Sem dinheiro, consumidor opta por itens mais baratos e lojistas se adaptam à nova realidade
Supermercados e produtores artesanais, como a chef Michaela Furnaletto, têm vendido basicamente ovos de chocolate pequenos nesta Páscoa (Diogo Zacarias/ Correio Popular)
A mudança no comportamento dos consumidores, sobretudo devido à crise financeira gerada pela pandemia de covid-19, levou o varejo a adaptar-se à nova demanda por ovos de chocolate. Para atender às necessidades dos clientes, que pretendem gastar menos com esse tipo de doce, os lojistas reduziram as encomendas de ovos maiores (acima de 750 gramas) e aumentaram as dos menores (até 170 gramas). Houve também a ampliação da compra de barras e caixas de chocolate por parte dos varejistas, que são mais baratas, segundo levantamento da Associação Paulista de Supermercados (APAS).
Por causa dessa adaptação, a estimativa para as vendas desse tipo de mercadoria este ano é de um aumento de 5,5% em relação ao ano passado, com maior saída de produtos mais baratos e menores, como bombons. Dessa forma, a Páscoa continuaria sendo a segunda melhor data de vendas do setor varejista, perdendo só para o Natal. "Entramos em 2021 com os preços dos alimentos pressionados por 2020. Devido à elevada variação dos últimos 12 meses, o grande desafio do supermercadista é conseguir manter margem e preço competitivos", explica o presidente da Apas, Ronaldo dos Santos.
O diretor comercial e de logística do Supermercado Enxuto, Renato Carvalho, afirma que o estabelecimento espera um crescimento de 5% a 7% nas vendas de ovos de Páscoa e de outros tipos de chocolate. "Nosso planejamento original era crescer entre 5% e 7%, mas com o fechamento dos shoppings e lojas de departamentos, projetamos chegar até 8% de crescimento em relação ao ano passado".
A dona de casa Joana Fernandes pretende comprar ovos para os dois filhos, mas em tamanhos menores dos que os do ano passado. "Não tem condições. Não vou deixar de dar, mas vou ter que comprar ovos bem menores. É o jeito", diz. O operador de máquinas Carlos Silvestre também não deixará de presentear a namorada, mas, ao invés de um ovo, dará uma caixa de bombons. "E vou comprar os caseiros, porque assim ajudo os empreendedores que estão passando muito aperto durante essa pandemia", declara.
A família de italianos Furlanetto Mieli, de Campinas, tem um minirrestaurante em casa. Vende pratos diversos pela internet, e produz chocolates sortidos para a Páscoa. "O que a gente tem mais vendido é um trio, com ovinhos de 100g, para comer de colher. Depois, estão saindo os ovos tradicionais, mas de 250g e, no máximo, de 500g. O de 1 quilo, que vendíamos muito, não saiu nenhum este ano", afirma a chef Michaela. "O pessoal está sem dinheiro por causa da pandemia. Está tudo muito caro devido à crise financeira", completa.
Preços
O Procon Campinas pesquisou os preços de 146 itens entre ovos de chocolate, colomba pascal, caixas e barras de chocolate em estabelecimentos da cidade, e concluiu que a diferença entre as barras de chocolate semelhantes chega a 77,95%; a de colombas pascais, a 46,64%; a de caixas de bombons, a 40,07%; e a de ovos, a 32,07%. A lista completa está no site https://procon.campinas.sp.gov.br/ .