No comparativo entre primeiros 5 meses de 2024 e 2025, aumento foi de 4,7%
Por volta de 17h, já havia uma fila formada diante do posto de vacinação montado no Terminal Central (Alessandro Torres)
O número de pessoas diagnosticadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Campinas aumentou 4,7%. De acordo com levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde, entre os meses de janeiro e maio de 2025 foram registrados 2.442 casos, contra 2.331 no mesmo período de 2024.
A Secretaria de Saúde informou que até o dia 30 de maio, 14 pessoas já morreram na cidade em conseqüência da SRAG. Desse total, 13 casos de vítimas do vírus influenza vieram a óbito em um prazo de 25 dias, entre 7 de abril e 30 de maio. Durante todo o ano passado aconteceram 30 mortes por conta da doença. As 13 últimas vítimas da SRAG não eram vacinadas e 12 eram idosas e uma tinha apenas oito meses de idade, de acordo com dados da administração municipal.
A meta da Saúde é imunizar 90% de cada um dos três grupos que fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação. Da população de idosos, de 217.232, foram imunizados 100.830, o que corresponde a 46,4% do público-alvo. No caso das crianças, das 71.633 que vivem na cidade, 20.078 foram imunizadas, o que representa 28%. Do total de gestantes campineiras (9.194), 2.360 haviam tomado a vacina contra a gripe, o que corresponde a 25.6%.
Preocupada com o cenário de baixa procura pelo imunizante, a Saúde iniciou ontem a vacinação em postos localizados nos terminais urbanos de ônibus Central, Barão Geraldo, Campo Grande e Ouro Verde, das 16h às 19h. O Campinas Shopping também conta com um ponto que funciona das 16h às 20h. Em todos esses locais, os pontos de vacinação funcionarão até a próxima sexta-feira, 13 de junho.
A reportagem foi até o Terminal Central para verificar como está sendo a procura pela vacina. Por volta de 17h, já havia uma fila formada. Nela estava a auxiliar de cozinha Nair Ribeiro, 56. Ela mora no Jardim Florence e trabalha na Região Central. Com um deslocamento diário dentro do ônibus, Nair reforçou que o veículo, quando está com janelas fechadas por conta da chuva ou da temperatura, é um fator de preocupação. Há um mês ele teve dengue e por conta da imunidade baixa também ficou gripada. "Foi terrível, estou me recuperando só agora nessa semana". Para ela, a oportunidade de se vacinar no terminal foi ideal. "Não é todo mundo que consegue ir até o posto de saúde receber a vacina da gripe."
Já para a diarista Andréia Vieira, 51, além da vacina contra a gripe, o ponto de vacinação foi útil para ela colocar todo o quadro vacinal em dia. "Tomei a da gripe, dengue, febre amarela, tétano e covid, o pacote completo, porque temos que estar com todas as vacinas em dia e não conseguir ir até um posto para receber as doses". João Batista, 68, está aposentado, mas para complementar a renda trabalha como vigilante. Na faixa etária de um grupo prioritário, ele afirmou que receber uma dose da vacina contra a gripe é essencial para continuar com saúde. "Vou me sentir mais tranqüilo, pois sei que estarei mais protegido contra essas doenças."
Pessoas com comorbidades podem apresentar um agravamento dos sintomas gripais caso contraiam o vírus. Portanto, a saúde recomenda que as pessoas com alguma condição de saúde se vacinem o quanto antes. Esse foi o caso do técnico em farmácia Will Ferreira, 28. Ele tem diabetes e, além da gripe, também recebeu a dose de reforço contra a covid. "Vejo que muitas pessoas são anti-vacina, mas elas precisam entender que é muito importante se vacinar, principalmente quem tem alguma comorbidade, é a principal proteção."
"Nosso objetivo é impulsionar o acesso à vacina contra gripe e, por isso, teremos ações extras em locais com grande fluxo de pessoas e em dois CSs que tradicionalmente não abrem aos sábados. Reforçamos a orientação de que a vacina é segura e a melhor forma de evitar sintomas graves e até óbitos. É muito importante que as pessoas se protejam, principalmente porque o inverno já está próximo e neste período há aumento da circulação de vírus respiratórios", explicou a coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Chaúla Vizelli.
Na sexta-feira a Rodoviária de Campinas contará com um ponto que funcionará das 15h até às 18h30. No sábado dia 14, será a vez dos seguintes pontos comerciais: Pague Menos do Satélite Íris, das 8h às 17h, Avenida John Boyd Dunlop, 8.930, Jardim Satélite Íris; Centro de Saúde Costa e Silva, das 8h às 12h, Rua Joaquim Manuel de Macedo, s/n, Jardim Santa Genebra; Enxuto, das 8h30 às 16h30, Avenida John Boyd Dunlop, 440, Jardim Aurélia; Shopping Prado Boulevard, das 9h às 17h, Avenida Washington Luiz, 2.480, Parque Prado; Tauste, das 9h às 15h, Avenida dos Imbês, 52, Alphaville Dom Pedro.
ESPECIALISTA
Para acientes com comorbidades, principalmente respiratórias ou doenças crônicas pré-existentes, "a vacinação é, sem dúvida, o principal fator de proteção", afirmou o pneumologista, Ronaldo Macedo. O médico destacou que também é importante que tais comorbidades estejam bem tratadas e sob acompanhamento médico adequado. Como exemplo, Macedo citou que se uma pessoa tem asma ou uma condição cardíaca, é essencial que o quadro esteja estabilizado. Dessa forma, o risco de complicações em decorrência de uma infecção viral é menor. "Já em situações em que a doença de base não está bem tratada, as chances de uma evolução negativa aumentam consideravelmente."
O pneumologista reforçou a importância da utilização de máscaras. Caso as pessoas estejam com um quadro gripal ativo, é recomendado o uso de máscara para as pessoas com o quadro gripal ativo. "A utilização contribui para evitar a transmissão do vírus, assim como a higienização adequada das mãos". O médico relatou que percebeu um aumento do volume de pacientes com síndromes respiratórias nas últimas semanas. Ele explicou que geralmente os pacientes chegam com sintomas gripais clássicos como dor no corpo, febre, tosse e, algumas vezes, catarro. "Quando uma pessoa tem uma doença de base, como asma ou enfisema, esses sintomas se agravam, passando para um chiado no peito e falta de ar, evoluindo de forma bastante intensa". Portanto, o médico reforçou mais uma vez a importância de tomar a vacina como principal fator de prevenção aos quadros mais grave de síndromes respiratórias.
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