MERCADO

Crise econômica segura o preço dos aluguéis de imóveis

Valor subiu bem menos que a inflação em 12 meses; palavras de ordem são "flexibilizar" para os proprietários e "negociar" para os locatários

Adriana Leite
19/07/2015 às 16:12.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:06
Imóvel para locação em Campinas: reajustes menores que a inflação ( Leandro Ferreira/ AAN)

Imóvel para locação em Campinas: reajustes menores que a inflação ( Leandro Ferreira/ AAN)

A casa própria é um dos principais sonhos dos brasileiros. Mas com o financiamento cada dia mais caro e com exigências difíceis de serem atendidas, o jeito é continuar no aluguel.A boa notícia é que ele já não anda pesando tanto quanto antigamente no bolso do inquilino. Pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)/Zap mostra que o valor médio dos alugueis novos subiu 3,73% em Campinas nos últimos 12 meses - bem abaixo da inflação oficial, que está em 8,89% no mesmo período. No mercado, as palavras de ordem são “flexibilizar” para os proprietários e “negociar” para os locatários. A pesquisa da Fipe apontou que o preço médio do metro quadrado para locação em Campinas fechou em R$ 22,40 no mês de junho. Representantes do mercado afirmam que os preços estão estáveis, em um ano marcado por muita conversa entre as partes - e descontos no valor dos alugueis já se tornaram quase uma regra.“As negociações estão intensas. Os proprietários estão flexibilizando as condições de locação. A maioria deles está disposta a negociar e oferecer algum desconto pelo menos por um período para não perder o negócio”, diz a gerente da Chiminazzo Imóveis, Rosana Chiminazzo. Ela comenta que esse cenário é visto não apenas na primeira locação, mas também nas renovações de contrato. “Muitas vezes, o inquilino avisa que não poderá arcar com o reajuste proposto, e consegue manter o valor por mais um período”. Ela observa que a ficha do futuro locatário também conta muito na hora da negociação. “Se um bom inquilino faz uma proposta, é importante que o proprietário avalie e procure chegar em um acordo”. Rosana diz que o segmento residencial está aquecido, mas os imóveis voltados para a área comercial estão num ritmo mais lento. Comportamento O diretor da Prado Gonçalves, Milton Pereira, afirma que o valor dos alugueis em Campinas em relação ao ano passado continua praticamente o mesmo. “O que mudou foi o comportamento dos proprietários, muito mais abertos às negociações e propostas, principalmente quando o inquilino preenche todos os requisitos”, comenta. Ele observa que quedas ou aumentos pontuais no mercado local aconteceram pela escassez de alguns imóveis ou pelo excesso de ofertas de um determinado tipo de imóvel.“Por exemplo, as salas comerciais nos últimos anos tiveram muitos lançamentos e há hoje uma grande oferta. Já casas e apartamentos de alto padrão sofreram uma queda em seus valores por conta do momento econômico, de modo que o número de empresas procurando esse tipo de imóvel para executivos caiu bastante”, afirma. Ele comenta que tem ocorrido com frequência as tentativas de renegociar o valor do imóvel já locado. “Mas esse tipo de proposta só é possível quando o cumpre pontualmente com seus compromissos e preserva o imóvel. Um bom inquilino sempre terá argumentos para uma renegociação”, diz.Alugar é alternativa a crédito difícil O diretor de Compra e Venda da regional do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), Rodrigo Coelho de Souza, afirma que as vendas de imóveis entraram em declínio em decorrência da escassez de crédito e da dificuldade para acessar as linhas disponíveis no sistema financeiro. “Os alugueis antigos seguem os reajustes conforme o IGPM. Apesar do setor de locação estar aquecido, os preços dos alugueis vêm se mantendo este ano. O custo dos novos contratos depende do perfil do imóvel e da localização”, comenta.Ele ressalta que o valor do aluguel também depende da demanda por um tipo de imóvel e sua oferta no mercado. “A locação residencial tem crescido muito. As pessoas têm dificuldades de conseguir acessar as linhas de financiamento e optam por continuar na locação”, diz. Mais aberturaA administradora Maria Carolina Silva está em busca de um apartamento de dois quartos nas regiões central, do Bosque ou Proença. Ela já visitou mais de dez imóveis nessas áreas. “Não notei aumento de preços em relação ao ano passado. Estou querendo mudar do meu atual endereço para a região mais central desde 2014. E sinto que as imobiliárias e os proprietários estão mais abertos para conversar e negociar. Minha família está quase fechando um apartamento muito bom por um preço bem razoável. Não se pode esquecer que, além do aluguel, o inquilino de um apartamento ainda tem que arcar com o condomínio”, comenta. O professor da Pós- Graduação em Gestão de Negócios da Faculdade Anhanguera de Campinas, Pedro Roberto Cunha e Silva Filho, afirma que os proprietários de imóveis que tentam vender e não conseguem acabam optando por colocar o produto para locação. “Também por isso, a oferta de produtos ficou maior, o que faz com que os preços fiquem menores. Com a economia em queda, não existe um grande boom de demanda”, observa. Ele ressalta que o custo dos condomínios e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) são altos em Campinas. “O consumidor deve negociar bastante com as imobiliárias e os proprietários. Ele deve sempre fazer uma contraproposta na hora de definir o aluguel, o pagamento de taxas e do IPTU. A hora é de negociar”, aconselha. 

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