TRABALHO

Criação de novas vagas na RMC cresce em agosto

Após julho desastroso, com 394 demissões, serviços e construção civil alavancaram crescimento

Cecília Polycarpo
cecília.cebalho@rac.com.br
24/09/2013 às 21:03.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:41

Salão de beleza na avenida Moraes Salles, que fez contratações em agosto (Elcio Alves/AAN)

Após um julho desastroso, com 394 demissões, os setores de serviços e construção civil alavancaram o crescimento do emprego em Campinas em agosto. Apesar da perda de vagas na indústria, foram criados 1.283 postos na cidade no mês, um crescimento de 78,19% sobre os 720 criados no mesmo período do ano passado. O percentual é bem acima da média nacional de geração de empregos no período, que foi 26,46% maior que agosto de 2012 (127.648 postos).A grata surpresa no mês passado é resultado de um reposicionamento de alguns setores no mercado, depois de amargarem perdas sensíveis no primeiro semestre, de acordo com o economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Laerte Martins, responsável pela sondagem.O ramo de serviços é o principal destaque na cidade, que criou no acumulado do ano 6.397 vagas. Ainda assim, a geração é 31,79% menor que em 2012. Já a construção civil, que começa a criar confiança para investir novamente no município, gerou 2.591 postos em 2013. Em todo o ano passado, o setor teve apenas demissões. “Depois de um PIB (Produto Interno Bruto) lastimável nos primeiros seis meses do ano e de inflação alta, houve uma derrapada nos empregos. Mas a tendência é o comércio e a construção civil retomarem o ritmo. As coisas devem melhorar ainda mais em setembro”, disse o economista.Na comparação com Campinas, as cidades da região Metropolitana, na média, ficaram bem atrás na criação de empregos. Foram geradas 2.065 vagas com carteira assinada em agosto, 9,23% abaixo dos 2.275 postos criados no mesmo mês em 2012. No acumulado do ano, foram 23.160 novos postos, 3,80% a menos em comparação aos 24.076 do ano passado. Os destaques no acumulado foi novamente o setor de serviços, com 13.175 em 2013, seguido da indústria (3.463) e construção civil (2.486). IndústriaAgosto manteve a média histórica de ser o pior mês do ano para as indústrias de Campinas e região. As empresas associadas ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) cortaram 1.470 postos de trabalho no mês de agosto. A única entre as quatro regionais da entidade localizadas na RMC que teve saldo positivo foi Santa Bárbara d’Oeste. A regional gerou 30 postos de trabalho no mês passado. No ano, a área acumula um saldo de 1.200 contratações formais.Na Regional de Americana, os industriais realizaram 150 cortes no mês passado. A regional de Campinas, que abrange 19 cidades, teve 700 demissões. No acumulado de janeiro a agosto, foram anotadas 2.550 dispensas. A fábricas de equipamentos de informática foram as que mais demitiram, seguidas do setor das confecções de roupas e acessórios. O ramo de impressão e reprodução de gravações, por outro lado, foi o que mais contratou, seguido pelas empresas de alimentos.Os números são melhores que os do ano passado, quando houve 2,3 mil demissões em agosto. Por isso, a direção do Ciesp acredita que 2013 deve seguir o mesmo ritmo e terminar com saldo de demissões menos preocupante do que em 2012. Até dezembro, a expectativa é que o número de vagas a menos na indústria chegue a 3,5 mil, ante 6.550 em 2012. Porém, a perspectiva para o futuro não é animadora, de acordo com o diretor do Ciesp-Campinas, José Nunes Filho. “Não vemos grandes mudanças no futuro que podem alterar este cenário e causar recuperação. O governo brasileiro não deve fazer mudanças substanciais na economia. A única coisa que pode acontecer para melhorar a situação é seria um fato externo, como grande produção na China”, explicou.Produção menor As empresas associadas ao Ciesp, regional de Campinas, também não têm o que comemorar em relação à produtividade de agosto. Do total, 41% das indústrias responderam que houve queda da produção, número quatro vezes maior do que em julho. Nem a alta do dólar, que chegou a R$ 2,50 no período, foi suficiente para alavancar as vendas e exportações de produtos de alto valor agregado, e o otimismo moderado apresentado pelos empresários no mês passado perdeu força. Já o valor de vendas se manteve estável em relação a julho: 43,6% dos respondentes afirmaram que sua venda foi superior à mês anterior. A inadimplência também apresenta trajetória de estabilidade — 84,6% das empresas disseram que ela permaneceu inalterada.A sondagem do Ciesp mostra ainda que está cada vez mais caro produzir na região. Com a inflação alta e o grande volume de importação de insumos, os custos da matéria-prima aumentaram em agosto para as indústrias. Do total, 64,1% disseram que houve elevação de gastos, alta de 25 pontos percentuais em relação a julho. Os encargos trabalhistas também aumentaram: 43,2% das empresas responderam que a mão-de-obra está mais cara.A balança comercial também teve desempenho decepcionante para as empresas dos 19 municípios da regional de Campinas, com déficit de US$ 0,7 bilhão. As exportações foram de US$ 0,3 bilhão, redução de 12,5% em relação a julho. Já o volume de importações foi de US$ 1,1 bilhão. No acumulado do ano, o déficit é de US$ 5,2 bilhões. “Ainda é muito difícil para as empresas exportarem por causa da falta de investimento em modais de transporte. A Lei Multimodal ainda não foi implementada. Os marcos regulatórios não são implementados como deveriam ser. Por exemplo, uma carreta que sai de soja Mato Grosso para chegar à China tem o frete rodoviário no Brasil mais caro que a viagem marítima”, disse Anselmo Riso diretor de comércio exterior na entidade.

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