DESENVOLVIMENTO

Cultura criativa é chave para a competitividade

Identificar oportunidades e buscar soluções são essenciais

Da Agência Anhanguera
08/05/2018 às 07:33.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:58
Para o diretor da Planifer, Dirço da Costa Júnior, incentivar a inovação e o desenvolvimento de novos processos de fabricação é prioridade (Leandro Torres/AAN)

Para o diretor da Planifer, Dirço da Costa Júnior, incentivar a inovação e o desenvolvimento de novos processos de fabricação é prioridade (Leandro Torres/AAN)

O mundo tem mudado cada vez mais rápido, e acompanhar essa evolução já não é apenas desejável, mas uma questão de sobrevivência para as empresas, inclusive, para os negócios de pequeno e médio porte. Alguns empreendedores ainda acreditam que inovar significa apenas criar, do zero, processos ou tecnologias completamente novas, de forma disruptiva. Entretanto é importante frisar que a inovação também é ter um olhar novo sobre as ações, medidas e práticas que já existem. Para tanto é necessário que as empresas desenvolvam, implementem e mantenham uma cultura de criatividade entre seus colaboradores. Somente desta forma é possível reinventar os processos internos, identificar oportunidades e avançar em competitividade. Referência em projetos de ferramentas e usinagens especiais de alta precisão, a Planifer — instalada em Campinas há 30 anos — que atende os segmentos aeronáutico, Óleo & Gás e automobilístico, há seis anos, resolveu apostar em projetos inovadores para crescer e se manter no mercado. Para o diretor da empresa, Dirço Soares da Costa Júnior, a inovação foi o combustível que manteve a empresa ativa, principalmente, no período de instabilidade econômica. “Conseguimos melhorar nossos processos, ser mais competitivos, visando sempre nosso objetivo estratégico, que é se manter como uma empresa de soluções no ramo de usinagem”, destaca. Segundo Dirço Júnior, o mercado aeronáutico é, “sem sombra de dúvidas”, o que mais desafia a empresa a se superar na busca por novas soluções eficientes. Tanto que o projeto de inovação mais significativo da Planifer foi desenvolvido para a Embraer, com o apoio da Desenvolve SP, agência do governo do estado de São Paulo que tem como objetivo financiar o desenvolvimento dos pequenos e médios empresários. “Trata-se de uma técnica de furação profunda, na qual utilizamos um processo de alta tecnologia, ferramentas e equipamentos específicos, além de dispositivos desenvolvidos pela nossa engenharia”, detalha Dirço Júnior. O projeto tinha como objetivo a nacionalização da técnica, que até então, era desenvolvida somente no exterior. “A partir da tecnologia adquirida, produzimos peças com furos de 8 mm de diâmetro por 2100 mm de comprimento, com tolerâncias muito precisas, desenvolvidas para o piso do avião KC390 da Embraer”, esclarece Dirço Júnior. Foram os desafios impostos às pequenas e médias empresas que impulsionaram a Planifer a criar uma cultura interna de resiliência e melhoria contínua. Aos poucos esta cultura, somada à mão de obra de altíssimo nível técnico, maquinário de alta tecnologia e programas de melhoria, consolidaram a inovação como um valor da empresa. “Incentivamos, constantemente, o desenvolvimento de novos processos de fabricação através das equipes de engenharia, qualidade e produção. Buscamos nos capacitar em novas tecnologias com o objetivo de aumentar o portfólio de serviços”, conta Dirço Júnior. O diretor lembra que ao longo dos anos, a empresa teve êxito em novos processos de fabricação que resultaram em otimizações, por exemplo, com a implantação da metodologia Lean Manufacturing, um sistema de manufatura enxuta que surgiu no Japão com o objetivo de entregar ao cliente o maior valor possível, investindo o mínimo de recursos, e do Kaizen, uma filosofia empresarial de melhoria contínua. A comprovação que os esforços inovadores valeram a pena veio com diversas premiações, como “Melhor Fornecedor do Ano”, na categoria Serviços de Usinagem, da Embraer. Dirço Júnior ainda ressaltou a proximidade com os grandes centros de pesquisa e tecnologia da região de Campinas como um benefício para quem quer inovar. “O recurso humano é fundamental. Pessoas capacitadas pensam fora da caixa e encontram novas soluções. Mesmo quando não há muito recurso disponível, nossas equipes conseguem desenvolver projetos inovadores. Isso é bem importante, uma vez que nosso desafio principal é a questão financeira que está atrelada à inovação”, completa Dirço Júnior. Um desafio possível Para o diretor-executivo da Inova Unicamp, agência de inovação da universidade, Newton Frateschi, pequenas e médias empresas que já nascem com a inovação em sua espinha dorsal, como as startups de base tecnológica, também encontram no fator econômico a principal dificuldade para inovar. “Em geral, os empresários que estão à frente destes negócios sempre buscam recursos que possibilitem a implementação da inovação sem colocar em risco aquilo que eles já possuem”, explica Frateschi. As pequenas e médias empresas que estão mais distantes da base tecnológica também não são imunes à necessidade da inovação. Nesse sentido, Frateschi explica que a cultura da inovação deve ser fortalecida nestas empresas. “Se você traz algo novo para o seu negócio, naturalmente, você se coloca em uma posição melhor e tem mais chances de se sair bem. A solução para empresas que querem ser ainda mais competitivas, definitivamente, não é continuar fazendo o que todo mundo já faz. A inovação é fundamental”, esclarece.

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