Ao longo dos últimos três anos, o déficit tem se mantido perto de 10 mil vagas. Em setembro de 2014 eram 10.998 crianças cadastradas à espera de vaga
Conselho Tutelar busca solucionar casos de criança fora das creches (Patrícia Domingos)
Cerca de 8 mil crianças com idades de 0 a 3 anos estão à espera de uma vaga nas creches municipais de Campinas neste mês de setembro. Um problema que se arrasta há anos e que vem se agravando com a crise econômica e desemprego, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Somente este ano, as unidades receberam em torno de 2 mil crianças que migraram de outras redes para a municipal. Na semana passada, a pasta abriu o cadastro para matrículas na Educação Infantil, destinado às crianças com idade de 0 a 5 anos e 11 meses, o que significa que este déficit deve aumentar. Por outro lado, a previsão do Município é criar cerca de mil vagas até o primeiro semestre do ano que vem, com objetivo de amenizar a demanda. Ao longo dos últimos três anos, o déficit tem se mantido perto de 10 mil vagas. Em setembro de 2014 eram 10.998 crianças cadastradas à espera de vaga, em 2015 eram 9.502 e, em 2016, 10.192. O dado parcial nesta segunda semana de abertura de cadastro chega a 8 mil. O cadastro é voltado para os interessados em uma vaga nas escolas de Educação Infantil do município ou entidades conveniadas para 2018. Mesmo as famílias que já realizaram cadastro deverão renová-lo. O prazo segue até 20 de outubro. O cadastramento não garante a vaga, que é disponibilizada de acordo com algumas prioridades, como é o caso de crianças com medidas protetivas, que estão inseridas no Bolsa Família, ou que os pais são deficientes. Quem não está entre as prioridades na maioria das vezes precisa percorrer os caminhos judiciais, como fez a técnica em Meio Ambiente Egisane Gonçalves de Moura, de 35 anos, mãe do Théo, de 1 ano e 7 meses. Ela fez o cadastro do filho em 2016, mas só garantiu a vaga há duas semanas, depois de recorrer à Defensoria Pública. “Ia na escola e falavam que não tinha vaga, que só chamam uma vez por ano. Mas eu precisava deixar ele na creche para ir trabalhar”, contou. Ela então decidiu procurar a Defensoria. Moradora da Vila Mimosa, conseguiu uma vaga na creche do Parque Oziel. A distância a impossibilitou de aceitar a vaga e ela voltou a procurar o órgão, que garantiu que o Théo começasse na escolinha perto de sua casa. “Demorou mais de um ano.” Outro caminho buscado pelas famílias é o Conselho Tutelar, onde a maior parte da demanda é referente a busca por vagas em creches. O conselheiro Rafael Alberto explica que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação coloca como obrigatoriedade a matrícula a partir dos 4 anos. O déficit nessa faixa etária foi zerado em Campinas. Mas a educação também é garantida na faixa etária abaixo dos 4 anos. “A gente tem percebido, principalmente agora com a crise, a migração do ensino particular para o público.” O trâmite do Conselho Tutelar é fazer a requisição para o serviço público e, se a escola não atende, a demanda vai para a Defensoria. A Prefeitura afirma que tem trabalhado em três frentes para suprir a demanda: construção, ampliação de parcerias e reforma de unidades. Desde 2015 foram entregues oito centros de Educação Infantil nos bairros Vila Esperança, Campos Elíseos, Ibirapuera, Bassoli, Porto Seguro, Residencial São José, San Martin e Gleba B. Este ano foram entregues as unidades nos bairros Icaraí e Cruzeiro do Sul. Juntas elas oferecem 2.552 vagas. Além disso, estão em obra unidades nos bairros Abaeté, Parque Eldorado, Nova Aparecida, o que representa mil vagas. A previsão de entrega é o primeiro semestre de 2018. A Educação trabalha em parceria com 44 unidades conveniadas. O diretor pedagógico Luiz Roberto Marighetti afirma que a falta de vaga em creche é o maior gargalo enfrentado na área. “A gestão da secretaria vem trabalhando ano a ano para redução desse déficit.” Presidente do conselho das ecolas municipais, Renato Nucci Júnior, ressalta que uma preocupação é que após a entrega das unidades que já estão planejadas, não há perspectiva de investimento na abertura de novas unidades. SERVIÇO A unidade do Conselho Tutelar da Avenida Francisco Glicério atende as regiões Leste, Sul, Sudoeste, Noroeste às segundas, terças, quintas e sextas, com distribuição de senhas das 8h às 9h30. Já o Conselho que atende a região Norte, na Rua Cândido Gomide, no Jardim Guanabara, atende todos os dias da semana, das 8h às 18h.