Em busca de apoio na Câmara, a prefeita de Sumaré, Cristina Carrara (PSDB), fechou aliança com o PCdoB após meses de articulações. O acordo foi fechado em reunião anteontem com o presidente estadual do partido, o ex-ministro Orlando Silva, que esteve na cidade. Com a aliança, a tucana arrebanhou para o seu lado mais dois parlamentares. Em troca, o PCdoB ganhou de Cristina o comando da Secretaria de Habitação, onde foi nomeada para chefiar a pasta Geralda Magalhães, suplente de vereadora.
A base de sustentação de Cristina na Câmara começou a perder força quando ela rompeu com o presidente da Casa, Dirceu Dalben (MD). Ele era seu principal articulador dentro do Legislativo, blindando-a da oposição. No entanto, a relação se desgastou quando ela exonerou do cargo de presidente do Departamento de Água e Esgoto (DAE) o filho dele, Luiz Alfredo Dalben (MD), que também é vice-prefeito. Com a demissão, o MD (antigo PPS), está sem nenhum cargo no governo de Sumaré deste então.
A Câmara possui 21 vereadores e apenas os cinco parlamentares tucanos mantinham apoio direto à prefeita. Apesar de somente agora oficializar o apoio à tucana, o PCdoB vinha demonstrando proximidade com o governo há meses. Nos bastidores, a informação é de que Cristina esteja negociando apoio de outros partidos. A aliança ventilada seria com o PDT, mas não há confirmação ainda.
Na eleição do ano passado, o PCdoB fazia parte da coligação com o PT, que disputou a Prefeitura de Sumaré com Cristina, tendo como candidato o deputado estadual Francisco de Assis Campos, o Tito. Ele ficou em segundo lugar na disputa.
O vereador, ex-presidente da Câmara e integrante do diretório do PCdoB de Sumaré, Dito Lustosa, negou que o apoio ao governo tucano vá na contramão da postura do partido na esfera nacional, historicamente aliado do PT. “A gente entendeu que Sumaré está passando por dificuldades e esse é o momento de apoiar (a prefeita). Nós queremos o melhor para a cidade”, afirmou. Em seguida, Lustosa disse que em algum momento o partido “tem de fazer parte do governo”. “Não adianta só ser oposição, ficar batendo, a população percebe isso.”
Segundo ele, as articulações com as lideranças municipais estão ocorrendo há vários meses, porém, sempre monitorada por Orlando Silva. Apesar do apoio à tucana, Lustosa disse que o PCdoB deixou claro que a aliança não será repetida nas esferas estaduais e federais, onde o partido é coligado com o PT. Silva, por exemplo, foi ministro dos Esportes da presidente Dilma Rousseff, mas deixou o cargo em 2011, após denúncias de desvios de verba em programa federais. “Aqui é uma situação diferente, uma situação local, de Sumaré. Em 2014, estamos com o PT, com a possível candidatura à reeleição de Dilma”, disse Lustosa.
Cristina Carrara disse que a aliança será boa para seu governo. Quanto a entrega da Secretaria de Habitação nas mãos do PCdoB, ela negou que a decisão possa ser considerada uma “retribuição” ao partido pelo apoio. “O nosso objetivo é conscientizar os partidos para que a Câmara dos Vereadores possa trabalhar junto(com o Executivo). Temos projetos importantes para a cidade.” Segundo ela, há expectativa positiva quanto a novos aliados dentro do Legislativo. “Acredito que ao longo desse período, aos poucos, vamos ter o apoio necessário da Câmara.”