Lojistas e instrutores de cursos de tiro recebem com otimismo decreto assinado por Bolsonaro
O decreto que flexibiliza a posse de armas de fogo no Brasil, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na última terça-feira, animou o comércio campineiro especializado no setor. Segundo lojistas e instrutores de cursos práticos de tiro, a procura por informações para adquirir armamento e pela capacitação (um dos pré-requisitos necessários para efetuar a compra) aumentou. “Antes, nos recebíamos, em média, duas ligações por semana para explicar o processo de compra. Agora, de quatro a cinco por dia”, disse Paulo Henrique França, gerente da Miguel Pescador, estabelecimento situado na Avenida Andrade Neves, no Centro, que há mais de 40 anos vende armas de fogo e acessórios, incluindo kits para limpar o artefato. “Projetamos que as vendas cresçam em torno de 50%. Depois do pico no fluxo, a tendência é cair e, em seguida, estabilizar”, afirmou. França atribui o aumento no número de consultas sobre o processo para compra de armas de fogo à desinformação da população sobre o tema. O administrador analisa que as pessoas foram induzidas a crer que a venda não era permitida desde 2003, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o Estatuto do Desarmamento. “Na ocasião, foi imposta uma maior restrição”, esclarece, completando que o decreto recém-assinado só flexibilizou as condições, não alterando muito o regramento já existente. “Agora, a maioria compreende que tudo foi liberado e, por isso, querem comprar.” Vendas por encomenda As vendas são realizadas somente por encomenda. Assim, as armas não permanecem armazenadas lá por muito tempo. Ontem, não havia nenhuma aguardando para ser retirada. A loja tem pouco mais de 30 modelos de armas no catálogo, entre revólveres, pistolas e rifles. Os preços variam de R$ 2,9 mil até R$ 6 mil. O comerciante entende que o custo não é um empecilho, quando houver o desejo de compra. “A importância é a mesma para adquirir um IPhone e não quebra quando cai no chão. Nem precisa ficar atualizando versão”, brinca. “Nossos clientes têm preferência pelas pistolas, porque veem em filmes e também pelo seu design. Além da maior capacidade de tiro. Na minha opinião, as pessoas que não sabem manusear uma arma de fogo deveriam iniciar com um revólver, que requer menos habilidade”, afirmou França. O gestor, entretanto, explica que o forte da empresa são os artigos para caça e pesca, itens com maior margem de lucro. Hoje, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as armas é de 25% no Estado de São Paulo e a do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado pelo governo federal é de 45%, explica. “Só não paramos de vender arma porque é uma tradição da loja”, afirmou. Sobre o decreto, França considera como correto. “O cidadão tem o direito de se defender. O Estado não é onipresente”, encerrou. Ivo Caroba, vendedor da Ao Paraíso dos Pescadores, também do ramo de artigos de caça e pesca, diz que o comércio situado na Rua Saldanha Marinho, no Centro, pretende adicionar armas ao seu portfólio. “Atualmente, temos carabinas de pressão. Mas, como estão ligando muito aqui, provavelmente vamos tirar o alvará necessário para vender armas de fogo”, disse.