais conhecidas de Michelangelo, a escultura Pietá, toda feita de mármore. Ela conta ainda com uma estátua de bronze de São Pedro e diversas salas de oração.

A basílica é considerada um marco cultural, histórico e arquitetônico. A clássica estrutura renascentista guarda tesouros de milênios, incluindo pinturas, esculturas, artefatos e paredes decoradas. Ela é conhecida como um dos locais mais santos da cristandade. A construção iniciada no século 16 substituiu a antiga Basílica de São Pedro, Ela foi projetada pelos maiores mestres da época, incluindo Donato Bramante, Michelangelo, Carlo Maderno e Gian Lorenzo Bernini. 

✔ São João de Latrão

A construção foi iniciada por Constantino, no século IV, mas o formato atual só foi finalizado em 1589. Durante esse período, passou por várias reformas e reconstruções. A basílica foi fundada no século IV em homenagem a São João Batista, João Evangelista, São João de Latrão. Ela é considerada a mãe de todas as igrejas e é a única do mundo que recebe o título de arquibasílica. Em frente à Igreja está o Santuário da Escada Santa, onde se encontra a escada, de 28 degraus, que Jesus teria subido para ser interrogado com Pôncio Pilatos antes da sua crucificação. Os visitantes que desejam subi-la, devem fazer isso de joelhos. A descida é feita por uma outra escada que fica ao lado.

✔ Basílica de São Paulo Extramuros

Ela é muito grande e conta com mais de cem colunas no interior e exterior. É nela onde estão os restos mortais de São Paulo. A consagração ocorreu por volta do ano de 330, sendo feita pelo Papa Silvestre. O imperador Constantino proclamou a liberdade de culto em 313, pondo fim à perseguição contra o cristianismo, e mandou construir duas basílicas sobre os túmulos de Pedro e Paulo. 

A igreja conta com um claustro e sítio arqueológico com mais de 1 mil metros quadrados. Nessa área histórica encontram-se os restos de um mosteiro, do qual não se conhecia vestígio arqueológico e restos de um pórtico com colunas. Segundo depoimento de um historiador da época, ligava as Muralhas Aurelianas (Porta di San Paolo e Pirâmide de Caio Cestio) com a antiga Basílica de São Paulo, além de vários achados artísticos.

✔ Santa Maria Maior 

A igreja foi construída entre 442 e 440, sendo uma das das mais preservadas de Roma. A basílica é dedicada à Maria, mãe de Jesus, e no seu interior há uma estátua do Papa Pio IX. Ele é o segundo que ocupou o cargo por mais tempo, ficando atrás apenas de São Pedro. Um dos destaques da basílica é seu teto, que é todo feito de ouro.