recorde

Crise impulsiona empreendedorismo no Brasil

Com 2,2 milhões de novos negócios, Brasil bateu o recorde de empresas criadas em um mesmo ano

Daniel de Camargo
daniel.camargo@rac.com.br
13/05/2018 às 15:33.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:35

Ivan Zafalon orienta: "Quando se é dono é preciso ter humildade e estar apto a realizar qualquer tarefa" (Leandro Ferreira/AAN)

Apesar do conturbado momento político e econômico, o Brasil bateu o recorde de empresas criadas em um mesmo ano em 2017, registrando cerca de 2,2 milhões de novos negócios, segundo levantamento realizado pela Serasa Experian instituição líder na América Latina em serviços de informações para apoio na tomada de decisões das empresas, que realiza este estudo desde 2010. Os dados apontam um crescimento de 11% em relação a 2016. Dentre os tipos de companhia, destacam-se os microempreendedores individuais, responsáveis por 78,7% do total, ou seja 1.733.061. Com base em análises de seus economistas, a entidade discorre que “o recorde apresentado em 2017 foi determinado pelo chamado empreendedorismo de necessidade. A destruição de vagas no mercado formal de trabalho leva boa parte dos desempregados a abrir um negócio, visando a geração de alguma renda, o que contribui para a curva ascendente na quantidade de MEIs nascidas”. O texto diz ainda que outro fator preponderante é a “crescente formalização dos negócios no Brasil. Em sete anos os Microempreendedores Individuais passaram de 48,9%, em 2010, para 78,7%, em 2017”. Responsável por 54% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, que fechou 2017 em R$ 6,6 trilhões, resultando em um crescimento de 1% referente ao ano anterior, a região Sudeste também é a principal sede de novas empresas, com 52,1% dos “nascimentos”. Inserido nesse contexto por atuar em Campinas, uma das maiores cidades do Estado de São Paulo, que dispõe de grande recurso tecnológico e inúmeras indústrias instaladas no município e arredores, além de hospedar importantes instituições de ensino, Ivan Zafalon, de 47 anos, é um dos muitos brasileiros que optaram por trabalhar do lado de dentro do balcão. Formado em letras, ele dava aula em cursinhos pré-vestibulares até 2010, quando escolheu se aventurar no mundo corporativo. Zafalon entende que sempre reuniu as principais características para empreender, mas que decidiu parar de educar quando sentiu que “não tinha mais nada a contribuir como professor”. Isso, em uma ótica de desenvolvimento pessoal, que segundo ele, não envolveu em nenhum aspecto o fator financeiro. Anteriormente, ele já havia fracassado ao tentar gerir uma transportadora, mas não teve receio no momento em que vislumbrou uma boa oportunidade na construção civil. Zafalon frisa que, na época, “não sabia absolutamente nada” a respeito do ramo. “Persistência e coragem são fundamentais. Ninguém nasce sabendo, e grandes empresários já passaram por dificuldades e cometeram erros antes de acertar”, completa. A chance para entrar de vez no mundo dos negócios se deu por meio da locação de contêineres, em uma empresa que velozmente ele transportou para o universo do franchising. “Eu formatei essa companhia e ela acabou tomando uma proporção muito grande”, revela, sobre a marca que hoje conta com mais de 90 unidades espalhadas pelo Brasil, atendendo em torno de mil municípios. “Foi a grande experiência da minha vida enquanto empresário, pois eu passei por praticamente tudo nesse negócio. Até café eu servi. Quando se é dono é preciso ter humildade e estar apto a realizar qualquer tarefa”, comenta. Hoje, Zafalon presta consultoria para novos negócios, aproveitando o conhecimento agregado ao longo de sua jornada. Para ele, é essencial se planejar antes de arriscar. O ideal é arquitetar a empresa que pretende abrir, enquanto se desliga gradativamente da função responsável por prover o seu sustento. “Muitas empresas são abertas, mas em mesma proporção são fechadas”, por isso, é importante estar bem embasado, o que pode ser feito por meio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae), recomenda Zafalon. Identificação Outro ponto primordial na concepção do consultor, é “empreender em uma área na qual a pessoa se identifica”. Zafalon revela que antes de lecionar foi cartorário, algo que erroneamente pensou que nunca o ajudaria em nada. Ano passado, idealizou a Qualquer Doc, que em suas palavras “aprimorou uma prestação de serviços que era precária”. A startup faz a ponte entre os clientes e os cartórios, possibilitando o recebimento de documentos em casa, sem o estresse do enfrentamento de filas, com atendimento totalmente informatizado e simples. Realizado, Zafalon diz que desempenha sua rotina regrada sem sentir que está trabalhando. “As pessoas devem buscar ocupações que lhes tragam prazer, acima de tudo”, orienta, mas avisa que nem tudo é um “mar de rosas”. Contudo, ele afirma que não se deve ter medo de colocar uma ideia em prática. “E, se der tudo errado. Refaça! Tente outra vez, porque uma hora você vai acertar. Quebrar a cara não é vergonha, faz parte do processo de aprendizado.” Zafalon destaca que o material humano é determinante para o sucesso, por isso aconselha o bom tratamento aos colaboradores e clientes, além de agir sempre dentro da legalidade. “Uma empresa é que nem um filho: você precisará cuidar pelo resto da vida. Não será fácil”, diz, informando que escolheu esse caminho pela liberdade de escolhas. “O vivenciar do negócio é a melhor escola para o empreendedor”, finaliza.

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