MERCADO DE TRABALHO

Cresce número de vagas de emprego na RMC em outubro

Comércio é o principal gerador de oportunidades, com 30% do total dos postos

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
01/12/2022 às 08:51.
Atualizado em 01/12/2022 às 08:51
A previsão é de que o número de vagas se mantenha em crescimento até o final do ano com os preparativos do comércio para o Natal; as oportunidades de trabalho, entretanto, devem diminuir no início de 2023 (Rodrigo Zanotto)

A previsão é de que o número de vagas se mantenha em crescimento até o final do ano com os preparativos do comércio para o Natal; as oportunidades de trabalho, entretanto, devem diminuir no início de 2023 (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou em outubro recuperação na oferta de empregos, com o comércio sendo o principal responsável pelo desempenho. Das 4.870 vagas criadas no mês, um terço foi pelo setor, 1.464 postos no total, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Ou seja, o comércio foi responsável por um em cada três empregos criados na RMC.

O resultado de outubro representa um aumento de 41,98% em relação as 3.430 vagas de setembro, quando foi registrado o pior saldo do ano. Porém, representa uma queda de 6,54% em relação aos 5.211 postos gerados no mesmo mês de 2021. Deve se levar em consideração que no segundo semestre do ano passado o país atravessava uma fase de recuperação dos empregos após a crise gerada pela pandemia de covid-19 em 2020, voltando agora a um quadro real marcado pela instabilidade econômica.

No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, a Região Metropolitana de Campinas acumula o saldo de 56.950 novas vagas criadas. O resultado representa alta de 1,06% em relação aos 55.992 postos gerados no mesmo período do ano anterior. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), os dados, apesar de positivos, mostram a baixa qualidade dos empregos criados, o que refletirá no desempenho da economia deste ano e dos próximos meses.

“A baixa qualidade resulta em salários menores, o que não permite um aumento da demanda capaz de criar um ambiente positivo para o crescimento da economia”, diz. Ela explica que o cenário atual é marcado pela queda do poder aquisitivo dos trabalhadores, aumento do endividamento das famílias e sinais do aumento da inflação.

De acordo com a professora de Economia da PUC-Campinas, o desempenho dos empregos em outubro já foi em função do Dia das Crianças e da Black Friday, com o comércio devendo manter a alta representatividade em novembro puxado pelas vendas Natal, época na qual se inicia a abertura de vagas para posições temporárias. Para Rosandiski a indústria, que normalmente paga os melhores salários, atravessa uma fase de queda de performance, o que reflete nas contratações ; “Já há dificuldade nas cadeias de produção e chegada de insumos, além da queda no consumo. Tudo o que desfavorece a indústria faz com que a nossa região sinta com intensidade”, afirma Eliane. A economista lembra que o cenário mundial continua sendo de crise econômica, com as repercussões da guerra entre Ucrânia e Rússia, elevando os valores de certas commodities; e as restrições impostas à China contribuindo para a escassez de componentes eletrônicos.

Na RMC, o setor industrial ficou na quarta colocação na criação de empregos em outubro, com 843 vagas, de acordo com o Novo Caged. Além do comércio, ficou atrás também dos serviços, que gerou 1.196 postos, e da agropecuária (976). A última posição ficou com a construção civil (843).

Cidades

Campinas, maior cidade da RMC, apresentou de saldo em outubro 265 postos de trabalho. “Isso é muito pouco”, diz Eliane Rosandiski. O resultado foi elevado pelo comércio, que gerou 441 vagas, com a indústria ficando em segundo lugar, 159. Já a construção foi responsável por 159 novos empregos no município, com o setor agropecuário gerando cinco vagas. Em oposição às 764 vagas geradas, o setor de serviços teve o fechamento de 432 postos de trabalho no mês.

A comerciária Renata Alves Cardoso representa essa movimentação. Após ficar desempregada logo no início da pandemia de covid-19, em 2020, ela fez cursos profissionalizantes e no segundo semestre deste ano voltou ao mercado de trabalho como controladora de acesso. No entanto, mal completou os três meses de experiência no segmento de serviços e voltou para o comércio em outubro. “Eu não gostei do novo trabalho na empresa de segurança e voltei para o comércio. Eu gosto muito de vendas”, afirma.

Na Região Metropolitana, a liderança na criação de empregos ficou com Holambra, com 997 vagas. O resultado no município foi fortemente influenciado pela agropecuária, que gerou 936 empregos, o equivalente a 93,88% do total. O desempenho também teve influência significativa no desempenho do setor na RMC. Em Holambra, o segundo setor que mais gerou postos foi o de serviço (42), seguido por comércio (9), indústria (8) e construção (2).

A segunda cidade com melhor saldo de vagas foi Valinhos, com 639; e a terceira Sumaré com saldo positivo de 572 vagas. Nesse caso, a abertura de um novo supermercado foi responsável pela geração de 120 postos diretos, o equivalente a 20,98% do saldo total. A nova unidade ocupa uma área de 3,71 mil metros quadrados, contando ainda com uma galeria com 25 lojas, entre lanchonete, farmácia, lojas de roupas femininas e de bijuteria. A filial inaugurada é a 12ª loja da rede de supermercados, que tem 90 anos e atua ainda em outras seis cidades da região - Hortolândia, Indaiatuba, Campinas, Mogi Mirim, Monte Mor e Mogi Guaçu.

De janeiro a outubro de 2022, Sumaré acumula a criação de 4.588 postos de trabalho, com o setor de serviços ocupando o primeiro lugar nas contratações, com 2.776 vagas, o que representa 60,5% do total. O comércio ficou com a segunda colocação, com 1.034 postos (22,5%); seguido pela construção, 361 (7,9%); indústria, 214 (4,7%); e agropecuária, 203 (4,4%). “Nos últimos três meses, buscamos incentivar o desenvolvimento econômico tendo como foco e direcionamento a utilização de mão de obra local. Nesse sentido, temos trabalhado na atração e instalação de novas empresas, bem como realizado ações de fomento, apoio e incentivo ao emprego junto às empresas já existentes”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Caron.

Com o saldo positivo no mês passado, Valinhos acumulou 1.850 novos postos de trabalho em 2022. Em outubro, a cidade teve desempenho positivo em todos os setores econômicos. Do saldo de 639 novas vagas, o comércio foi o setor que mais gerou oportunidades, com 186 empregos, seguido pela indústria (180), construção civil (160), serviços (103) e agropecuária (10). “Essa geração de emprego é muito importante para manter a alta empregabilidade e a produção de receita para o município”, comentou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Rafael Agostinho. O Estado de São Paulo ocupou a primeira posição na geração de empregos no país em outubro, com 60.404 vagas, aponta o Novo Caged. Com o décimo mês consecutivo de alta, o saldo de novas vagas no Estado chega a 657.617 no acumulado do ano. Já em relação aos setores econômicos, o destaque foi para o de Serviços, que garantiu a criação de 37.275 novos postos. Na sequência, estão comércio (14.192), indústria (6.479) e construção (4.106).

Para a economista do Observatório da PUC-Campinas, o quadro atual aponta para queda na oferta de emprego no início de 2023. Isso em função da atividade industrial não ter perspectiva de alta e as dispensas dos funcionários temporários do comércio após a sazonalidade do final de ano. Eliane considera que o novo governo que assumirá em janeiro terá a missão de tentar reverter essa situação sem depender do aumento das exportações, uma vez que a crise mundial afeta o comércio exterior nacional. Para ela, uma alternativa é a adoção de medidas que aumentem o poder aquisitivo da população, o que geraria aumento de demanda e estimularia a indústria, gerando a roda da economia.

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