ECONOMIA

Cresce o rombo nas indústrias da região

Soma das exportações e importações registra queda de 31,7%

Henrique Hein
11/07/2020 às 11:01.
Atualizado em 28/03/2022 às 21:19
Para o diretor do Ciesp-Campinas, José Nunes Filho, o Brasil precisará passar por uma restauração (Cedoc/RAC)

Para o diretor do Ciesp-Campinas, José Nunes Filho, o Brasil precisará passar por uma restauração (Cedoc/RAC)

A pandemia do novo coronavírus continua provocando efeitos danosos à indústria regional. De acordo com informações do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, as exportações do setor na região caíram 21,8% e as importações apresentaram queda de 12,3% em maio na comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, a corrente de comércio exterior (soma das exportações e importações) em maio deste ano foi de US$ 870,3 milhões, um valor 31,7% menor que o registrado no mesmo mês de 2019. O desempenho apresentado reflete os resultados de uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que revela que entre as empresas brasileiras afetadas pela crise, mais de 40% perderam ao menos metade do valor exportado. O levantamento foi feito entre os dias 2 e 10 de junho e avaliou os dados referentes a abril e maio de 197 empresas internacionalizadas, entre exportadoras, importadoras e que possuem investimentos no exterior. Apesar do quadro negativo, os dados indicam que a queda no valor de exportações desacelerou nos últimos meses: em fevereiro e março o índice de retração nacional foi de 80%, um percentual de 23 pontos maior do que o referente aos meses de abril e maio. Entre as importadoras, a pesquisa informa que sete em cada dez empresas tiveram queda no valor das operações, sendo que 26% das afetadas registram uma retração superior a 50% em maio. Os mercados mais impactados foram a China e os Estados Unidos, onde 58% e 29% dos empreendimentos, respectivamente, indicaram redução nas importações. Segundo José Nunes Filho, diretor do Ciesp-Campinas, o fechamento do comércio, apesar de ser uma medida recomendada para evitar a disseminação da Covid-19, atrapalhou o crescimento da indústria regional em 2020. “A indústria local foi muito afetada, porque a demanda caiu em função do fechamento do comércio. Como a indústria não teve pedidos, ela diminuiu a produção. A pandemia também afetou em termos internacionais, porque o consumo caiu em outros países”, disse ele. Nunes Filho afirmou ainda que todos os setores da região, com exceção ao da agroindústria, registraram perdas significativas em razão da pandemia. “A única coisa que salva é que a maioria dessas empresas tem capacidade de suportar uma crise dessas por muitos meses. Mas, uma parte da cadeira produtiva, que é composta por pequenas, médias e microempresas, sentiram os efeitos”, afirmou o diretor. “Toda a área empresarial está bastante impactada e isso vai reverter em desemprego e queda de empresas menores. Mesmo assim, creio que a indústria vai sofrer menos do que outros setores da econômica, como serviços e comércio”, concluiu. O diretor do Ciesp-Campinas destacou ainda que o Brasil precisará passar por uma restauração após o término da pandemia para evitar grandes problemas econômicos. “Nós vamos sair de uma pandemia e ir para uma crise econômica muito bruta. Vamos precisar de muito crédito e de mudanças na CLT para que as empresas possam voltar a operar e reabrigar as pessoas que estão desempregadas. Vamos precisar também de algumas reformas de maneira rápida, principalmente, uma reforma tributária para que as empresas possam suportar os impactos dessa pandemia.”

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