ALTA TENSÃO

Crescem acidentes na rede elétrica

Nos 5 primeiros meses de 2018, total de casos já corresponde a 94% de registrado no ano passado todo

Henrique Hein
25/08/2018 às 19:39.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:48
Crise econômica é um dos fatores que alavancaram os problemas (Cedoc/AAN)

Crise econômica é um dos fatores que alavancaram os problemas (Cedoc/AAN)

Os cinco primeiros meses deste ano registraram praticamente o mesmo número de acidentes elétricos do ano passado inteiro. Ao todo, entre janeiro e maio, 33 acidentes foram computados, contra 35 incidentes durante 2017. O que corresponde a 94% do total de casos registrados no último ano inteiro. Os dados são da CPFL Paulista, empresa que atende 234 municípios do Interior paulista, entre elas as regiões de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto. Se a média for mantida, o ano de 2018 terminará com cerca de 80 acidentes registrados na área de concessão da empresa. De acordo com o gerente de operações de campo da CPFL Paulista, Rodrigo Bianchi, o aumento no número dos acidentes elétricos tem relação direta com a atual situação financeira que assola grande parte da população brasileira. “O número de acidentes na área da construção civil, por exemplo, tem aumentado muito. Isso acontece porque, neste momento de crise, muitas pessoas optam por fazer (elas mesmas) um serviço elétrico simples em suas casas, ao invés contratar um especialista da área. Isso é extremamente perigoso. Nós estamos falando de pessoas que, muitas vezes, não tem conhecimento profundo sobre rede elétrica, mas, mesmo assim, está se arriscando”, explicou. Para o gerente de operações, a maioria dos acidentes é perfeitamente evitável. Entre eles, o especialista citou as brincadeiras de crianças com pipas, próximas a rede elétrica. “Além de provocar interrupção no fornecimento de energia, impactando o bem-estar e conforto da população, a brincadeira de empinar pipa perto de uma rede elétrica pode causar acidentes sérios e fatais. Empinar pipa, especialmente com linhas chilena e cerol, deve ser evitado, porque são grandes condutoras de eletricidade”, disse. Entre janeiro de 2017 e maio de 2018, a CPFL registrou oito acidentes causados por pipas em toda a área de concessão citada na reportagem, das quais seis foram graves ou fatais. Recentemente, em Ribeirão Preto, no Interior de São Paulo, um adolescente levou uma descarga elétrica de 138 mil volts e teve ferimentos graves após invadir uma subestação para tentar resgatar uma pipa. Também este ano, o grupo contabilizou um acidente fatal envolvendo uma pipa na cidade de Capivari. Estatísticas Segundo o Anuário Estatístico Brasileiro dos Acidentes de Origem Elétrica, realizado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de acidentes envolvendo energia elétrica tive um aumento de 33,6% em todo o País, entre 2013 e 2017. O aumento progressivo, segundo o anuário aponta para uma falta de informação da população sobre os riscos de movimentar instalações elétricas sem ajuda profissional. Somente no ano passado, foram registrados 1.387 casos em todo Brasil; destes, mais de 50% foram fatais. Durante os períodos de chuvas fortes e descargas atmosféricas, muitas quedas de árvores e outros objetos costumam aumentar o risco de acidentes elétricos, já que as tempestades podem levar ao rompimento dos cabos de energia e a destruição de postes.

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