UNICAMP

Custo com aposentados consome 35% da folha

Nos últimos 30 anos, o comprometimento cresceu 1.353,97%

Francisco Lima Neto
17/09/2019 às 08:50.
Atualizado em 30/03/2022 às 15:52

Anuário da Unicamp divulgado na semana passada mostra que o comprometimento dos custos com aposentados tem crescido de forma vertiginosa na universidade e hoje já responde por 34,75% da folha. Há 10 anos, esse índice era de 17,51%. Mais ou menos neste período, o orçamento aumentou em cerca de R$ 1 bilhão. Em 1989, ano em que foi concedida a autonomia universitária, a despesa da Unicamp com aposentados era de apenas 2,39%. Um aumento de 1.353,97% em 30 anos. De acordo com Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, o comprometimento deve crescer ainda mais. "Não tem como evitar o aumento. A gente é uma universidade jovem, com autonomia em 1989. Vai aumentar mais (o comprometimento). Só não cresce sem controle porque as pessoas, infelizmente, morrem. Em algum momento cria um certo equilíbrio", avalia. O orçamento da universidade cresceu R$ 1 bilhão em nove anos. Em valores nominais, a universidade recebeu R$ 1,2 bilhão do Tesouro do Estado em 2009. Em 2018 esse valor alcançou R$ 2,2 bilhões. "Em valores reais, a Unicamp arrecada recursos do ICMS igual ao ano de 2011, fato que dificulta muito o pagamento das despesas. Os custos aumentaram mais que a inflação. A universidade cresceu nesse período. Criamos o campus de Limeira, por exemplo", explica Knobel. Ainda segundo o mesmo Anuário, no ano passado, a folha de pagamento representava 91,85% das despesas da Unicamp. Em 1989 esse mesmo indicador representava 69,12%. Segundo o reitor, o ideal é que esse índice atinja 85%. "Quando eu assumi em 2017 era 103%. O gasto da folha era maior do que o que recebia. Estamos trabalhando para reduzir. O ideal é chegar em 85% porque fica mais equilibrado. O problema são as aposentadorias", diz. A universidade ressalta que essa situação inviabiliza novos gastos de custeio, bolsas e investimentos. "Nos últimos anos chegamos ao mínimo possível com os gastos de custeio, além da suspensão de diversas obras e investimentos. Fato que tende a se agravar em 2019, devido a uma corrida pelas aposentadorias antes da chegada da nova previdência", adianta a assessoria de imprensa. Contudo, os gastos não param de aumentar. O Programa de Auxílio à Alimentação consumia R$ 6,4 milhões em 2009 com 6.414 beneficiados. Em 2018 o valor saltou para R$ 102,4 milhões com 9.700 assistidos. Isso aconteceu porque em 2009 os valores eram escalonados: 300 auxílios a R$ 220, 400 auxílios a R$ 165, 500 auxílios a R$ 110 e 5.214 auxílios a R$ 80. Só os menores salários recebiam. A partir de 2013 todos passaram a ter o benefício. Se já não bastasse essa situação, a arrecadação própria da Unicamp também sofreu uma grande queda. Em 2016 essa receita era de R$ 151,9 milhões, em 2017 R$ 106,8 milhões, até atingir R$ 73,6 milhões no ano passado. As receitas próprias são provenientes de aplicações financeiras, receitas de transportes (fretados dos servidores), receitas dos restaurantes universitários (pagamento da alimentação), receitas das unidades universitárias (vendas de serviços) e receitas diversas (ressarcimentos, doações, venda de sucatas).A reserva financeira da Unicamp era cerca de R$ 1,4 bilhão em 2015 — esse estoque financeiro tinha um rendimento alto. Atualmente, essa reserva é de cerca de R$ 500 milhões, o que faz o rendimento cair muito, refletindo na diminuição das receitas próprias. Fora tudo isso, 20% das verbas recebidas do Estado pela universidade são repassadas para complementar as despesas hospitalares.

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