Aumento de 2,16% constatado de janeiro a outubro deste ano é o menor dos últimos quatro anos
O segmento de bancos/cartões de crédito foi responsável em outubro por 27,86% dos registros na empresa de análise de crédito; segundo lugar é ocupado pelas utilities, como são chamadas as contas básicas, como água, luz e gás (Rodrigo Zanotto)
O aumento do número de inadimplentes na Região Metropolitana de Campinas (RMC) desacelerou em 2024. Nos primeiros dez meses deste ano, a alta foi de 2,16%, a menor taxa dos últimos quatro anos. O total de devedores em outubro chegou a 1,135 milhão, contra 1,111 milhão em janeiro, de acordo com estudo divulgado pela Serasa. No período, 23.883 consumidores foram incluídos nos cadastros da empresa de análise de crédito por contas em atraso, média de um novo registro a cada 18 minutos.
Esse crescimento é o menor desde 2020, quando houve uma queda de 4,08% no montante da dívida, saindo de R$ 4,89 bilhões para R$ 4,69. Naquele ano, considerando o mesmo período, o número de devedores caiu 0,9%. No início de 2020 eram 985,44 mil inadimplentes e em outubro eram 976,58 mil. “Desde abril percebemos uma tendência de queda no número de inadimplentes”, afirmou a gerente da plataforma Serasa Limpa Nome, Aline Maciel. “A redução alivia a pressão sobre o orçamento das famílias e sinaliza um cenário mais favorável para a economia, com mais pessoas conseguindo voltar a ter acesso a crédito”, explicou.
Nos últimos quatro anos, o maior aumento no total de devedores nos dez primeiros meses do ano ocorreu em 2022, alta de 5,82%. O número chegou a 1,07 milhão em outubro daquele ano, após janeiro registrar 1,011 milhão. Em 2021, primeiro ano em que o número de consumidores com contas em atraso chegou à casa dos sete dígitos, ultrapassando 1 milhão, o aumento nos dez primeiros meses ficou em 4,38%. A elevação no ano passado foi de 4,17%.
MOTIVOS DA QUEDA
“Apesar de um leve aumento do endividamento, o impacto na renda mensal tem diminuído, refletindo o esforço das famílias em manter suas contas equilibradas mesmo diante de adversidades econômicas”, destacou o economista Fábio Bentes. Para ele, a queda no ritmo de alta na inadimplência está associada ao aumento do número de empregos e da renda dos trabalhadores.
A Região Metropolitana de Campinas registrou a criação de 39.241 empregos com carteira registrada de janeiro a outubro deste ano, apontou pesquisa mensal realizada pelo Observatório PUC-Campinas. É como se a soma de toda a população de duas cidades da RMC, Santo Antônio de Posse e Holambra, voltasse ao mercado de trabalho formal. O estudo do órgão ligado à PUCCampinas mostrou ainda que a média salarial dos novos contratados em outubro foi de R$ 2.366,47, valor 9,46% maior em comparação aos R$ 2.166 de igual mês de 2023. O aumento superou a inflação acumulada em 12 meses, que ficou em 4,76% no período encerrado em outubro passado.
A expectativa de ter um emprego ajuda os trabalhadores na meta de sair da situação de inadimplência. “Eu já consegui renegociar e pagar várias contas que estavam atrasadas”, contou o montador de lojas Marckson Matos. Ele relatou que chegou a uma situação de acúmulo de contas de telefone, água, luz, cartões de crédito, aluguel e outras ao ficar sete meses sem receber o auxílio-doença do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Como sofreu um acidente de trabalho e não tinha o benefício nem condições de voltar a exercer sua função, os boletos em atraso foram se avolumando. Colocar a vida financeira em dia foi uma das metas do montador de lojas ao voltar ao emprego.
OTIMISMO
Marckson Matos admitiu ainda ter faturas atrasadas com cartões de crédito, mas tem planos de renegociá-las para desbloquear o nome e voltar a fazer compras a crédito. O caso dele se encaixa no setor com a maior participação no nível de inadimplência da Serasa. O segmento de bancos/cartões de crédito foi responsável em outubro por 27,86% dos registros na empresa de análise de crédito. O segundo lugar é ocupado pelas utilities, como são chamadas as contas básicas, como água, luz e gás.
Um dos trabalhadores nessa condição é o operador de máquinas desempregado Adeilton Silva Santos, com três faturas de energia elétrica sem pagar.
No momento, Adeilton lança mão dos “bicos”, como o de limpeza de terrenos, para garantir o pagamento das despesas com alimentação. “Eu fiz (nesta semana) entrevista de emprego em uma agência. Agora estou aguardando a resposta”, mencionou Adeilton Santos, que nutre a esperança de voltar a ter um emprego com carteira registrada neste final de ano ou no máximo na primeira semana de 2025. Quando conseguir o emprego, o plano de Adeilton envolve quitar todas as dívidas e voltar a ficar tranquilo.
De acordo com a pesquisa da Serasa, o terceiro setor com o maior número de contas em atraso é o de financeiras, com participação de 17,65%, seguido pelo de serviços, 10,91%. O ranking de outubro se manteve inalterado em comparação ao do mês anterior.
VALORES E PRORROGAÇÃO
As estatísticas da empresa revelaram em outubro a elevação de 0,4% no total de inadimplentes em relação ao mês de setembro, quando o número foi de 1,13 milhão. Já o montante da dívida teve aumento de 1,78%, passando de R$ 7,31 bilhões para R$ 7,44 bilhões. Das 20 cidades da RMC, 15 tiveram aumento no número de devedores no mês passado. Em Campinas, o aumento de devedores foi de 0,55%, passando de 450.389 para 452.867. Já o montante da dívida teve aumento de 2,02%. Pulou de R$ R$ 2,97 bilhões para R$ 3,03 bilhões.
O resultado da campanha de renegociação de dívidas levou a Serasa a prorrogar a ação até o próximo dia 20. Segundo a empresa, o maior mutirão nacional registrou números recordes, superando em 36% o volume de quitações registradas no mesmo período do ano passado. De 28 de outubro a 28 de novembro, data original de encerramento da campanha, 3 milhões de consumidores fecharam, ao todo, 5,7 milhões de acordos em todo o país.
A prorrogação abrange todas as dívidas, com desconto de até 90% nos juros e multas. Somente na última sextafeira de novembro, 29, primeiro dia da prorrogação da campanha, 458.045 mil dívidas foram negociadas no Feirão Limpa Nome, resultado que bateu todos os recordes de negociação já registrados pela empresa em apenas 24 horas. “A impressionante adesão dos consumidores brasileiros às ofertas especiais nos levou a relançar o evento, estendendo os mesmos benefícios por mais três semanas”, informou a gerente da plataforma Serasa Limpa Nome, Aline Maciel.
A edição também foi recorde em número de companhias parceiras, segundo a empresa de análise de crédito. Em um portfólio com aproximadamente 1.000 credores, os principais segmentos das dívidas negociadas foram securitizadoras (25%), bancos e financeiras (22,7%) e telecomunicações (21,7%).
A data de vencimento da prorrogação coincide com o último dia para pagamento da segunda parcela do 13º dos trabalhadores. No Estado de São Paulo, são cerca de 177 milhões de ofertas. As negociações podem ser feitas através do site da empresa – www.serasalimpanome.com.br -, aplicativo da empresa para Android e IOS e agências dos Correios de todo o país.