SAÚDE

Crise econômica afeta mercado de cuidadores

Gasto é, em muitos casos, necessário para manter a qualidade de vida e a saúde de familiares; porém, a frieza das contas no final do mês estremece

Gustavo Abdel
04/05/2016 às 21:23.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:46
Mercia participa de oficina oferecida na Friends House: no espaço, assistidos realizam uma série de atividades, um diferencial em relação ao atendimento em casa (Dominique Torquato/AAN)

Mercia participa de oficina oferecida na Friends House: no espaço, assistidos realizam uma série de atividades, um diferencial em relação ao atendimento em casa (Dominique Torquato/AAN)

Com o bolso cada vez mais afetado pela crise econômica, famílias com pessoas que necessitam de cuidados especiais estão sentindo na pele os valores cobrados pelos turnos dos profissionais acompanhantes, ou cuidadores. O gasto é, em muitos casos, necessário para manter a qualidade de vida e a saúde desses entes, porém, a frieza das contas no fim do mês em tempos de crise está estremecendo o lado sentimental de quem também sofre com o desemprego. Observando esse cenário, o empresário de Campinas Ricardo Mendes, de 57 anos — há cinco trabalhando com atendimento em domicílio — encontrou uma saída para “recuperar” seus assistidos. Com uma ampla equipe de profissionais, sua empresa atende pacientes que muitas vezes precisam de três turnos de assistência, além daqueles que necessitam de consultas, exames e até passeios, enquanto os familiares estão fora de casa. “Eu vinha com uma certa tranquilidade, mas de repente ‘fechou o tempo’ e logicamente que as famílias reviram seus gastos”, explicou Mendes. “Além disso, o desemprego colocou as pessoas dentro de casa, que passaram a cuidar dos parentes, e eu fui afetado”, avaliou. Com aproximadamente 200 clientes, nos últimos oito meses Mendes viu seu faturamento despencar em torno de 38% a 40%. E diante desse impasse econômico, foi preciso colocar a criatividade para aflorar e pensar em soluções para se manter mercado. Há uma semana, inaugurou um espaço de assistência terapêutica no bairro Nova Campinas com propósitos diferentes das tradicionais casas de repouso. Segundo ele, o local tem estrutura suficiente para um grupo de até cinco assistidos com a supervisão de um cuidador, e que tem sido um atrativo àquelas famílias que necessitavam pagar por turno. “Precisei reduzir as minhas margens, e para colher os clientes tenho que fazer negociações de valores, ou seja, ter criatividade na redução e oferecer muita qualidade em troca”, disse. O Friends House (Casa dos Amigos) recebeu esta semana seus três primeiros assistidos, e na semana que vem mais quatro farão parte do grupo. “A minha projeção é que até o final deste ano possamos abrir mais uma casa”, espera Mendes. Ele não comenta sobre valores, pois avalia cada caso que é assistido. A casa é para adultos e idosos, e funciona em dois turnos: manhã e tarde. O diferencial, que ele atribui como uma novidade em Campinas, está no fato dos assistidos realizarem uma série de atividades em detrimento de ficarem o dia todo em frente a uma televisão — como acontece em alguns espaços para idosos. “O que se conhece é um local onde a pessoa é deixada para passar o dia. Aqui elas vivem o dia. Não tenho televisão, rádio, não tenho leito. Os assistidos vêm para dinamizar através de atividades teatrais, estimulando sempre o físico, o lúdico, em arteterapia, biodança entre outras atividades”, explicou Mendes. O corpo de profissionais inclui três fisioterapeutas, dois fonoaudiólogos, três arteterapeutas, um músico, um professor de dançaterapia e outro de biodança. Além disso, são quatro técnicas em enfermagem e uma enfermeira que se dividem nos turnos da casa. “Temos parceria com uma nutricionista, que dá toda a cobertura na parte da avaliação nutricional”, completou. Faturamento das pequenas e microempresas registra queda Incertezas sobre a economia brasileira, aumento do desemprego, perda do poder de compra da população e retração do consumo interno resultaram em nova queda dos ganhos das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas. Os dados da mais recente pesquisa Indicadores Sebrae-SP mostram que as MPEs registraram recuo de 11,4% no faturamento real (já descontada a inflação) em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2015. Foi a 14ª queda consecutiva na receita dos pequenos negócios na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A receita total das MPEs do Estado de São Paulo foi de R$ 44,6 bilhões em fevereiro, ou R$ 5,8 bilhões a menos do que um ano antes, mas R$ 3,9 bilhões acima do registrado em janeiro de 2016. Nenhum setor escapou dos resultados negativos em fevereiro ante igual mês de 2015: as quedas foram de 13,7% na indústria, de 12,7% nos serviços e de 10% no comércio. Por regiões, o município de São Paulo registrou o pior desempenho, com baixa de 14,3% no faturamento em relação ao mesmo período de 2015. As MPEs do interior tiveram diminuição de 12,8%. A pesquisa foi realizada com apoio da Fundação Seade e foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1.000 MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. 

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