METAVERSO

CPQD prepara o país para a chegada da tecnologia 6G

Sexta geração será mil vezes mais rápida que a atual 5G, ainda em implantação

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
22/02/2024 às 08:41.
Atualizado em 22/02/2024 às 08:42
O CPQD tem como meta preparar a infraestrutura para as futuras gerações de redes ópticas, assegurando que essa evolução seja entregue à população, especialmente àqueles que ainda não têm acesso à internet (Divulgação)

O CPQD tem como meta preparar a infraestrutura para as futuras gerações de redes ópticas, assegurando que essa evolução seja entregue à população, especialmente àqueles que ainda não têm acesso à internet (Divulgação)

O CPQD, localizado em Campinas e reconhecido como líder em inovação no campo de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), está empenhado em preparar o Brasil para a chegada da sexta geração da internet, conhecida como 6G. Esta promissora evolução tecnológica, destinada a revolucionar as comunicações pessoais e empresariais, é estimada para ser 1.000 vezes mais veloz que a atual 5G, atualmente em processo de implementação no país. A 6G possibilitará a integração da internet sem fio por meio de sinais de rádio e satélite, facilitando comunicações instantâneas entre dispositivos, consumidores e o ambiente circundante.

Uma das perspectivas mais intrigantes é a criação de um metaverso, um universo virtual que procura replicar ou simular a realidade por meio de dispositivos digitais. Uma aplicação notável seria a evolução dos aplicativos de reunião, através da criação de espaços digitais 3D nos quais avatares (imagens holográficas) dos participantes interagem em tempo real, permitindo a expressão da linguagem corporal. Esse avanço não apenas beneficia os usuários comuns, mas também abre possibilidades para as empresas utilizarem projeções em tamanho real de equipamentos, acelerando o desenvolvimento e possibilitando treinamentos em tempo real para equipes localizadas a milhares de quilômetros de distância, como em Campinas, São Paulo, Califórnia (Estados Unidos), Pequim (China) e Tóquio (Japão).

O CPQD tem como meta preparar a infraestrutura para as futuras gerações de redes ópticas, de transporte e acesso, assegurando que essa evolução seja entregue à população com qualidade, especialmente àqueles que ainda não têm acesso à internet. Esse compromisso é a base do projeto Redes Ópticas de Transporte, Acesso e Xhaul do Futuro (Rota-x), desenvolvido com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), do Ministério das Comunicações, e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O projeto tem duração de três anos e orçamento previsto de R$ 12,1 milhões.

"Na área de redes ópticas de transporte, o objetivo é desenvolver tecnologias para suportar enlaces de alta capacidade, alinhadas a padrões internacionais de aplicação", explicou Rafael Figueiredo, da área de Soluções em Conectividade do CPQD. As novas redes de acesso serão desenvolvidas para geração, multiplexação (combinação de dois ou mais canais de informação), transmissão e recepção de sinais ópticos com capacidade de, no mínimo, 50 gigabytes por segundo (Gbps). 

LABORATÓRIO

O Rota-x prevê ainda o desenvolvimento de tecnologias para convergência entre redes ópticas e sem fio, visando prover infraestrutura para redes móveis (xHaul) 5G e, no futuro, 6G. As pesquisas estão sendo desenvolvidas no laboratório recéminaugurado no CPQD, no qual foram investidos R$ 150 milhões entre recursos próprios e provenientes de projetos com fundos de fomento para pesquisa, desenvolvimento e inovações nas áreas de conectividade e energias renováveis.

A participação do Ministério da Ciência e Tecnologia integra o Projeto Brasil 6G, que visa definir quais os passos necessários para que a futura geração das redes móveis seja capaz de atender as aplicações e as áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico e social do país. "Se você começa a desenvolver diversas tecnologias candidatas ao padrão, e uma delas for escolhida, você já tem o conhecimento no país para desenvolver aquela tecnologia", explicou o secretário-geral do projeto, José Marcos Câmara Brito. A China tem planos para iniciar um projeto-piloto da sexta geração em 2026.

No Brasil, a 5G é 100 vezes mais rápida que a geração anterior disponível. O pico de transmissão é de 1Gbps, enquanto a 6G parte desse valor e chegará até 1 terabyte (1 Tbps). Ou seja, a sexta geração da internet permitiria que um filme de 15 GB, em qualidade Blu-Ray (4K e 1.080 pixels), seja baixado em cerca de 2 minutos em sua velocidade mais baixa. Essa capacidade abre os caminhos para uso de sistemas avançados de educação, telemedicina, cirurgia a distância, cidades inteligentes, automação residencial, empresarial e industrial, ampliando exponencialmente a capacidade de aplicação da Internet das Coisas (IoT) e da Inteligência Artificial (IA).

A latência (tempo gasto com pacote de informações transmitido em frequências) é uma referência que permite dimensionar os avanços com a nova internet. A rede 4G tem latência de cerca de 50 milissegundos, tempo que a 5G reduz para 5 milissegundos. No caso do 6G, o que se espera é que a latência chegue a ser ainda mais baixa, caindo para a faixa de 1 milissegundo a 1 microssegundo, cinco vezes menor em relação a 5G. Isso possibilita transmissões massivas de dados em menos de 1 segundo.

ACESSO UNIVERSAL

Além disso, a integração do sinal de rádio de internet sem fio com o de satélite permitirá que a internet chegue aos rincões do país, hoje desprovidos desse serviço. Para o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o desenvolvimento de tecnologia nacional "é importante para estarmos cada vez mais próximos das grandes empresas globais, para que nos tornemos, em breve, um polo do setor para o mundo." De acordo com ele, os investimentos nessa área fazem parte do compromisso do governo federal de universalização da internet. "Nós temos a missão de levar conectividade significativa a todos os brasileiros e não estamos medindo esforços para alcançar esse objetivo", afirmou.

A UIT (União Internacional de Telecomunicações), liderada pela ONU (Organização das Nações Unidas), quer definir os parâmetros do 6G até o próximo ano, com o uso comercial estando previsto para começar em 2030. No caso do Brasil, a chegada da sexta geração da internet está prevista para daqui a 10 anos, mas o prazo pode ser antecipado.

A implantação da 5G, por exemplo, está adiantada e hoje está presente em 351 municípios brasileiros. O cronograma inicial era que estivesse disponível nas 27 capitais e nos 41 cidades com mais de 500 mil habitantes até julho de 2025. Há um ano e meio em funcionamento no país, a tecnologia 5G já tem mais acessos do que a soma de usuários que ainda usam o 2G e o 3G. Segundo o painel de dados sobre telefonia móvel da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em novembro de 2023 houve 18,9 milhões de acessos à internet mais avançada, enquanto os acessos de 2G e 3G, somados, chegaram a 16 milhões.

A próxima etapa do 5G é chegar aos municípios com mais de 200 mil habitantes até julho de 2026 e nos de 30 mil, três anos depois. Segundo a Anatel, os sinais intermitentes da nova geração e a expansão da rede têm como principais obstáculos atualmente as legislações municipais desatualizadas que impedem a instalação das antenas.

Essas conectividade ainda não está disponível em grande parte do planeta. Em 2022, ela atingiu 1,05 bilhão de pessoas no mundo e a projeção é que chegue a 5,9 bilhões até 2027, de acordo com a 5G Americas, organização composta pelos principais provedores e fabricantes de serviços de telecomunicações dos Estados Unidos. Isso representa 73,75% dos 8 bilhões de habitantes da Terra, segundo cálculo do Departamento de Censo dos Estados Unidos.

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