DEMANDA ANTIGA

Criação de marginais na Santos Dumont volta à pauta do Poder Público

Reunião na terça-feira terminou com consenso sobre importância da construção

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
27/07/2023 às 09:00.
Atualizado em 27/07/2023 às 09:00
Cerca de 52 mil veículos passam pela rodovia todos os dias no trecho que corta Campinas; tráfego intenso de veículos provoca engarrafamento nos horários de pico (Alessandro Torres)

Cerca de 52 mil veículos passam pela rodovia todos os dias no trecho que corta Campinas; tráfego intenso de veículos provoca engarrafamento nos horários de pico (Alessandro Torres)

O projeto para a construção de marginais nos dois sentidos da Rodovia Santos Dumont (SP-075), em Campinas, voltou à tona na terçafeira, após reunião realizada entre os vereadores Cecílio Santos (PT) e Luiz Rossini (PV), o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Vinicius Riverete, e representantes da AB Colinas - concessionária responsável pela via – com o diretor geral da Agência de Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), Milton Persoli.

O encontro discutiu a viabilidade técnica da execução da obra, que visa implementar pistas paralelas no trecho entre as rodovias dos Bandeirantes (SP-324) e Anhanguera (SP-330), perímetro urbano que é acometido pelo trânsito intenso nos horários de pico. A reunião foi noticiada com exclusividade pela coluna Xeque-Mate do Correio Popular de quarta-feira (26). Conforme apurado pela reportagem, houve consenso entre Persoli e os representantes da cidade de que a obra é importante e possível do ponto de vista técnico. Resta agora buscar a verba para a execução. A última estimativa, de 2019, apontava para um investimento da ordem de R$ 350 milhões. O projeto viário deve ser apresentado em agosto, em uma reunião técnica entre a Emdec e a concessionária.

"É para que a gente possa ter conhecimento do projeto e, dali para frente, ver o que vai acontecer", pontuou Riverete.

O presidente da Emdec explicou que o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), vai solicitar uma reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e com o o secretário estadual de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, em busca de soluções financeiras para viabilizar a obra.

"O projeto é antigo, sendo que o último foi em 2017 ou 2018. Ele precisa ser atualizado, mas antes precisamos ter conhecimento e ver se terá algo para ser alterado, se serão necessárias adequações e, depois, atualizar os valores e o projeto, se for o caso", completou Riverete.

A Rodovia Santos Dumont é uma das mais importantes da região e liga bairros populosos da periferia, como o Campo Belo, São Domingos e os DIC’s, ao Centro e à Rodovia Anhanguera, via que dá acesso a outros municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC). As pistas também dão acesso ao Aeroporto Internacional de Viracopos. Os congestionamentos intensos, no entanto, são considerados um problema antigo do município.

O vereador e presidente da Câmara Municipal, Luiz Rossini, informou na quarta-feira (26) que a questão do recurso foi tida como uma incógnita e recusada pela concessionária, durante a reunião realizada por iniciativa do deputado estadual Antônio Donato (PT).

“Eles (concessionária) alegam que 70% do trânsito na rodovia é causado por veículos de Campinas, ou seja, não tem pagamento de pedágio. Assim sendo, não justificaria um investimento tão alto em uma intervenção que importa mais ao município que propriamente à circulação viária”, disse o legislador do PV.

Segundo a Colinas, em média 52 mil veículos passam por dia pela rodovia no trecho que corta Campinas. Há ocasiões em que são registrados de quatro a seis quilômetros de congestionamento nos horários de pico, entre 7h e 9h no sentido Centro, e entre 16h e 19h no sentido Indaiatuba.

“O objetivo”, completou Rossini, “é dar uma cutucada geral para que essa obra saia do papel. Trata-se de uma demanda que existe desde o início dos anos 2000. A Artesp se mostrou comprometida e o alinhamento técnico está sendo finalizado. Depois, entraremos com a parte política para solicitar a verba ao Estado”.

A obra, que tem proporções monumentais, exigirá um grande esforço por parte do poder público. Parte dos comércios e residências que margeiam a rodovia precisarão ser desapropriados. Além disso, a intervenção requer a construção de viadutos e pontes para que seja possível estender a pavimentação paralelamente à pista expressa.

O vereador Cecílio Santos avalia que a ação, caso concluída, beneficiará a população de baixa renda da cidade, principalmente os dependentes do transporte público municipal. Na prática, a alteração objetiva permitir que os veículos que saem dos bairros e adentram a rodovia possam transitar pela marginal. Assim sendo, a pista expressa seria, preferencialmente, utilizada pelos motoristas que pretendem acessar outras rodovias.

“É uma obra de grande vulto, mas que é importante ter essa mobilização da cidade, do Legislativo, do Executivo - e até da população - para que saia com maior agilidade. A população de baixa renda, que depende de ônibus para trabalhar e que perde horas dentro do transporte, seria muito beneficiada. Então os bairros do São José, Campo Belo e Monte Cristo, por exemplo, ganhariam uma qualidade de vida que hoje não têm”, diz Cecílio.

Atualmente, além da Santos Dumont, há apenas outra via para quem precisa acessar a região central pela Avenida Prestes Maia, a Rodovia Lix da Cunha (SP-073), popularmente conhecida como “Estrada Velha de Indaiatuba”. No entanto, apesar de oferecer condições melhores de tráfego, os motoristas acabam enfrentando “estrangulamento” - termo empregado para descrever um congestionamento causado por vários acessos ao mesmo ponto – no Trevo Engenheiro Sérgio Motta.

A AB Colinas se manifestou através de nota enviada pela assessoria de imprensa. O texto ressalta que “a obra de ampliação das marginais da Rodovia Santos Dumont (SP-075), entre o km 70 e 77+600, entre as rodovias, não está prevista no contrato de concessão. Contudo, existe um projeto da obra que a concessionária aguarda a inclusão no contrato de concessão por parte da Artesp”.

Como uma possível contrapartida para a execução da obra, a concessionária poderia ganhar um aumento do tempo de concessão. Os ajustes para justificar o aumento da concessão aos tribunais de controle, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE), deve ser feito em parceria entre a Emdec, que deve indicar a importância da obra para a mobilidade na cidade, e a concessionária.

"Seria uma coisa incrível para a Região Metropolitana. Não é algo positivo apenas para Campinas. Muitas pessoas que trabalham aqui, moram em cidades vizinhas. Elas vem e vão embora de Campinas, trabalham aqui e moram na região. Fora as pessoas que vem para cá fazer negócios, fora a questão que essa rodovia liga até o aeroporto. Tem também a quantidade de ônibus que trafegam ali. As pessoas esperam o ônibus à beira da rodovia, gerando risco de acidentes. A gente entende que é uma obra essencial para o desenvolvimento de Campinas, da região, para o Aeroporto", concluiu o presidente da Emdec sobre a importância do projeto para a RMC.

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