NATALIDADE

Crise e zika reduzem número de partos em Campinas

A crise econômica, que pode estar levando os casais a adiar planos de ter filhos, e os casos de infecção pelo vírus da zika fizeram aumentar os casos de bebês com microcefalia

Maria Teresa Costa
03/05/2017 às 07:18.
Atualizado em 22/04/2022 às 19:30

O número de nascimentos em Campinas caiu 5,15% no ano passado em relação a 2015, interrompendo um crescimento médio de 2% ao ano que vinha sendo verificado nos últimos dez anos. A crise econômica, que pode estar levando os casais a adiar planos de ter filhos, e os casos de infecção pelo vírus da zika, que fizeram aumentar os casos de bebês com microcefalia, estão entre as possíveis causas apontadas pela Secretaria de Saúde para explicar os números. No ano passado, nasceram em Campinas 21.428 bebês e, em 2015, os nascimentos somaram 22.592. Nessa estatística, do Sistema de Informação e Informática da Secretaria de Saúde, estão incluídos nascimentos de bebês cujas mães não residem na cidade. O número de bebês de mães residentes em Campinas também caiu, de 16.195 em 2015 para 15.154 no ano passado, uma redução de 6,4%. Para o secretário Carmino de Sousa, a infecção por zika, doença transmitida pelo Aedes aegypti, pode ter tido papel preponderante na decisão de casais em adiar o nascimento de filhos. No ano passado, foram registrados em Campinas 44 casos de zika confirmados por critério laboratorial e 475 por critérios clínico epidemiológico. Neste ano, até fevereiro, são 17 casos confirmados. Entre as doentes com confirmação laboratorial, 13 eram gestantes que apresentaram exantema (erupção cutânea) e foram investigadas para infecção pelo vírus. As regiões com maior número de gestantes com exantema por zika vírus são a Norte e Sul. O total de crianças com suspeita de microcefalia notificadas foi 88, sendo que 11 casos foram descartados. Nove crianças têm, além de microcefalia, alterações anatômicas nos exames de imagem que são compatíveis com infecção congênita. Essas nove crianças já tiveram investigação descartando outras causas infecciosas de microcefalia (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes), então, provavelmente, são secundárias a infecção pelo zika, mas ainda não existem exames adequados disponíveis no Brasil para confirmação laboratorial de zika nessas crianças. O adiamento dos planos de ter filhos é uma realidade. Aconteceu no ano passado, por exemplo, com a cantora Ivete Sangalo que, com receio de ser contaminada pelo vírus da zika, adiou o projeto de ter mais um filho. Em uma entrevista recente ela disse que ficou assustada com os casos notificados de microcefalia no ano passado e decidiu esperar mais um pouco até se sentir segura. A professora Marcia Helena Medeiros planejava ter seu primeiro filho no ano passado, mas com o desemprego do marido, o casal decidiu adiar o nascimento do bebê. "A gente até conseguiria contornar a crise, mas quando começaram as notícias de bebês nascendo com microcefalia por causa da zika, não tivemos mais dúvidas e adiamos nosso sonho. Quem sabe no ano que vem a gente coloca o bebê na nossa pauta novamente", afirmou.

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