ALERTA GERAL

Crise de dengue força Saúde a suspender licença de servidor

Procura por atendimento na rede Mário Gatti aumentou 43% em uma semana

Da Redação
21/03/2024 às 08:31.
Atualizado em 21/03/2024 às 08:31
Pacientes aguardam atendimento no Hospital Mário Gatti, onde há um apelo urgente para que aqueles com sintomas de dengue busquem imediatamente assistência médica (Kamá Ribeiro)

Pacientes aguardam atendimento no Hospital Mário Gatti, onde há um apelo urgente para que aqueles com sintomas de dengue busquem imediatamente assistência médica (Kamá Ribeiro)

O aumento dos casos de dengue e doenças respiratórias, incluindo a covid-19, levou a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar de Campinas a suspender temporariamente as autorizações de licenças-prêmios (um tipo de período de férias) para servidores médicos e multiprofissionais, pelo período de 180 dias. Essa medida foi oficializada através da publicação no Diário Oficial do Município, datada do dia 20. Até quarta-feira (20), a cidade registrou 23.273 casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, resultando em quatro óbitos, além de 13.925 casos relacionados ao sistema respiratório, dos quais 5.132 foram de covid-19, resultando em 25 mortes apenas este ano.

A procura por atendimento nas unidades de urgência e emergência da Rede Mário Gatti aumentou em 43,5% em uma semana, passando de 2.447 atendimentos na segunda-feira, 11 de março, para 3.512 na última segunda-feira, dia 18, em resposta ao atual cenário epidemiológico que tem testemunhado um aumento dessas duas doenças.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, a licença-prêmio prevê que os servidores tenham direito a três meses de férias a cada cinco anos de trabalho. De acordo com a nota divulgada à imprensa, a decisão de suspender essas licenças foi tomada visando "garantir a continuidade e qualidade dos atendimentos à população neste momento em que Campinas se encontra em estado de emergência devido à epidemia de dengue, que se agrava com o significativo aumento de casos de covid-19, resultando em uma sobrecarga nas unidades de saúde".

A publicação no Diário Oficial também menciona que a suspensão das licenças leva em consideração o período sazonal de doenças respiratórias, que ocorre de março a agosto, causando um aumento significativo na demanda por atendimentos médicos e de enfermagem. De acordo com a Rede Mário Gatti, a medida também considera as altas taxas de faltas e atrasos por parte dos profissionais de saúde, sem a possibilidade de reposição imediata, o que afeta a elaboração das escalas de trabalho e aumenta o risco de desassistência em áreas onde há limitações nas horas extras de trabalho.

Devido ao aumento em 43,5% na busca por atendimento, a Rede Mário Gatti apela às pessoas com sintomas da doença que procurem rapidamente um serviço de saúde. Quem estiver com febre deve procurar, primeiro, o centro de saúde mais próximo de sua casa onde será monitorado pela equipe de saúde.

Já quem tiver tontura, dor abdominal forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramento, nos casos de suspeita de dengue com febre ou de doença confirmada, deve buscar atendimento nos prontos-socorros ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

A Secretaria de Saúde de Campinas vem acompanhando o aumento de atendimentos a pacientes que apresentam sintomas respiratórios, assim como número de casos confirmados de covid-19 e consequentemente internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e reforça a importância da vacinação contra a doença.

Até final de fevereiro, entre os casos graves de covid-19, 63% foram de pessoas com 60 anos ou mais, e 73,4% apresentavam alguma comorbidade e, portanto, maior risco de complicação da doença. Nenhum dos casos graves fez uso do antiviral específico para tratamento de covid-19 (nirmatrelvir associado ao ritonavir), que deve ser utilizado para casos leves até o quinto dia do início dos sintomas para que não evoluem de forma grave, ainda segundo a Pasta. 

O medicamento se encontra disponível no SUS, mediante avaliação médica. O uso do antiviral está indicado para indivíduos com idade a partir dos 65 anos com ou sem comorbidades, e para pacientes maiores de 18 anos e imunossupressão. Em relação ao total de casos confirmados neste ano, 60% não eram vacinados contra a covid-19 ou tinham esquema incompleto para faixa etária. O aumento é reflexo do que vem sendo notado no Brasil e ocorre há algumas semanas.

O vírus não deixou de circular e, com isso, sabe-se que novas variantes podem surgir e provocar novas ondas, de acordo com a nota da Pasta divulgada à imprensa. A vacina bivalente contra covid pode ser administrada em pessoas acima de 12 anos, a depender da situação vacinal. As doses estão disponíveis em todos os centros de saúde.

MUTIRÃO DENGUE

Em relação à dengue, que já matou quatro pessoas este ano (duas na região Sudoeste, uma na Noroeste e outra na Norte), o total de casos até quarta-feira (20) era de 23.273, 917 a mais em relação à terça-feira (19). Há também o registro de dois casos importados de chikungunya. As semanas com mais casos confirmados são a oitava, logo após o Carnaval, com 3.889; a nona, com 4.087; e a 10 semana, com o total de 4.556 notificações.

O Jardim Eulina continua na liderança com o maior número de casos (986), seguida do Jardim Lisa, com 396. No entanto, esse último aparece em primeiro lugar em incidência: 4.732 por 100 mil habitantes contra os 4.672 do Eulina.

E dando continuidade aos mutirões de combate, o próximo será realizado no próximo sábado no Parque Oziel e mais dez áreas. A ação começa às 8h. Segundo a Prefeitura, as 11 regiões que devem ter imóveis visitados pelos agentes de saúde e voluntários são Parque Oziel, Gleba B, Jardim Monte Cristo, Jardim do Lago 2, Jardim Stella, Jardim Icaraí, Jardim Irajá, Jardim Santa Cruz, Jardim Bandeiras 1 e 2 e Jardim São José. 

No ultimo dia 16, quando ocorreu o 1º Mutirão da Região Metropolitana (RMC), que também foi o sétimo realizado pela Administração, no dia 16, foram visitados 910 imóveis, dos quais 465 foram trabalhados com remoção de criadouros do mosquito transmissor e orientação dos moradores. Os demais estavam inacessíveis por estarem fechados, desocupados ou impedimento dos moradores.Considerando-se todos os mutirões de 2024, pelo menos 32,5 mil imóveis já foram visitados. A Saúde faz um apelo para que a população colabore nesta ação. Em média, metade das residências deixa de ser trabalhadas por causa dos três motivos registrados pelos agentes.

O deste sábado deve reunir voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores de empresa terceirizada de controle de pragas, que atuam nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros. Eles usam uniforme formado por camiseta branca, com logo da empresa, e calça na cor cinza. Em caso de dúvidas sobre a identificação, a população pode pedir informações pelo telefone 199 da Defesa Civil.

A Administração repetirá a estratégia de usar drones para localizar grandes criadouros do Aedes aegypti como piscinas e caixas d'água em imóveis identificados como desocupados ou em situação de abandono. Com isso, chaveiros podem ser acionados e esta medida está respaldada em decisão judicial de 2020, proferida nos autos do processo judicial n.º 1005810-97.2014.8.26.0114, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas.

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