NOVO CAGED

Criação de empregos na Região Metropolitana de Campinas continua em alta

Foi o melhor março em quatro anos; 7,3 mil novos postos criados representam crescimento de 36,87% em relação ao mesmo mês de 2022

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
03/05/2024 às 07:59.
Atualizado em 03/05/2024 às 10:34
No terceiro mês do ano, os cinco setores analisados apresentaram saldo positivo, assim como todos os 20 municípios da Grande Campinas; setor de serviços foi responsável por praticamente metade das vagas criadas (Kamá Ribeiro)

No terceiro mês do ano, os cinco setores analisados apresentaram saldo positivo, assim como todos os 20 municípios da Grande Campinas; setor de serviços foi responsável por praticamente metade das vagas criadas (Kamá Ribeiro)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou março com a criação de 7.344 empregos com carteira assinada, o melhor resultado para o mês em quatro anos e alta de 36,87% em comparação às 5.368 novas vagas de igual período de 2023. A geração de postos de trabalho foi a melhor para um mês de março desde o início da série histórica do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, que passou a vigorar em 2020, de acordo com pesquisa divulgada pelo Observatório PUC-Campinas.

No terceiro mês do ano, os cinco setores analisados apresentaram saldo positivo, assim como todos os 20 municípios da Grande Campinas, o que ocorreu pela primeira vez em 2024. O aumento na oferta de empregos foi puxado principalmente pelo segmento de serviços, que gerou metade das novas vagas criadas com 3.769 postos, o equivalente a 51,32% do total. O segundo setor a apresentar o maior número foi a construção civil, com 1.702 empregos, seguido por indústria (1.141), comércio (441) e agropecuária (291).

Para a coordenadora da pesquisa do Observatório PUC-Campinas, a economista Eliane Navarro Rosandiski, o resultado confirma a recuperação do mercado de trabalho na RMC, tendência que começou a ser sentida desde o início do ano. No acumulado do primeiro trimestre, foram gerados 20.330 novos postos, o melhor desempenho em três anos. O resultado é inferior apenas às 23.281 novas vagas de janeiro a março de 2021, período de recomposição do mercado após a avalanche de demissões em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19.

“O cenário está muito bom. Eu acho que a recuperação de trabalho está deixando de ser uma tendência para se tornar uma realidade de fato”, afirmou Eliane Rosandiski, que também é professora da PUC-Campinas. A economista atribuiu o desempenho à redução da Selic, à taxa básica de juros e inflação sob controle, que estão criando um alicerce sólido para bons resultados de indicadores econômicos. “Além do emprego, o PIB (Produto Interno Bruto) está crescendo acima do esperado, o que é importante para criar uma perspectiva de crescimento econômico”, afirmou a pesquisadora do Observatório.

ESPERANÇA RENOVADA

O aumento na criação de empregos anima quem está fora do mercado de trabalho e tem a expectativa de conseguir uma recolocação. “Estou muito esperançoso em conseguir uma vaga”, disse Guilly da Silva Soares, que está desempregado há dois anos. Ele é uma das pessoas que fizeram fila na 7ª edição deste ano do Feirão de Emprego e Oportunidades, que ocorreu ontem no saguão do Paço Municipal em uma parceria entre a Secretaria de Trabalho e Renda, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação e Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic).

O último emprego de Guilly Soares foi como chapeiro em uma lanchonete. Ele foi encaminhado para entrevista realizada no próprio local por uma rede de supermercados que está abrindo uma nova filial em Campinas. “A grande diferença do Feirão é que as empresas estão presentes para fazer as entrevistas. A pessoa pode sair daqui empregada”, disse a coordenadora do Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT), Camila Garrido Pereira.

O mercado de trabalho aquecido reflete no desempenho do órgão, ligado à Prefeitura. Entre janeiro e março, ele acumulou a oferta de 4.599 vagas, praticamente o mesmo número registrado em todo o ano de 2021, 4.625 novos postos. A coordenadora explicou que o aumento também está associado à iniciativa do Centro de Apoio ao Trabalhador de procurar as empresas para captar as vagas oferecidas. Com isso, estão sendo realizados praticamente dois feirões por mês. A previsão é realizar 20 eventos até o final deste ano.

Após quatro meses desempregado, Isaías Alves Pereira também foi até a Prefeitura em busca de uma nova colocação. “Eu espero conseguir uma vaga de auxiliar de estoque. Há muitos novos supermercados, atacarejos abrindo unidades em Campinas”, explicou. Ele também estava aberto a ser encaminhado para outras oportunidades que se encaixassem em seu perfil profissional. O último emprego foi de instalador de antena via satélite.

RECUPERAÇÃO DO SALÁRIO

A abertura de novas empresas contribuiu para Campinas registrar em março a geração de 2.447 novos postos de trabalho, crescimento de 73,3% em comparação às 1.412 vagas de igual mês do ano passado. O setor supermercadista foi responsável por quase sete de cada dez vagas disponíveis no Feirão de emprego do CPAT. Cinco empresas desse nicho disponibilizaram 473 ofertas de empregos, o que representou 67,57% do total de 700 oportunidades oferecidas no evento. Apenas uma delas disponibilizou 250 vagas para início imediato.

Para a economista Eliane Rosandiski, o mapa do emprego em março trouxe outros indicadores positivos. Um deles é o aquecimento dos setores de construção civil e indústria, que apresentam os resultados de políticas de incentivo de crescimento adotadas no ano passado. O segmento industrial, por exemplo, atravessa uma fase de anúncio de novos investimentos no país e de aumento das vendas, o que refletiu na geração de 1.141 novos empregos na RMC em março, enquanto no mesmo mês de 2023 ocorreu o fechamento de 221 vagas.

Já a construção se beneficia do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com ações como o Minha Casa, Minha Vida ajudando no lançamento de empreendimentos e criação de postos de trabalho. Um balanço divulgado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), com base em dados do Ministério das Cidades, mostrou que Campinas ficou em terceiro lugar entre as cidades do interior paulista que mais tiveram unidades vendidas com subsídios do programa federal em 2023, atingindo a marca de 3.676 unidades. Esse número representou um aumento de 23,44% em comparação ao resultado do ano anterior, 2.978. A taxa de crescimento na cidade foi superior à média registrada no interior de São Paulo, que ficou em 17% com 84.478 contratações. Em número absoluto, Campinas ficou atrás apenas de Sorocaba, com 4.325 unidades, e Ribeirão Preto, 4.282.

“O mercado imobiliário de Campinas tem se destacado como um exemplo de resiliência e crescimento sustentável, refletindo o potencial de toda a região. O aumento do valor de teto dos imóveis no Programa Minha Casa, Minha Vida demonstra não apenas a valorização dos imóveis, mas também a confiança dos investidores no mercado local”, afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França.

Outro indicador positivo apontado pela pesquisadora do Observatório PUC-Campinas foi o aumento de 8,78% na média salarial dos trabalhadores admitidos na RMC em março. O valor foi de R$ 2.351,84, contra R$ 2.162 de igual mês de 2023. “O aumento no número de pessoas empregadas nas famílias e o aumento da média salarial, apesar de o valor não ser tão alto, ajudam na recomposição da renda familiar, abrindo a possibilidade de aumento do consumo”, afirmou Eliane Rosandiski.

“Isso cria condições para que o crescimento da economia decole”, completou. Para isso, acrescentou, é preciso manter a política de queda de juros para manter o otimismo quanto ao futuro econômico.

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