38% das câmeras da Cimcamp estão fora de operação e precisam ser consertadas ou substituídas
Nelson Cayres (à dir.) na sala de monitoramento das câmeras de vigilância da Cimcamp: 146 dos 384 aparelhos estão desativados (Edu Fortes/AAN)
Cerca de 38% das câmeras de vigilância da Central de Monitoramento de Campinas (Cimcamp) estão fora de operação e precisam ser consertadas ou substituídas. Do total de 384 câmeras existentes no sistema, apenas 238 estão em funcionamento.
O “apagão” de imagens é mais um ingrediente que contribui para o aumento dos índices de criminalidade em Campinas. Sem ajuda do “big brother”, as ruas ficam mais livres para ações de bandidos que praticam crimes como roubo, furto e roubo/furto de veículos — que aumentaram drasticamente em janeiro de 2013 em relação do mesmo mês no ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado.
A explosão dos casos de violência tem ampliado a sensação de insegurança das pessoas na cidade e preocupado as autoridades, que criaram na última semana um Gabinete de Segurança metropolitano para definir estratégias de combate ao crime.
As imagens, em geral, são usadas para inibir atos criminosos, quando o bandido é flagrado pelas câmeras e é possível o envio de uma viatura policial para o local. Mesmo que não localizem a pessoa na área do crime, os agentes possuem sua descrição e as roupas que estão vestindo, o que facilita nas buscas pela região.
Além disso, as imagens servem para ajudar em investigações criminais. Os dois autores do homicídio do engenheiro-agrônomo Sérgio José Lauandos Zakia, em janeiro, foram presos e identificados depois que apareceram em imagens de câmeras de segurança.
Segundo Nelson Cayres, diretor da Cimcamp, as câmeras em operação em Campinas são antigas. “A mais nova tem sete anos. Estamos fazendo um levantamento para saber quantas podem ser aproveitadas e quantas não podem mais ser usadas”, afirmou.
Um mapeamento preliminar feito pelo diretor indica que a cidade deveria contar com pelo menos 320 câmeras em operação para ter um sistema que começasse a ser eficiente. Ele reconhece que o número é insuficiente para monitorar um município do tamanho de Campinas. “A Organização das Nações Unidas (ONU) determina que haja uma câmera para cada grupo de mil habitantes. Seguindo esse cálculo, deveríamos ter 1,1 mil câmeras hoje em Campinas funcionando.”
Verba
Com a ausência das 146 câmeras, a cidade tem menos estrutura para enfrentar a escalada da violência. Quando assumiu o governo, o prefeito Jonas Donizette (PSB) inseriu no seu Plano de Cem Dias, que elencava as prioridades para o início de mandato, uma determinação para que todos os equipamentos de vigilância estivessem em funcionamento até o mês de abril deste ano.
Na semana passada, Jonas anunciou a destinação de uma verba de R$ 300 mil para reparar os equipamentos e adquirir peças de reposição. Uma empresa é contratada para fazer a manutenção mensal dos aparelhos.
São gastos R$ 122 mil por mês, em média, com o serviço. O número de equipamentos que deixam de funcionar aumenta com interferências como raios, acidentes de trânsito e rompimento na rede de fibra ótica — fatores que não podem ser previstos. A transmissão das imagens para a central de monitoramento é feita por meio de fibra ótica e por radiofrequência. Cada câmera custa em média R$ 18 mil, mas o valor da instalação do equipamento, incluindo a rede de fibra ótica, chega a R$ 50 mil.
Modernização
A Prefeitura pretende modernizar a rede e implantar um sistema de monitoramento com a tecnologia OCR (optical character recognition). O OCR reconhece letras e número a partir de um arquivo de imagem. Com isso, é possível ler placas de carros e consultá-los em um banco de dados para saber se estão regulares ou não. Esse novo sistema pode fazer o reconhecimento facial e estará conectado ao banco de dados com fotos e dados das polícias Civil e Militar. “Vamos investir R$ 1,1 milhão para implantar esse sistema, que visa exclusivamente o combate à criminalidade”, afirmou Cayres.
As 39 câmeras com essa tecnologia devem ser instaladas no primeiro semestre do ano. Para definir os locais de instalação, a Prefeitura está fazendo reuniões com as polícias Militar e Civil e a Guarda Municipal (GM). As instituições vão avaliar os índices de criminalidade para definir os locais.